A revolução dos bichos
SÃO PAULO - Ganha força no Senado dos EUA um projeto de lei que proíbe o governo de ser dono de chimpanzés para testes. Até agora, 113 dos 500 primatas federais já foram removidos para um santuário na Flórida. O próximo alvo serão os laboratórios, depois os zoológicos.Parece começo de filme, a que já assistimos algumas vezes.
Uma das marcas do século 20 foi a consolidação dos direitos da criança, que tem como marco internacional a declaração da ONU de 1959 e, no Brasil, a instituição, em 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A segunda década do século 21 aponta que chegou a vez dos direitos dos animais -os irracionais.
O princípio foram as baleias, em uma das campanhas publicitárias mais bem-sucedidas da história. Quem, ainda no século das crianças, não grudou adesivo com o slogan em inglês que urgia que elas fossem salvas ("Save the whales") é porque não tinha carro ou não conseguiu o adesivo.
Depois, foi a vez dos gorilas, das ararinhas-azuis, dos vira-latas urbanos, dos bichos de fazenda criados confinados e, agora, dos chimpanzés. O problema não é a causa, justificável, mas alguns de seus protagonistas, ora infectados pelo politicamente correto, ora pelo simples ridículo.
No primeiro caso está o filósofo Peter Singer, da Universidade de Princeton (EUA), que defende que é mais ético ser vegetariano que onívoro. No segundo, aparecem os autoproclamados "abolicionistas", que pregam o fim do direito de propriedade dos humanos sobre os animais.
Um deles é Gary Francione, professor da Universidade Rutgers (EUA), para quem "nunca aboliremos a escravidão animal enquanto promovermos exploração regulamentada".
Ovos de galinha caipira seriam um exemplo de exploração regulamentada -diferentemente de suas colegas de granjas industriais, a ave não está numa gaiola. Mas também não é "livre". O que quererá uma galinha livre? Visitar a Flórida?
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