Augusto Pio
Estado de Minas: 17/02/2013
O Brasil sempre foi considerado um país jovem, com boa parte de sua população composta por pessoas com idade abaixo dos 30 anos. Mas a realidade hoje é outra: o número de idosos (acima de 65 anos) vem crescendo rapidamente e pode chegar a 34 milhões em 2025. Para se ter ideia, em 1990, o número de pessoas nessa faixa etária estava em torno de 10 milhões de brasileiros, alcançando os 15 milhões em 2000. Junto com o envelhecimento da população, um mal silencioso também avança: a depressão na terceira idade. A doença é frequente no idoso, chegando a comprometer sua qualidade de vida. Estima-se que 15% deles apresentem sintomas depressivos e cerca de 2% tenham depressão grave. Esses números são ainda maiores entre os idosos internados em asilos ou hospitais.
A doença é também um fator de risco para processos demenciais, colocando em risco a vida, sobretudo daqueles que têm alguma doença crônico-degenerativa ou incapacitante, pois há uma influência recíproca na evolução clínica do paciente. Para o médico geriatra Antônio Roberto Casarões, à medida que as pesquisas avançam a respeito das depressões, dois aspectos têm ficado cada vez mais em evidência: a neuroquímica cerebral e a herança genética. “Sabe-se cada vez mais da importância dos neurotransmissores cerebrais, em especial da serotonina, nos quadros depressivos, em pacientes de qualquer faixa etária. Nos idosos, parece haver uma tendência maior a uma redução dos níveis de serotonina, aumentando a incidência dos quadros depressivos naquelas pessoas. Paralelamente, havendo uma tendência familiar para a depressão, a incidência dos quadros depressivos também aumenta, somando-se negativamente às características próprias do envelhecimento”, esclarece o médico.
Casarões explica que a primeira dificuldade prática encontrada é quanto ao diagnóstico da depressão no idoso. “Muitas vezes, um quadro depressivo pode ser confundido com desinteresse pela vida, acomodação, ‘rabugice’ ou, em casos mais severos, pode esconder um quadro demencial. O diagnóstico é geralmente feito a partir de uma entrevista cuidadosa com o paciente, com a exclusão ou tratamento de doenças concomitantes, e até com o uso de medicação antidepressiva, como ‘prova terapêutica’, nos casos onde o diagnóstico diferencial entre depressão e outras patologias torna-se mais difícil”, ressalta.
O geriatra salienta que não existem exames complementares específicos para diagnosticar a depressão. “Alguns testes psicológicos específicos parecem ser úteis em alguns casos. Naqueles que envolvem um comprometimento cognitivo mais importante, uma bateria mais completa denominada ‘avaliação neuropsicológica’ tem-se mostrado especialmente útil no diagnóstico diferencial entre depressão e demência”, esclarece Casarões.
Uma boa notícia é que os antidepressivos têm evoluído bastante nos últimos anos, proporcionando resultados mais satisfatórios no tratamento do idoso deprimido. O objetivo do tratamento é devolver ao paciente o prazer de estar vivo, com qualidade de vida. “Pode-se por vezes associar um suporte psicoterápico ao tratamento medicamentoso com bom resultado”, frisa o médico. Não há uma prevalência de depressão em idosos significativa entre os sexos, mas como geralmente as mulheres vivem mais, costuma-se ter mais pacientes deprimidas.
A doença é também um fator de risco para processos demenciais, colocando em risco a vida, sobretudo daqueles que têm alguma doença crônico-degenerativa ou incapacitante, pois há uma influência recíproca na evolução clínica do paciente. Para o médico geriatra Antônio Roberto Casarões, à medida que as pesquisas avançam a respeito das depressões, dois aspectos têm ficado cada vez mais em evidência: a neuroquímica cerebral e a herança genética. “Sabe-se cada vez mais da importância dos neurotransmissores cerebrais, em especial da serotonina, nos quadros depressivos, em pacientes de qualquer faixa etária. Nos idosos, parece haver uma tendência maior a uma redução dos níveis de serotonina, aumentando a incidência dos quadros depressivos naquelas pessoas. Paralelamente, havendo uma tendência familiar para a depressão, a incidência dos quadros depressivos também aumenta, somando-se negativamente às características próprias do envelhecimento”, esclarece o médico.
Casarões explica que a primeira dificuldade prática encontrada é quanto ao diagnóstico da depressão no idoso. “Muitas vezes, um quadro depressivo pode ser confundido com desinteresse pela vida, acomodação, ‘rabugice’ ou, em casos mais severos, pode esconder um quadro demencial. O diagnóstico é geralmente feito a partir de uma entrevista cuidadosa com o paciente, com a exclusão ou tratamento de doenças concomitantes, e até com o uso de medicação antidepressiva, como ‘prova terapêutica’, nos casos onde o diagnóstico diferencial entre depressão e outras patologias torna-se mais difícil”, ressalta.
O geriatra salienta que não existem exames complementares específicos para diagnosticar a depressão. “Alguns testes psicológicos específicos parecem ser úteis em alguns casos. Naqueles que envolvem um comprometimento cognitivo mais importante, uma bateria mais completa denominada ‘avaliação neuropsicológica’ tem-se mostrado especialmente útil no diagnóstico diferencial entre depressão e demência”, esclarece Casarões.
