Tucano estava recluso desde derrota na disputa pela Prefeitura de SP, em 2012
Ex-governador esteve em encontro da cúpula da gestão Alckmin, e voltou a dar entrevistas após 8 meses submerso
Nas últimas quatro semanas Serra reativou contatos com economistas e cientistas políticos de sua confiança, encomendou estudos sobre a situação fiscal do país e colocou na ponta do lápis o impacto de medidas anunciadas pelo governo federal ou pelo Congresso para fazer frente à crise atual.
No último domingo, o tucano participou de uma reunião no Bandeirantes com o governador Geraldo Alckmin, o chefe da Casa Civil, Edson Aparecido, líderes do PSDB na Câmara e no Senado, o presidente estadual da sigla, Duarte Nogueira, e o ex-governador Alberto Goldman.
Foi a primeira vez que Alckmin convocou encontro deste tipo. O grupo avaliou pesquisas internas e discorreu sobre o impacto das manifestações no governo estadual e federal.
Da reunião, saiu o consenso de que Alckmin deverá manter uma agenda de respostas concretas à crise. O anúncio de cortes de gastos, feito semana passada, foi celebrado como exemplo de ótima repercussão --inclusive por se contrapor à postura de Dilma.
Serra, que não falava abertamente desde sua derrota na disputa pela Prefeitura de São Paulo, no ano passado, deu três entrevistas na última semana.
Em todas elas, criticou pontualmente bandeiras erguidas por Dilma --posicionou-se contra o plebiscito e afirmou que a destinação de royalties para a educação não terá impacto a médio prazo.
Nas falas há também críticas à antecipação da campanha eleitoral, "inclusive no PSDB", afirmou, por exemplo, em entrevista ao "Roda Viva", na semana passada.
Hoje, o único nome dos tucanos para 2014 é o do senador Aécio Neves (MG).
A nova postura foi notada por aliados e adversários. "Eu acho muito positivo que o Serra tenha voltado a atuar. Isso é o natural. Estranho era o estado de hibernação", afirmou o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).
Alguns tucanos passaram a informá-lo de pesquisas nas quais é citado. Ontem, por exemplo, soube que um instituto do Paraná incluiu seu nome entre os presidenciáveis.
Interior salva Alckmin de recuo maior em pesquisa
Governador diz que é preciso entender os atos
No cenário da disputa em que o candidato do PT é o ministro Alexandre Padilha (Saúde), as intenções de voto em Alckmin caíram de 52% para 40%, o que ainda lhe daria vitória no primeiro turno.
Se fossem considerados só os votos da capital, porém, Alckmin teria 33%, o que colocaria e disputa dentro da margem de erro para a realização de um segundo turno.
A pesquisa foi finalizada em 28 de junho, com margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos no Estado, e 3 pontos percentuais na capital. A diferença entre capital e interior para Alckmin pode ser percebida nos índices de aprovação da gestão. Na cidade de São Paulo, 31% avaliam seu governo como ótimo ou bom. No interior, a taxa sobe para 43%.
Já a reprovação tem relação inversa. Na capital, Alckmin é ruim ou péssimo para 28%. No interior, para apenas 15%.
Alckmin disse ontem que a sociedade "está insatisfeita com a representação politica. Cabe a nós ter a humildade de ouvir, de compreender essa manifestação e de agir. Não é fazer discurso, é trabalhar, é governar, é cortar gasto, é aumentar investimento".
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que segundo a mesma pesquisa Datafolha perdeu 16 pontos de aprovação em três semanas, comentou: "Na vida real o mandato dos políticos não tem mais quatro anos. Em seis meses, as pessoas querem saber qual é a novidade. A tolerância é muito menor".
Para prefeito e governador, queda reflete insatisfação
Alckmin e Haddad dizem que vão trabalhar mais
"Cabe a todos nós ter a humildade de ouvir, de compreender essa manifestação e de agir. Não é fazer discurso, é trabalhar, é governar, é cortar gasto, é aumentar investimento", declarou ele.
A avaliação positiva do governador foi de 52% em 7 de junho, antes do início das manifestações, para 38%. Alckmin foi criticado pela ação da Polícia Militar, que primeiro agiu com violência durante protestos e depois, diante das críticas, teria reduzido o rigor no combate ao vandalismo.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), que segundo a mesma pesquisa Datafolha perdeu 16 pontos de aprovação em três semanas, comentou: "Na vida real, o mandato dos políticos não tem mais quatro anos. Em seis meses, as pessoas querem saber qual é a novidade. A tolerância é muito menor".
A avaliação positiva do petista recuou de 34% para 18%, e sua reprovação (soma dos julgamentos ruim e péssimo) subiu de 21% para 40%.
À semelhança de Alckmin, Haddad afirmou que a resposta à queda de popularidade é trabalhar mais. "Temos que antecipar cronogramas", disse o prefeito, que vistoriou ontem o funcionamento da faixa exclusiva de ônibus implantada na marginal Pinheiros (zona sul de São Paulo).
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