Ministro das Finanças indiano, Palaniappan Chidambaram, justifica subsídio ao diesel
A Índia vem sendo ameaçada de rebaixamento pelas agências de risco, caso não reduza seu deficit, hoje em 6%. O governo anunciou aumento gradual no preço do óleo diesel, mas a medida foi considerada insuficiente.
À Folha, Chidambaram disse que correções serão feitas de tempos em tempos, mas subsídios para combustíveis são essenciais para conservar as florestas do país.
A visão contraria a posição de muitos economistas, de que subsídios estimulam o consumo de combustível fóssil e inibem o desenvolvimento de energia limpa.
Ao lado de Rahul Gandhi, Chidambaram é cotado para ser o próximo premiê do país, caso o Partido do Congresso se mantenha no poder.
Palaniappan Chidambaram - Em um país em desenvolvimento, subsídios para alimentos, fertilizantes e combustíveis são inevitáveis. Aumentamos o preço das passagens de trem [dias depois da entrevista, anunciaram aumento gradual no óleo diesel]. Combustível precisa ser subsidiado num país que quer conservar suas florestas, senão as pessoas vão cortar as árvores para madeira.
Como é possível conciliar subsídios para combustíveis e redução do deficit?
Algumas correções de preços precisam ser feitas de tempos em tempos para conter o deficit. Mas num país em desenvolvimento você não pode ter como meta o deficit zero, senão você vai crescer a taxas muito baixas. Precisamos ter a habilidade de tomar emprestado -a próxima geração vai poder pagar a dívida. Até o Tratado de Maastricht [da União Europeia] prevê deficit de 3%
Como o Brasil, a Índia tem uma lei de responsabilidade fiscal. Mas vocês não cumprem a meta de deficit fiscal desde 2008...
Nos últimos anos, por causa da desaceleração mundial, tivemos que adotar pacotes de estímulo, e isso nos fez quebrar as regras de deficit. Mas estou confiante de que, com as reformas anunciadas, vamos atingir em 2016-2017 a meta de 3% de deficit.
A relação comercial com o Brasil ainda é muito limitada. Como mudar isso?
O comércio com todos os países latino-americanos é muito limitado, pela falta de conectividade, de contato entre empresas e governos, e por causa da distância. Mas estamos nos conectando intensamente com o Brasil por meio dos Brics e do Ibsa, e esperamos que a nossa conectividade melhore.
Qual é sua previsão de crescimento do PIB para este ano?
Entre 5,5% e 6%. Ficaria muito feliz se terminássemos o ano fiscal em março em 6%.
Este será o menor crescimento em cinco anos...
O crescimento desacelerou por causa da situação mundial e do petróleo.
Há uma percepção de que os recentes escândalos de corrupção paralisaram o investimento...
Escândalos de corrupção na Índia são tão normais quanto em outros países. No Brasil, os principais assessores do seu presidente foram punidos [referência ao ex-presidente Lula]. Isso não significa que todo mundo no Brasil é corrupto. Há casos isolados na Índia. Estamos fazendo uma campanha contra a corrupção, mas precisamos continuar com o governo em seu curso normal.
RAIO-X PALANIAPPAN CHIDAMBARAM
NASCIMENTO
Kanadukathan, na Índia, em 16.set.1945 (67 anos)
Kanadukathan, na Índia, em 16.set.1945 (67 anos)
CARGO
Ministro das Finanças (Índia)
Ministro das Finanças (Índia)
FORMAÇÃO
Mestrado em Administração na Universidade Harvard
Mestrado em Administração na Universidade Harvard
CARREIRA POLÍTICA
Iniciou a carreira como deputado, em 1984, depois ocupou os cargos de ministro de previdência, de Assuntos Internos e das Finanças
Iniciou a carreira como deputado, em 1984, depois ocupou os cargos de ministro de previdência, de Assuntos Internos e das Finanças
Nenhum comentário:
Postar um comentário