Márcia Maria Cruz
Estado de Minas: 25/11/2012
A retirada de cursos ligados às áreas de ciências humanas e biológicas do Programa Ciência sem Fronteiras causou rebuliço entre estudantes de universidades públicas e privadas em todo o Brasil. As chamadas em aberto para os intercâmbios que serão realizados no ano que vem deixaram de fora, de acordo com levantamento feito por um grupo de estudantes, 24 cursos, entre os quais cinema de animação, rádio e televisão, comunicação social, enfermagem, fisioterapia, psicologia, sistema e mídias digitais, biblioteconomia, ciências da informação, gestão da informação e documentação.
Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff informou que estão abertas 18 mil vagas para bolsas de estudo para universidades parceiras do programa. A meta do governo é mandar até 2014, 101 mil estudantes ao exterior.
Grande parte dos cursos estava no guarda-chuva de indústria criativa, uma das 18 áreas determinadas como prioritárias pela Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), instituições de fomento, ligadas, respectivamente, ao Ministério da Educação (MEC) e ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Foram apresentadas as chamadas para graduação sanduíche na Austrália, Alemanha, Canadá, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Hungria, Itália, Japão, Portugal, Reino Unido e Suécia. As inscrições vão até 14 de janeiro e a previsão é de que os bolsistas iniciem as atividades no exterior a partir de meados de 2013.
A mudança nas chamadas fez com que os estudantes criassem no Facebook a página Ciências sem Fronteira (www.facebook.com/CienciaComFronteiras), um trocadilho ao nome do programa para demonstrar que muitos alunos ficarão de fora. Quarenta e oito horas depois de criada, a página contava com quase 1,8 mil seguidores. Na sexta-feira, os estudantes entraram com uma ação civil na Procuradoria da República de Fortaleza (CE), com assinaturas de 400 pessoas que se sentiram lesadas com a mudança. A principal queixa é a falta de sinalização por parte da Capes/CNPq quanto às alterações. Os estudantes reclamaram de terem investido recursos em provas de proficiência e cursos preparatórios para esses testes.
A estudante de fisioterapia da USP de Ribeirão Preto Takae Tamy Kieabatake, de 23 anos, foi surpreendida com a informação de que seu curso não seria mais contemplado pelo programa. A jovem se prepara há seis meses para tentar uma vaga em uma universidade no exterior. “Paguei curso de inglês e estou com exame de proficiência marcado para 7 de dezembro”, afirmou. Para se preparar, ela investiu cerca de R$ 1,4 mil.
“A mudança é muito injusta. Não avisaram a gente antes. Muitas pessoas estavam se preparando e daí vem a alteração, do nada, no edital.” Na página oficial do programa (www.cienciasemfronteira.gov.br) não há nenhum aviso sobre as mudanças na área de indústria criativa e por que elas estão sendo implementadas.
A retirada dos cursos, na opinião do estudante de comunicação social Luís Felipe Sá, de 22, representa uma desvalorização da área de humanas. “Tecnologia e inovação não consistem apenas na construção de máquinas e prédios”, diz, em alusão à prioridade que o programa dá aos cursos de engenharia. Luís Felipe faz parte do grupo que está promovendo o debate sobre o tema nas mídias sociais.
INTERCÂMBIO RICO O Programa Ciência sem Fronteiras fomenta o processo de internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio na graduação, incluindo a modalidade de tecnólogo, e pós-graduação, do doutorado ao pós-doutorado.
O programa atua em duas frentes: uma possibilita que estudantes brasileiros mantenham contato com sistemas educacionais competitivos e façam estágio no exterior em áreas de tecnologia e inovação; a outra permite que pesquisadores do exterior atuem nas universidades brasileiras.
A Capes informou que não houve retirada de cursos, apenas uma delimitação da área de indústria criativa de acordo com as vagas ofertadas no exterior. Porém, não foi informado quais cursos foram mantidos ou passaram a fazer parte do rol. Os interessados em fazer a graduação sanduíche se inscrevem no programa e participam de processo seletivo na instituição de ensino à qual estão vinculados. Um dos critérios para a aceitação nas escolas do exterior é o domínio do idioma do país em que se pretende estudar.
O estudante de comunicação Breno Castro de Barcellos, de 20, deverá ir para De Montfort, no Reino Unido, no próximo semestre. Ele lembra que a área de humanas era contemplada, pois as chamadas possibilitavam cursos diversos concorrerem à área de indústria criativa. Com todos os trâmites legais resolvidos e já com a aceitação da universidade, Breno está preparando as malas. Por pouco a mudança não jogou por terra os planos do estudante. O programa cobre todos os custos da viagem, desde o deslocamento à compra de material didático, passando por auxílios para alimentação e moradia. “É uma oportunidade ímpar de estudar em universidades bem conceituadas e aprimorar a proficiência em algum idioma”, pontua.
