Amigo torcedor, amigo secador, esqueça o escrete canarinho que joga amanhã com a França, esqueça a transação milionária do Neymar para o Barça, esqueça a queda do segundo técnico do Flamengo neste ano, esqueça a demissão de Muricy no Santos, esqueça o coro da torcida tricolor pelo seu ex e eterno técnico, esqueça, nada disso tem importância diante do desabafo do mais freudiano dos nossos coronéis, o Edson Pimenta, técnico da Portuguesa.
O problema da insatisfação na arquibancada é a falta de sexo. Eis o diagnóstico do coronel Pimenta diante de protestos de fanáticos lusitanos no empate de 1 x 1 contra o Inter de Dunga.
Freudiano é pouco. Diria que um autêntico discípulo de Wilhelm Reich, o homem que rompeu com Freud porque pensava ainda mais naquilo do que o mestre. Isso: um militar reichiano. Talvez o único. Das exclusividades terrenas da Lusa.
Sem tesão não há solução, como diria o escritor e terapeuta Roberto Freire da corrente somaterapia.
O coronel parece acreditar nesse princípio. Aspas: "Não estou falando de toda torcida da Portuguesa, mas sim de uma meia dúzia de... Eles não têm ambiente e não gostam de fazer sexo".
No que fiquei refletindo com a Bic na orelha: talvez não façam sexo por causa da situação da Lusa, na brochante (ou broxante, os dicionários permitem os dois) situação na tabela. Sim, existe relação direta, aí volto à minha psicologia de boteco, entre a performance do time e o comportamento sexual da torcida.
Tem até uma daquelas malucas pesquisas americanas para sustentar a parada. Segundo estudos da Universidade da Georgia, quando o clube do macho vai bem no campeonato, ele vira o rei do kama-sutra, vira o Pelé do tantra, o rei do sexo, mesmo com a sua legítima esposa de 20 anos de casamento.
Diante de uma vitória em campo, a libido masculina aumentaria em até 27%. Ô glória.
É bom para o moral, amigo. Nada como um Brasileirão atrás do outro para comprovarmos, na prática, rodada a rodada, o que diz a psicologia barata. Como estou na zona de rebaixamento e sem perspectiva, imagina como andam as coisas lá em casa. Um miserável 0 x 0.
Melancólicos domingos sem ousadia nem alegria, para lembrar o mantra da chuteira do menino que se foi da Vila mais famosa do mundo.
Homem que é homem gosta mesmo é do seu time do peito, mas transferindo a tese para os torcedores amadores que curtem a canarinha, imagina como anda a moral sexual dos brasileiros. Lá embaixo, obviamente, como a seleção da CBF no ranking da Fifa.
Tudo pode começar a mudar amanhã, quem sabe. Meu corvo Edgar, o maior agourento do futebol, duvida: "Além de vira-lata, hoje em dia também somos brochas".
Não exagera, não se reprima, minha estimada avezinha, sinto que neste domingo o Brasil se livra da maldição francesa que há tempos nos domina.
Xico Sá, jornalista e escritor, com humor e prosa, faz a coluna para quem "torce". É autor de "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea" e "Chabadabadá - Aventuras e Desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha", entre outros livros. Na Folha, foi repórter especial. Na TV, participa dos programas "Cartão Verde" (Cultura) e "Saia Justa" (GNT). Mantém blog e escreve às sextas, a cada quatro semanas, na versão impressa de "Esporte".
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