Ana Clara Brant
Estado de Minas: 11/08/2013
Marieta Severo gostou tanto da comédia de Betse de Paula que ajudou na preparação do elenco e na produção |
Entre uma garfada e outra de seu almoço/jantar (um sanduíche com batatas fritas), que ela devorou por volta das 18h, em um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro, Marieta Severo conversou animadamente com a reportagem do Estado de Minas. “Desculpe falar com você de boca cheia (risos). Mas é que estou faminta”, declarou como qualquer mortal. Apesar de ser uma das grandes divas da televisão, do teatro e do cinema, a atriz de 66 anos é gente como a gente. Transforma uma entrevista formal em bate-papo descontraído. Como se fosse uma conversa com uma velha conhecida ou aquela parente que não vê há tempos.
Em fase de divulgação do seu novo filme, Vendo ou alugo – que estreou na sexta-feira em 179 salas de 54 praças –, Marieta está em lua de mel com o longa-metragem, que tem direção de Betse de Paula. “Tudo nesse filme foi tão prazeroso. E não é balela dizer isso. Porque as pessoas sempre dizem: ‘Nossa, foi um prazer fazer tal trabalho.’ Mas nesse caso foi mesmo. Tudo deu certo; foi uma bênção”, frisa.
Na produção, ela vive Maria Alice, moderna senhora que fuma maconha, vende docinhos eróticos e mora com a mãe (Nathália Timberg), a filha (Silvia Buarque) e a neta (Beatriz Morgana) em um casarão no pé de um morro, no Leme, Rio. A família, que já foi riquíssima, está afundada em dívidas e só há uma solução para escapar da falência: tentar vender a casa antes que ela vá a leilão. Resta saber se a chegada da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) à favela vai ajudar ou atrapalhar a venda da mansão.
Além de protagonista, Marieta é creditada como produtora associada e preparadora de elenco de Vendo ou alugo. “A Betse fez isso? Colocou meu nome como preparadora. Só a Betse mesmo (risos). Mas, na verdade, é que eu entrei nessa empreitada bem antes dos outros. E quis estar no filme desde o começo. Dei palpites, sugeria coisas e até objetos para colocar em cena. Minha participação como produtora e ‘preparadora’ foi mais nesse sentido”, explica.
Campeão de bilheteria?
O longa deve atrair fácil 1 milhão de espectadores, assim como tem ocorrido com várias produções do gênero no país. No entanto, Marieta Severo faz questão de frisar que sua preocupação não é com a bilheteria nem com o mercado. E que o importante é contar uma boa história. “Não gosto de trabalho que tenha um olhar direto para a bilheteria. Quando aceito algum projeto, não fico pensando: ah, isso vai ter audiência, ou isso vai atingir milhões de pessoas. Não me preocupo com mercado. O único mercado com que me preocupo é aquele em que compro tomate (risos). Mas é claro que o público é importante. E o público é uma caixinha de surpresas. E é isso que é precioso”, destaca ela, que estreou como atriz no cinema, em Society baby doll, em 1965. “Eu era garota da Zona Sul, vivia na praia, mas já estudava Teatro no Tablado. Um dia, fui acompanhar uma amiga em um teste e acabei sendo convidada pelo diretor Luiz Carlos Maciel para um papel nesse filme”, lembra.
Tendo pai e avós mineiros, da tradicional família Severo da Costa, de Varginha, Marieta comenta sobre a nova fase do cinema nacional e expõe seu ponto de vista sobre o fenômeno das comédias. “São filmes bons que, por acaso, têm muito humor. E praticamente todos fazem sucesso. O brasileiro tem olhar bem-humorado para tudo. Sempre foi assim. Começou na chanchada. O humor é poderoso porque ele vai a lugares a que o drama não consegue chegar. Particularmente, não tenho restrição a nenhum tipo de humor”, pontua.
Intérprete há 13 anos da querida dona Nenê, no seriado A grande família, a artista carioca revela que, vez por outra, algum fã cobra dela outro personagem na televisão. Mas, de maneira geral, o público nutre imenso carinho pela matriarca da família Silva. “Não sinto falta de fazer outra coisa. Até porque tenho projetos diferentes no cinema e no teatro. Mas, apesar de ser o mesmo personagem, a vida é muito dinâmica. Não sou a mesma de 13 anos atrás e, certamente, Nenê também não”, diz.
Fique ligado
Incêndio a caminho
Além de continuar na pele de dona Nenê, em setembro Marieta Severo estreia a peça Incêndios, com direção do companheiro Aderbal Freire Filho, no Teatro Poeira, no Rio, espaço que criou e mantém com a amiga e parceria Andrea Beltrão. O espetáculo, do dramaturgo libanês Wajdi Mouawad, terá oito atores em cena e não é “propriamente uma peça sobre a guerra, e sim sobre promessas que não são cumpridas, sobre tentativas desesperadas de consolo e sobre maneiras de permanecer humano num contexto desumano”. “Estou superempolgada com esse projeto. Ele cria suspense em cena e vai envolvendo você. Vai ser bem bacana”, avisa a atriz.
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