Um professor de literatura grega
ESTÊVÃO BERTONIDE SÃO PAULOTodo mundo insistia com Antonio Medina Rodrigues para que fosse à Grécia. "Conhecia mais a Grécia do que muito grego", brinca a mulher, Maria Eugênia, professora aposentada. Mas ele não foi. O pavor de avião o impediu.Paulistano, filho de espanhóis, fez letras na USP e, antes mesmo de concluir a faculdade, já dava aulas de português e literatura. Lecionou no Curso de Madureza Santa Inês, no Anglo e no Objetivo.
Concluiu mestrado, doutorado e livre-docência em grego e realizou um sonho do início da carreira, como lembra a mulher: dar aulas na USP. Na instituição, foi professor de língua e literatura grega.
Poeta, ensaísta e crítico literário, traduziu do grego "As Aves" e "Lisístrata ou a Greve do Sexo", de Aristófanes, e "O Cântico dos Cânticos de Salomão", trabalho que demorou dois anos e meio para concluir.
Editou ainda a tradução de Manuel Odorico Mendes para a "Odisseia" e publicou, entre outros, "As Utopias Gregas".
Era bonachão o tempo inteiro, como lembra a mulher. Em sala de aula, às vezes se punha a cantar --o que fez, certa vez, no programa de Hebe Camargo, roubando a cena.
Leitor voraz, muitas vezes ia almoçar com o filho num restaurante alemão e voltava para casa com sacolas de livros sobre o idioma. Em casa, onde mantinha cerca de 10 mil obras, construiu dois quartos para guardá-las. Até os corredores eram aproveitados.
Colaborou com esta Folha e com "O Estado de S. Paulo" e deu cursos na Casa do Saber. Estava aposentado na USP.
Morreu anteontem, aos 72 anos, em decorrência de uma falência renal. Deixa viúva, três filhos e quatro netos.
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