DE SÃO PAULO
Esta é a opinião de dois dos principais escritores da literatura infantojuvenil do Brasil. Pedro Bandeira ("A Droga da Obediência"), autor que mais vendeu livros para este público no país, e Heloisa Prieto ("1001 Fantasmas"), que escreve suspense para crianças, participaram da "Roda da Folhinha", no último sábado, no MAM (parque Ibirapuera), em São Paulo.
Eles conversaram com as crianças da plateia e com Laura Mattos, editora da "Folhinha", Gabriela Romeu, editora-assistente do caderno até 2011, e Raquel Cozer, colunista de literatura da Folha. O evento faz parte das celebrações do aniversário de 50 anos da "Folhinha".
Apu Gomes/Folhapress | ||
Heloisa Prieto e Pedro Bandeira, autores de livros infantojuvenis, participam da "Roda da Folhinha", no sábado, no MAM |
"Não acredito em faixa etária. Dizer que um livro é para crianças mais velhas só porque tem palavras difíceis impede o leitor de desenvolver um português melhor", afirmou Heloisa Prieto.
Para Pedro Bandeira, a sugestão de idade não tem relação com a linguagem. "Livros como 'Harry Potter' estão cheios de palavras difíceis, mas são um sucesso entre as crianças. A classificação tem a ver com o emocional. Se a história não tiver relação com a emoção da criança, ela perderá o interesse", disse.
O bom senso dos pais e professores é importante, defenderam os escritores, mas a capacidade da criança para escolher o que ler não deve ser subestimada. "Se ela achar que ainda não é hora, vai largar o livro. Não precisa proibir", acredita Heloisa.
Quando pequeno, Pedro Bandeira não podia ler Monteiro Lobato ou gibis. "Lia escondido, era uma maneira de fazer a coisa errada."
Fotomontagem | ||
Laura (esq.) e Ana Michelina, ambas de 9 anos, compareceram ao encontro com os autores infantis |
De tanto ler, começou a também escrever. "A Droga da Obediência", seu maior best-seller, despertou a curiosidade de Fernanda, 9, que estava na plateia e quis saber como surgiu a história.
"Eu estava com muita dor de cabeça e descobri que o laboratório que fabricava meu remédio tinha parado de produzi-lo. Percebi que os laboratórios tinham muito poder sobre nós, só faltava fazer uma droga que nos obrigasse a obedecê-los", respondeu.
Os Karas, protagonistas do livro, devem voltar."O novo livro já está pronto. Não posso dizer mais nada."
O autor voltou a criticar "Xuxa em o Mistério de Feiurinha", baseado em sua obra. "É o pior filme da história. Dá medo. Xuxa tem dinheiro para fazer o filme, mas talento não." Luisa, 11, também não gosta das adaptações. "Com o livro, você imagina. O filme tira o poder da imaginação."
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