terça-feira, 14 de maio de 2013

Aécio precisa cativar o eleitor de SP, afirma senador tucano Aloysio Nunes

folha de são paulo

Aliado de Serra não dá como certa escolha do mineiro para disputar o Planalto
'Somos um eleitorado em busca de um partido', diz Aloysio Nunes, para quem faltam ao PSDB comando e formulação
FERNANDO RODRIGUESDE BRASÍLIA
O senador Aloysio Nunes Ferreira Filho (PSDB-SP) acha que o pré-candidato a presidente pelo seu partido, o também senador Aécio Neves (MG), "precisa conquistar o eleitorado de São Paulo, precisa ter na sua campanha eleitoral, se for candidato a presidente, uma mensagem que cative o eleitorado de São Paulo, o eleitorado do PSDB".
Eleito em 2010 com 11 milhões de votos, Aloysio Nunes, 68, disse ontem em entrevista à Folha e ao UOL que o PSDB "converge para a candidatura de Aécio Neves", mas não dá essa escolha como fato consumado.
Se o mineiro Aécio não for candidato, quem poderia ser? "Há outros nomes bons no partido, mas eu não quero aqui fazer esse tipo de especulação no momento. Mas há muitos nomes."
Nas declarações, o senador não demonstra grande entusiasmo pela candidatura de Aécio, mas tampouco produz comentários derrogatórios.
Confrontado com a pouca animação do PSDB de São Paulo sobre o seu colega mineiro, Aloysio responde: "Quem é que está fazendo obstáculo na seção paulista à candidatura do Aécio Neves? Ninguém, rigorosamente ninguém. Algum obstáculo, alguém que diga não quero Aécio Neves, vou me opor a ele, vou à convenção me opor a ele? Ninguém".
No sábado, os tucanos devem eleger Aécio para a presidência nacional do PSDB, numa convenção em Brasília. Aloysio estará presente e faz recomendações à legenda.
"O partido [PSDB] é um partido forte, e um eleitorado forte. Talvez o eleitorado ainda mais forte do que o partido. (...) Em grande medida, nós somos um eleitorado em busca de um partido. Falta-nos um pouco mais de organicidade e de capacidade de comando e de formulação."
Em uma crítica a colegas tucanos, Aloysio classificou de "cretinismo parlamentar" a posição de alguns membros do PSDB que preferiram eleger Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado neste ano. "Pessoas falam uma coisa e fazem outra. Eu fiquei muito contrariado."
Indagado sobre como será o comportamento do tucano José Serra a respeito de Aécio, Aloysio chega a demonstrar irritação. "Eu não sou porta-voz de José Serra."
Duas vezes candidato do PSDB a presidente, em 2002 e 2010, Serra tem emitido sinais de insatisfação com a candidatura de Aécio. Não é certa a sua presença neste sábado na convenção do PSDB.
"Ele [Serra] não tem nenhum poder de vetar ou de impulsionar nenhuma candidatura. Ele está, como dizem os franceses, na reserva da República. E tem o tempo dele de avaliar, de pensar, de sentir novamente onde ele vai se inserir no processo político", afirma Aloysio Nunes, amigo pessoal de Serra.
No PSDB paulista há especulações a respeito do futuro de Serra. Ele estaria esperando a chance de ser ele próprio candidato a presidente, pelo PSDB ou por outra legenda. Ou poderia estimular o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a ser o nome tucano na corrida pelo Planalto, tirando Aécio do páreo. Nesse cenário, Serra disputaria o Palácio dos Bandeirantes.
"Eu acho uma hipótese cerebrina. É uma hipótese de ficção política, sinceramente", rebate Aloysio Nunes.
Liberal, o senador paulista acha que a campanha de 2014 não pode girar em torno de temas como aborto ou drogas. Ele se declara favorável à descriminalização do uso de drogas, da flexibilização da lei sobre o aborto e defende o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

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