Estado de Minas - 25/04/2013
Brasília –
Ao comandar mais uma sessão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias
(CDHM) da Câmara com restrições à entrada de manifestantes, o deputado
Marco Feliciano (PSC-SP) divulgou ontem um critério controverso para
definir quem pode participar dos encontros do grupo. Segundo ele, a
Polícia Legislativa da Câmara foi orientada a selecionar o público pelo
“perfil”, analisando quem parece ser “ordeiro” e “pessoa de bem”.
Parlamentares contrários ao pastor pretendem questionar na Presidência
da Casa o que chamam de preconceito e discriminação na CDHM.
O
corredor que dá acesso à sala da comissão estava fechado desde o início
da tarde. Somente jornalistas, parlamentares e assessores tiveram acesso
ao local, mas um grupo de 30 evangélicos conseguiu participar do
encontro por ter chegado mais cedo. Quando Feliciano entrou na reunião,
eles o aplaudiram e exibiram cartazes de apoio ao pastor. Do lado de
fora, ativistas contrários à permanência do parlamentar à frente da CDHM
o chamavam de “covarde” por não deixar “o povo entrar”.
No
microfone da comissão, o presidente justificou que os manifestantes
estavam desestabilizando as sessões. "Pedi para a polícia da Casa
observar o perfil das pessoas porque dá para saber se vão participar de
maneira ordeira. A ordem dada é que entrem pessoas de bem e que saibam
se manifestar de forma silenciosa", argumentou. Após a fala do pastor, o
sindicalista Antônio José de Sousa, único contrário ao pastor que
conseguiu entrar, gritou que se tratava de uma “armação”. Um segurança o
empurrou imediatamente da sala. Alguns deputados também reagiram. “O
senhor está falando muito, aconselho a falar menos. O que disse sobre
conhecer as pessoas pelo perfil é um preconceito muito grave", afirmou
Severino Ninho (PSB-PE).
Ao saber das afirmações de Feliciano, os
integrantes da Frente Parlamentar de Direitos Humanos, formada por
dissidentes da comissão, anunciaram que vão questionar a Câmara sobre a
ordem dada aos seguranças. “O presidente da Casa precisa dar uma clara
posição, se compactua com isso ou se sua decisão de tornar todas as
sessões abertas está sendo descumprida”, afirmou Erika Kokay (PT-DF).
“Esse critério subjetivo estabelece o preconceito como norma, o que é
uma violência”, completou Ivan Valente (PSOL-SP).
Em mais um dia
de protestos contra a permanência de Feliciano no comando da comissão,
manifestantes promoveram um beijaço gay e simularam dois casamentos
homoafetivos em frente ao Congresso Nacional. Quatro manifestantes foram
detidos pela Polícia Legislativa após fixarem na janela do 15º andar do
prédio da Câmara uma bandeira com o símbolo do arco-íris. Eles foram
conduzidos para prestar depoimento.
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