quinta-feira, 25 de abril de 2013

Festival literário em Minas traz debate sobre Vaticano

folha de são paulo

MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO

Poços de Caldas será tomada pela literatura nos próximos dias. A cidade realiza, deste sábado até 5 de maio, a oitava edição de seu evento literário, Flipoços.
O festival trará escritores brasileiros consagrados (Nélida Piñon, Ariano Suassuna e João Ubaldo Ribeiro, por exemplo) e dois convidados internacionais: o mexicano Juan Pablo Villalobos e o português Luís Miguel Rocha.
Rocha, 37, que fará palestra no dia 1º de maio, é uma espécie de caçador de segredos da Igreja Católica.
Ele ganhou fama internacional em 2006 ao publicar "O Último Papa". O romance explora a tese de que o papa João Paulo 1º (1912-1978), que morreu 33 dias depois de iniciar seu pontificado, foi, na verdade, assassinado.
O livro fez sucesso em vários países e chegou à lista dos mais vendidos do "The New York Times". Desde então, a Igreja Católica não saiu mais do foco do autor.
Editoria de Arte/Folhapress
"Depois de se emaranhar num tema do Vaticano é impossível parar", comenta ele, por e-mail.
Rocha escreveu depois "Bala Santa" e "A Mentira Sagrada", ambos ficções sobre os bastidores da igreja. Em março, publicou em Portugal "A Filha do Papa" -outro petardo, como já indica o título, ao mundo clerical.
Além de comentar seus livros, o escritor vai tratar da sucessão na Igreja Católica em sua palestra na Flipoços.
Ele afirma que o papado de Bento 16 foi desgastado por denúncias de corrupção no Vaticano e disputas de poder entre os cardeais.
"Bento 16 era excelente teórico, mas mau político. E a pessoa que tinha colocado para tratar da parte política, Bertone, não estava a governar para ele, mas contra ele", argumenta.
Rocha refere-se ao cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, considerado o principal responsável por estimular rivalidades e intrigas na igreja.
"No Vaticano, nunca se dorme. As disputas de poder acontecem durante as 24 horas do dia", define Rocha.
FICÇÃO E REALIDADE
O português, no entanto, está esperançoso em relação ao novo papa, o argentino Francisco.
"Basta saber a ordem a que pertence: Companhia de Jesus. É a maior e mais poderosa ordem religiosa do mundo. Sob essa couraça protetora, o papa pode reestruturar a igreja e limpar o joio."
Embora seja sempre associado à religião, Rocha fez questão de ressaltar que seus livros, na verdade, tratam de história e política --com informações garimpadas com vaticanistas, arqueólogos, teólogos e padres. O que não exclui uma boa dose de ficção a cada obra.
"Costumo dizer que meus livros têm 33% de informação histórica, 33% de ficção e 33% de história plausível que não deixa de ser ficção. Ou seja, têm 66% de ficção."
A proporção é mantida em seu novo romance, que será lançado no Brasil pela editora Jangada ainda neste ano.
Inspirado na relação de mais de 40 anos entre o papa Pio 12 (1876-1958) e a freira Pascalina Lehnert (1894-1983), sua governanta, confidente e, segundos alguns, amante, Rocha criou a história de uma mulher que seria filha dos dois.
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