MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Poços de Caldas será tomada pela literatura nos próximos dias. A cidade realiza, deste sábado até 5 de maio, a oitava edição de seu evento literário, Flipoços.
O festival trará escritores brasileiros consagrados (Nélida Piñon, Ariano Suassuna e João Ubaldo Ribeiro, por exemplo) e dois convidados internacionais: o mexicano Juan Pablo Villalobos e o português Luís Miguel Rocha.
Rocha, 37, que fará palestra no dia 1º de maio, é uma espécie de caçador de segredos da Igreja Católica.
Ele ganhou fama internacional em 2006 ao publicar "O Último Papa". O romance explora a tese de que o papa João Paulo 1º (1912-1978), que morreu 33 dias depois de iniciar seu pontificado, foi, na verdade, assassinado.
O livro fez sucesso em vários países e chegou à lista dos mais vendidos do "The New York Times". Desde então, a Igreja Católica não saiu mais do foco do autor.
Editoria de Arte/Folhapress |
"Depois de se emaranhar num tema do Vaticano é impossível parar", comenta ele, por e-mail.
Rocha escreveu depois "Bala Santa" e "A Mentira Sagrada", ambos ficções sobre os bastidores da igreja. Em março, publicou em Portugal "A Filha do Papa" -outro petardo, como já indica o título, ao mundo clerical.
Além de comentar seus livros, o escritor vai tratar da sucessão na Igreja Católica em sua palestra na Flipoços.
Ele afirma que o papado de Bento 16 foi desgastado por denúncias de corrupção no Vaticano e disputas de poder entre os cardeais.
"Bento 16 era excelente teórico, mas mau político. E a pessoa que tinha colocado para tratar da parte política, Bertone, não estava a governar para ele, mas contra ele", argumenta.
Rocha refere-se ao cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, considerado o principal responsável por estimular rivalidades e intrigas na igreja.
"No Vaticano, nunca se dorme. As disputas de poder acontecem durante as 24 horas do dia", define Rocha.
FICÇÃO E REALIDADE
O português, no entanto, está esperançoso em relação ao novo papa, o argentino Francisco.
"Basta saber a ordem a que pertence: Companhia de Jesus. É a maior e mais poderosa ordem religiosa do mundo. Sob essa couraça protetora, o papa pode reestruturar a igreja e limpar o joio."
Embora seja sempre associado à religião, Rocha fez questão de ressaltar que seus livros, na verdade, tratam de história e política --com informações garimpadas com vaticanistas, arqueólogos, teólogos e padres. O que não exclui uma boa dose de ficção a cada obra.
"Costumo dizer que meus livros têm 33% de informação histórica, 33% de ficção e 33% de história plausível que não deixa de ser ficção. Ou seja, têm 66% de ficção."
A proporção é mantida em seu novo romance, que será lançado no Brasil pela editora Jangada ainda neste ano.
Inspirado na relação de mais de 40 anos entre o papa Pio 12 (1876-1958) e a freira Pascalina Lehnert (1894-1983), sua governanta, confidente e, segundos alguns, amante, Rocha criou a história de uma mulher que seria filha dos dois.
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