Enquanto isso... qualificação exigida está aquém
Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff informou que estão abertas 18 mil vagas para bolsas de estudo para universidades parceiras do programa. A meta do governo é mandar até 2014, 101 mil estudantes ao exterior.
Grande parte dos cursos estava no guarda-chuva de indústria criativa, uma das 18 áreas determinadas como prioritárias pela Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), instituições de fomento, ligadas, respectivamente, ao Ministério da Educação (MEC) e ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Foram apresentadas as chamadas para graduação sanduíche na Austrália, Alemanha, Canadá, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Hungria, Itália, Japão, Portugal, Reino Unido e Suécia. As inscrições vão até 14 de janeiro e a previsão é de que os bolsistas iniciem as atividades no exterior a partir de meados de 2013.
A mudança nas chamadas fez com que os estudantes criassem no Facebook a página Ciências sem Fronteira (www.facebook.com/CienciaComFronteiras), um trocadilho ao nome do programa para demonstrar que muitos alunos ficarão de fora. Quarenta e oito horas depois de criada, a página contava com quase 1,8 mil seguidores. Na sexta-feira, os estudantes entraram com uma ação civil na Procuradoria da República de Fortaleza (CE), com assinaturas de 400 pessoas que se sentiram lesadas com a mudança. A principal queixa é a falta de sinalização por parte da Capes/CNPq quanto às alterações. Os estudantes reclamaram de terem investido recursos em provas de proficiência e cursos preparatórios para esses testes.
A estudante de fisioterapia da USP de Ribeirão Preto Takae Tamy Kieabatake, de 23 anos, foi surpreendida com a informação de que seu curso não seria mais contemplado pelo programa. A jovem se prepara há seis meses para tentar uma vaga em uma universidade no exterior. “Paguei curso de inglês e estou com exame de proficiência marcado para 7 de dezembro”, afirmou. Para se preparar, ela investiu cerca de R$ 1,4 mil.
“A mudança é muito injusta. Não avisaram a gente antes. Muitas pessoas estavam se preparando e daí vem a alteração, do nada, no edital.” Na página oficial do programa (www.cienciasemfronteira.gov.br) não há nenhum aviso sobre as mudanças na área de indústria criativa e por que elas estão sendo implementadas.
A retirada dos cursos, na opinião do estudante de comunicação social Luís Felipe Sá, de 22, representa uma desvalorização da área de humanas. “Tecnologia e inovação não consistem apenas na construção de máquinas e prédios”, diz, em alusão à prioridade que o programa dá aos cursos de engenharia. Luís Felipe faz parte do grupo que está promovendo o debate sobre o tema nas mídias sociais.
INTERCÂMBIO RICO O Programa Ciência sem Fronteiras fomenta o processo de internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio na graduação, incluindo a modalidade de tecnólogo, e pós-graduação, do doutorado ao pós-doutorado.
O programa atua em duas frentes: uma possibilita que estudantes brasileiros mantenham contato com sistemas educacionais competitivos e façam estágio no exterior em áreas de tecnologia e inovação; a outra permite que pesquisadores do exterior atuem nas universidades brasileiras.
A Capes informou que não houve retirada de cursos, apenas uma delimitação da área de indústria criativa de acordo com as vagas ofertadas no exterior. Porém, não foi informado quais cursos foram mantidos ou passaram a fazer parte do rol. Os interessados em fazer a graduação sanduíche se inscrevem no programa e participam de processo seletivo na instituição de ensino à qual estão vinculados. Um dos critérios para a aceitação nas escolas do exterior é o domínio do idioma do país em que se pretende estudar.
O estudante de comunicação Breno Castro de Barcellos, de 20, deverá ir para De Montfort, no Reino Unido, no próximo semestre. Ele lembra que a área de humanas era contemplada, pois as chamadas possibilitavam cursos diversos concorrerem à área de indústria criativa. Com todos os trâmites legais resolvidos e já com a aceitação da universidade, Breno está preparando as malas. Por pouco a mudança não jogou por terra os planos do estudante. O programa cobre todos os custos da viagem, desde o deslocamento à compra de material didático, passando por auxílios para alimentação e moradia. “É uma oportunidade ímpar de estudar em universidades bem conceituadas e aprimorar a proficiência em algum idioma”, pontua.
Enquanto isso... qualificação exigida está aquém
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