Em palestra na Faculdade de Direito da
UFMG, Maria do Rosário condena atitudes tidas como homofóbicas e
racistas em ritos de passagem, e pede indignação contra esses atos
Felipe Canêdo
Estado de Minas: 12/04/2013
Ainda no
rescaldo das discussões sobre o trote controverso da Faculdade de
Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), centenas de
estudantes, professores e pessoas interessadas no tema assistiram ontem a
uma palestra da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República, Maria do Rosário. O evento fez parte da
campanha promovida pela reitoria, “Trote não é legal”. A ministra
reiterou sua posição de repúdio a atitudes homofóbicas e racistas e
destacou que o debate sobre esse trote pode orientar o sistema
educacional de todo o país no enfrentamento a essas questões. “O
principal é que a universidade está fazendo essa reflexão, ela está
repercutindo em todo o Brasil, e o Brasil mostrou que também não aceita
isso”, afirmou.
A ministra Maria do Rosário pediu celeridade e
seriedade na apuração do episódio ocorrido em 12 de março. A comissão de
sindicância formada pela UFMG deve divulgar pelo menos um parecer sobre
o trote na semana que vem, mas pode adiar por um mês a conclusão de
seus trabalhos. Muito aplaudida, ela disse que é necessário repensar os
valores que os trotes propagam no Brasil e disse ser preciso dar outro
significado a esses ritos de passagem, para que atitudes como a dos
estudantes presentes nesse caso não sejam encaradas com normalidade.
O
deputado federal e ex-ministro dos Direitos Humanos Nilmário Miranda
(PT-MG) lembrou a história de um skinhead que divulgou foto na internet
tentando enforcar um morador de rua. Ele disse que atitudes como essa
atentam contra os direitos humanos na cidade. Matéria publicada no EM
ontem apontou ligação entre o acusado e um dos estudantes que aparecem
em uma foto do trote da UFMG fazendo o gesto de saudação nazista,
enquanto um aluno está amarrado a uma pilastra. “Isso é crime, e essas
pessoas têm que ser punidas”, disse Nilmário. A ministra Maria do
Rosário defendeu que o conceito de direitos humanos vem sendo distorcido
e argumentou que ele não representa somente o direito do cidadão não
ser violentado, verbal e fisicamente, mas congrega uma série de
direitos que devem garantir uma vida digna a todos.
A
vice-reitora Rocksane de Carvalho Norton explicou que os trotes já são
proibidos e que a universidade lançou a campanha contra eles antes do
episódio da Faculdade de Direito, que ocorreu poucos dias depois. “Esse
trote foi muito emblemático porque tocou em assuntos muito caros na
sociedade brasileira”, disse ela. O coordenador-geral do Diretório
Central dos Estudantes (DCE), Jorge Mairink, de 21 anos, afirmou que a
entidade repudia todas as atitudes racistas e homofóbicas ocorridas no
trote e está atenta para que todos os envolvidos sejam punidos de forma
justa.
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