Uma boa notícia é que os antidepressivos têm evoluído bastante nos últimos anos, proporcionando resultados mais satisfatórios no tratamento do idoso deprimido. O objetivo do tratamento é devolver ao paciente o prazer de estar vivo, com qualidade de vida. “Pode-se por vezes associar um suporte psicoterápico ao tratamento medicamentoso com bom resultado”, frisa o médico. Não há uma prevalência de depressão em idosos significativa entre os sexos, mas como geralmente as mulheres vivem mais, costuma-se ter mais pacientes deprimidas.
Exercite-se para afastar doenças
Exercícios físicos realizados regularmente e com intensidade eficiente, ou seja, capaz de causar modificações metabólicas, pulmonares, cardíacas e músculo-esqueléticas (ortopédicas), têm sido associados a vários fatores favoráveis a uma melhor qualidade de vida do idoso. Veja alguns dos benefícios:
Melhor circulação do sangue pelo corpo, sobretudo no cérebro;
Aumento da capacidade de atenção concentrada;
Melhora da memória de curto prazo e do desempenho dos processos executivos (planejamento de ações sequenciais logicamente estruturadas e capacidade de autocorreção das ações);
Praticar atividades físicas reduz níveis de hipertensão arterial, melhora a função
pulmonar, prevenindo doenças;
Ganho de força muscular e de massa óssea, gerando um desempenho mais eficiente das articulações;
Eleva a autoestima;
Quando praticados em grupo, melhoram as relações
psicossociais, possibilitando o reequilíbrio emocional.
Fonte: Marconi Gomes da Silva, cardiologista e presidente da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte.
Exercícios físicos realizados regularmente e com intensidade eficiente, ou seja, capaz de causar modificações metabólicas, pulmonares, cardíacas e músculo-esqueléticas (ortopédicas), têm sido associados a vários fatores favoráveis a uma melhor qualidade de vida do idoso. Veja alguns dos benefícios:
Melhor circulação do sangue pelo corpo, sobretudo no cérebro;
Aumento da capacidade de atenção concentrada;
Melhora da memória de curto prazo e do desempenho dos processos executivos (planejamento de ações sequenciais logicamente estruturadas e capacidade de autocorreção das ações);
Praticar atividades físicas reduz níveis de hipertensão arterial, melhora a função
pulmonar, prevenindo doenças;
Ganho de força muscular e de massa óssea, gerando um desempenho mais eficiente das articulações;
Eleva a autoestima;
Quando praticados em grupo, melhoram as relações
psicossociais, possibilitando o reequilíbrio emocional.
Fonte: Marconi Gomes da Silva, cardiologista e presidente da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte.
Manutenção de sonhos e objetivos é primordial
Sabe-se hoje da importância do emocional sobre todo o bom funcionamento do organismo. Portanto, discute-se a possibilidade de um quadro depressivo literalmente ‘abrir as portas’ para outras patologias orgânicas, muitas vezes graves. A depressão pode ser prevenida com bons hábitos cotidianos, carinho, alegria de viver, com a manutenção de objetivos e sonhos de vida e sensação de utilidade, não importando a idade. “As atividades físicas podem dar novo ânimo à vida de muitas pessoas, o prazer da alimentação e do convívio etc. Alguns nutrientes, em especial o aminoácido triptofano, contido em alimentos proteicos, parece ser de alguma utilidade na prevenção da depressão. E, mais uma vez, ressalto a importância de um diagnóstico precoce de depressão, evitando assim seu agravamento ou cronificação. Tristeza, desânimo, depressão: quando as coisas começam a tornar-se sombrias ou fica mais difícil levar a vida, é sempre preciso procurar ajuda”, alerta Carlos Alberto Casarões.
O cardiologista Marconi Gomes da Silva, presidente da Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte, explica que a depressão é um distúrbio do humor com forte impacto funcional em qualquer faixa etária e que compromete intensamente a qualidade de vida. Caracteriza-se por uma falta de vitalidade geralmente acompanhada de sentimento de tristeza, autoestima em baixa, falta de confiança, sentimentos de culpa generalizados, pessimismo e, em casos extremos, pode haver tendência ao suicídio. “O quadro de depressão deve ser obviamente diferenciado da tristeza passageira, principalmente por apresentar sintomas por mais de duas semanas, alterações do comportamento, sintomas diários e na maior parte do tempo. Geralmente, está relacionada com fatores biopsicossociais que prejudicam a capacidade de pensar, de sentir e de interagir com o meio”, esclarece o médico.
Gomes da Silva ressalta que o exercício físico apresenta uma vantagem em relação ao simples ato de tomar remédios, pois substitui essa atitude passiva de tomar a pílula por uma postura ativa por parte do paciente que pode resultar na melhoria da autoestima, autoconfiança e da sensação de autonomia. “À medida que o idoso progride fisicamente com a prática de exercício físico, melhorando sua resistência, sua força muscular e readquirindo sua força de trabalho, novas perspectivas surgem para esse indivíduo. O idoso que retoma sua independência física para atividades do cotidiano, como fazer compras, subir em um ônibus, subir escadas, andar distâncias maiores, tomar banho sozinho, cuidar de crianças, fazer a própria comida, entre outras conquistas, vislumbra um futuro mais promissor e menos circunscrito a uma casa, a um quarto ou uma cama.” Para idosos que estão sedentários há muito tempo, é recomendável que seja feita avaliação cuidadosa para verificar sua aptidão para as práticas esportivas.
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