Só a Lampions League salva
Atualmente nem o Pacheco tem mais motivos para se ufanar deste país. Creio que nem a Velhinha de Taubaté
Amigo torcedor, amigo secador, só a Lampions League salva a essa altura da barbárie. É assim que o empolgante torneio do país é chamado nas melhores bodegas da região e nas redes sociais. A Lampions que tem o Asa de Arapiraca e o Campinense na disputa. Passaram por cima de Bahia, Vitória, Sport, Santa Cruz, Fortaleza, Ceará, as potências favoritas.
No contraponto da Lampions, a lambança e o jangucismo escancarado. Como se ufanar desse país, meu caro conde Afonso Celso? Nem o Pacheco tem mais motivos. Creio que nem mesmo a Velhinha de Taubaté se viva fosse. A respeitável senhora, não sei se você lembra da personagem de Luis Fernando Veríssimo, acreditava piamente no governo Sarney, entre outras assombrações da velha ou nova República.
Repare só o que temos que ouvir, camarada: "Eu já empurrei jogador para a seleção brasileira, dando comissão", disse o presidente do Sport do Recife, Luciano Bivar, em entrevista à rádio Transamérica. Como se fosse a coisa mais corriqueira do mundo. Sem susto. Como quem comenta banalmente sobre o tempo.
O cartola falava de Leomar, bravo volante da canarinha na era do técnico Leão, início dos 2000. No comando da CBF, ele, Ricardo Teixeira. Todo mundo nega. O deputado Romário (PSB-RJ), porém, está empolgado. A confissão confirma o que sempre denunciou: o cartel das convocações. Quer CPI urgente.
É crise técnica -não temos time- e lama moral no pescoço, como na tempestade de ontem em São Paulo. Na direção dos trabalhos, um José Maria Marin que foge como o diabo de perguntas sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog. É suspeito de colaborar com a ditadura militar no episódio. Veja o perfil, dona Dilma, do homem da Copa-14. Quero ver é agora.
Só a Lampions salva. Repare também, amigo, no comportamento das uniformizadas nas viagens com seus clubes na Libertadores. Vai a do Corinthians e provoca aquela tragédia de Oruro. Vai a do Palmeiras e dá vexame no aeroporto de Buenos Aires.
Agora uma rápida vinheta histórica. Em rolê recente com Mano Brown pela cidade, ele me lembrava da importância política que já tiveram as organizadas, como a Jovem, do Santos, time do rapper. Corta para uma cena de 1979: a torcida abre faixa gigante no Pacaembu pela "Anistia ampla, geral e irrestrita". A PM imediatamente reprimiu alguns responsáveis pelo protesto. Quero ver é agora. Isso bem antes de outro movimento importante, a Democracia Corintiana, com doutor Sócrates e grande elenco, nos anos 1980.
Só a Lampions salva. E se o Asa for campeão, como previsto na música do Chico e do Francis Hime? A Raposa é osso e quer o título.
O primeiro embate é amanhã, na terra do Fumo. Aí sim é um torneio onde os fracos não têm vez.
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