Formaturas espetaculares
O consumo e, consequentemente, a publicidade, intensificaram-se muito nas últimas décadas. Anos atrás, a publicidade veiculada nas mídias era bem diferente.
O núcleo principal de quase todas elas eram as características dos produtos anunciados, que eram bem enaltecidas. As peças publicitárias tentavam convencer o consumidor de que o produto que vendiam era especial e, por isso, deveria ser o escolhido entre tantos produtos similares. Outro foco era a marca, que funcionava mais ou menos como um indicador de qualidade.
Além disso, o público-alvo dos anúncios eram os adultos. Eles eram considerados os consumidores por excelência porque detinham o poder de decisão de compra.
Hoje, muitas vezes assistimos a um comercial e ao final dele não lembramos bem qual foi o produto anunciado. É que o foco das peças atuais não é o produto, e sim o estilo de vida prometido a quem o comprar. Se você comprar o carro tal, terá êxito na vida etc. Essa foi uma mudança e tanto, porque hoje todos consomem determinados estilos de vida.
Outra mudança radical foi o público-alvo da publicidade: saiu o adulto e entrou o jovem. Ou o adulto travestido de jovens. É que, mesmo sem ter poder aquisitivo, são o jovem e a criança que quase sempre decidem o que os pais devem comprar.
Na era do consumo, os jovens têm consumido de tudo e em exagero. O alcance da publicidade é maior do que o dos objetos anunciados. E os pais têm aceitado tal situação, mesmo quando consideram exagerado.
E meu exemplo de hoje a esse respeito são festas de formatura do ensino médio.
Li uma reportagem informando que festas desse tipo chegam a custar o valor equivalente ao de um apartamento. Quando li a notícia, fui checar com conhecidos, com formandos e na internet.
Há festas para quase todos os bolsos e há, sim, festas que custam uma pequena fortuna, cujo valor relativo os jovens não têm condições de avaliar.
Eles não estão interessados em celebração, despedidas etc. Estão querendo mais é o tal estilo de vida que vem sendo anunciado por quase todas as peças publicitárias.
Nossa pergunta deve ser: "Por que bancamos essas atitudes deles?". Será por querermos a mesma coisa?
Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. Escreve às terças na versão impressa de "Equilíbrio".
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