JANIO DE FREITAS
Cachoeira é a solução
Criou-se a Comissão Parlamentar sem Inquérito; uma solução seria permitir a Cachoeira investigá-la
Quem escreveu ou disse que os políticos não seriam mais os mesmos, a partir do chamado julgamento do mensalão, já está derrubado pelo destino da CPI motivada por Carlinhos Cachoeira. É, nos últimos anos, a obra do mais cínico acobertamento de corrupção movida, como de praxe, por empreiteira de obras públicas -a Delta.
São citados R$ 420 milhões como montante desviado e repassado a políticos e outros. A probabilidade de que a quantia até ultrapasse meio bilhão também é admitida, dado que os primeiros passos de investigação bastaram para indicar. Nem um só centavo do primeiro, do segundo ou de outro montante será investigado.
A tática para imobilizar a CPI consistiu em suspender seus trabalhos, como medida inicial, a pretexto de liberar os integrantes para as campanhas eleitorais. Na volta, a evidente falta de tempo para a tarefa devida exigiu, segundo lance, o pedido de prorrogação da CPI.
A terceira etapa também não falhou: 34 senadores e 223 deputados negaram o prazo necessário. A CPI terá seis semanas para preparar um alegado relatório e outras distrações finais.
Mas não faltou a precaução contra possíveis, embora improváveis, surpresas quanto à prorrogação. Antes mesmo da recusa, a maioria da CPI rejeitou, negando-lhe preferência, a quebra dos sigilos bancários de empresas suspeitas -12 delas tidas como fantasmas e ligadas por movimentações financeiras à Delta. Nessa parte da engrenagem dominada por Cachoeira transitavam as centenas de milhões, com procedência atribuída a cofres públicos -estaduais e federais- e rumo a variadas pontas da corrupção.
PSDB e DEM acusam os governistas pela invalidação da CPI. É farsa esperta. Desde o início da CPI, o PSDB teve o problema de proteger o governador goiano Marconi Perillo, cuja casa foi parar com Carlinhos Cachoeira. A situação complicou-se ainda mais quando o deputado peessedebista Carlos Leréia, pouco antes do recesso da CPI, confirmou ali suas relações bastante próximas com Cachoeira e soltou a informação de costumar visitá-lo no escritório da Delta.
Já por aí o PSDB precisava da imobilidade da CPI. Mas, tanto quanto o PT, o PMDB, o DEM e outros, ainda tinha pela frente uma incógnita inquietante: não saber quem apareceria entre os recebedores, a título ou não de campanha eleitoral, da distribuição de dinheiro ilegal que as quebras de sigilo identificariam.
A CPI, ficou claro, não poderia entrar em todos os retardamentos e desvios que sofreu, desde o início, não fosse a comunhão de interesses e de atitudes entre as principais lideranças partidárias, de um lado e de outro. Os quais, diante dos riscos da investigação, eram um só.
Essa Comissão Parlamentar de Inquérito criou a Comissão Parlamentar sem Inquérito. Uma boa solução seria permitir a Carlinhos Cachoeira investigá-la, com a vocação para uso dos dispositivos de grampeamento e de imagem clandestina. As revelações seriam, no mínimo, tão boas quanto as outras já feitas por Cachoeira. Desde o Valdemiro ao Demóstenes, passando pelo telefone do STF.
São citados R$ 420 milhões como montante desviado e repassado a políticos e outros. A probabilidade de que a quantia até ultrapasse meio bilhão também é admitida, dado que os primeiros passos de investigação bastaram para indicar. Nem um só centavo do primeiro, do segundo ou de outro montante será investigado.
A tática para imobilizar a CPI consistiu em suspender seus trabalhos, como medida inicial, a pretexto de liberar os integrantes para as campanhas eleitorais. Na volta, a evidente falta de tempo para a tarefa devida exigiu, segundo lance, o pedido de prorrogação da CPI.
A terceira etapa também não falhou: 34 senadores e 223 deputados negaram o prazo necessário. A CPI terá seis semanas para preparar um alegado relatório e outras distrações finais.
Mas não faltou a precaução contra possíveis, embora improváveis, surpresas quanto à prorrogação. Antes mesmo da recusa, a maioria da CPI rejeitou, negando-lhe preferência, a quebra dos sigilos bancários de empresas suspeitas -12 delas tidas como fantasmas e ligadas por movimentações financeiras à Delta. Nessa parte da engrenagem dominada por Cachoeira transitavam as centenas de milhões, com procedência atribuída a cofres públicos -estaduais e federais- e rumo a variadas pontas da corrupção.
PSDB e DEM acusam os governistas pela invalidação da CPI. É farsa esperta. Desde o início da CPI, o PSDB teve o problema de proteger o governador goiano Marconi Perillo, cuja casa foi parar com Carlinhos Cachoeira. A situação complicou-se ainda mais quando o deputado peessedebista Carlos Leréia, pouco antes do recesso da CPI, confirmou ali suas relações bastante próximas com Cachoeira e soltou a informação de costumar visitá-lo no escritório da Delta.
Já por aí o PSDB precisava da imobilidade da CPI. Mas, tanto quanto o PT, o PMDB, o DEM e outros, ainda tinha pela frente uma incógnita inquietante: não saber quem apareceria entre os recebedores, a título ou não de campanha eleitoral, da distribuição de dinheiro ilegal que as quebras de sigilo identificariam.
A CPI, ficou claro, não poderia entrar em todos os retardamentos e desvios que sofreu, desde o início, não fosse a comunhão de interesses e de atitudes entre as principais lideranças partidárias, de um lado e de outro. Os quais, diante dos riscos da investigação, eram um só.
Essa Comissão Parlamentar de Inquérito criou a Comissão Parlamentar sem Inquérito. Uma boa solução seria permitir a Carlinhos Cachoeira investigá-la, com a vocação para uso dos dispositivos de grampeamento e de imagem clandestina. As revelações seriam, no mínimo, tão boas quanto as outras já feitas por Cachoeira. Desde o Valdemiro ao Demóstenes, passando pelo telefone do STF.
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