sexta-feira, 24 de maio de 2013

Tendências/Debates

folha de são paulo

CARLOS OLIVEIRA
TENDÊNCIAS/DEBATES
Marcas profundas da intolerância
A ausência de discussão franca empurra a Universal para o circo armado por oportunistas que semeiam o preconceito contra nós
Diz-se que um dos melhores meios de conhecer usos e costumes de uma sociedade é analisar o lixo que ela produz. Pois há um novo tipo de detrito que serve perfeitamente para avaliar como a intolerância grassa em nosso tempo: o esgoto que corre pela internet.
Cotidianamente, indivíduos irresponsáveis difamam de modo anônimo membros da Universal, bem como de tantos outros segmentos, veiculando falsas informações que de nada servem, a não ser produzir fétido chorume do preconceito e da intolerância. Será que esse pútrido fedor do preconceito e da intolerância é inalado e considerado como agradável fragrância por alguém?
Na verdade, o maior problema nem está na publicação original das mentiras, que o Poder Judiciário sempre pode reparar condenando os autores, mas naquilo que temos como consequência. Blogs e redes sociais reproduzem, repercutem e ampliam impiedosamente as tais "notícias".
Piadas de péssimo gosto --que os bons modos impedem de reproduzir-- são publicadas em portais de grande audiência e propagam-se pelo Twitter e pelo Facebook. Impunemente, divulgam as mentiras e fazem chacota da Universal, de seus membros e da fé que nos é garantida constitucionalmente.
Apenas no Brasil, a Universal tem mais de 6 milhões de membros praticantes, que se somam a outros tantos espalhados em cerca de 200 países, por todos os cinco continentes do planeta. Tamanho protagonismo alcançado em apenas 35 anos de existência pode explicar o imenso incômodo que, parece, geramos e que se traduz em ataques que afloram sempre que algo sobre nossa igreja ou a respeito de um de nossos membros é publicado.
Mas como falar em preconceito religioso, se o Brasil é um autoproclamado país aberto a todas as culturas, de um povo forjado no banho-maria da cordialidade e da tolerância? Pois essas afirmações sustentam-se em dogmas tão confortáveis quanto falsos, como aquele que, em nome de uma alegada convivência pacífica, defende que não discutamos "futebol, política e religião".
Assim, além de pregar descaradamente a total alienação da vida política, tal regra de etiqueta abre um fosso de hipocrisia que separa o real e necessário debate sobre a ausência da liberdade de culto no Brasil dos atos de intolerância a que somos submetidos cotidianamente.
Por que não posso afirmar que tenho preferência por meu time de coração, que pode não ser o seu, ou que me identifico mais com uma ideologia partidária, ou com minha religião de fé? A ausência de discussão franca e às claras empurra a Universal, as denominações evangélicas e outras religiões minoritárias para o circo armado por oportunistas que semeiam o preconceito e a ignorância contra nós.
Vamos retirar o monopólio do debate religioso desses irresponsáveis e inconsequentes preconceituosos que hoje se reproduzem na internet. Quer saber mais sobre a Universal? Não tenha medo. Procure qualquer um dos nossos milhões de membros. Asseguro que a conversa será inesquecível, esclarecedora e reveladora sobre o porquê de essa gente, mesmo enfrentando tantas hostilidades, ter coragem e prazer em afirmar: "Eu sou a Universal".

    FERNANDO LANDGRAF, CARLOS PADOVEZI E SILVIO FIGUEIREDO
    TENDÊNCIAS/DEBATES
    O futuro tecnológico da inspeção veicular
    É razoável supor que o país também vá adotar sistema remoto de inspeção veicular pelo simples fato de ele ser o mais eficaz e econômico
    A inspeção veicular é uma solução técnica que visa induzir o proprietário a fazer uma correta manutenção do seu carro, para assegurar os ganhos previstos por legislações ambientais mais rigorosas.
    Mas a responsabilidade não é só dele. Deve ser compartilhada com o fabricante do veículo, das autopeças, oficinas e distribuidoras de combustível, que respondem pela qualidade, além do poder público, que estabelece as regras para que isso aconteça.
    As bases da atual configuração do programa de inspeção paulistano foram estabelecidas a partir de pesquisa da Cetesb, realizada no início dos anos 90, quando os veículos ainda eram carburados.
    De lá para cá, a tecnologia veicular evoluiu significativamente, entre outros motivos, puxada pela legislação ambiental. Os limites das emissões permitidos naquela época eram de 9 a 24 vezes superiores aos atuais (comparando as fases L-2 e L-6 do Proconve).
    O atual procedimento de inspeção é capaz de identificar problemas mais graves, como a ausência de um catalisador. Mas dificilmente identificará problemas além daqueles que se manifestem exclusivamente em marcha lenta. Além disso, a eficácia do programa paulistano também depende de fatores como o número de veículos que circulam pela cidade sem serem aqui licenciados.
    Nos Estados Unidos, concluiu-se, no ano 2000, que a melhor forma de realizar a inspeção veicular é por meio do sistema denominado OBD (On-Board Diagnostics), cuja versão padronizada pelo governo americano tornou-se obrigatória a partir de 1994. Ele está presente em todos os veículos que disponham de centrais eletrônicas de controle (ECUs ou centralinas).
    Esses equipamentos verificam continuamente a operação de componentes do veículo, mantendo na memória registros de eventuais falhas. Por meio de um plugue e um dispositivo eletrônico (scanner), as oficinas e as estações de inspeção conectam-se à memória do veículo para verificar as condições de operação desses componentes.
    No Brasil, o uso do OBD padronizado tornou-se obrigatório a partir de 2007. Baseado no OBD europeu (EOBD), ele foi implantado de maneira progressiva. A partir de 2011, todos os veículos passaram a dispor do hoje vigente OBDBr-2, capaz de também monitorar o funcionamento do catalisador. No entanto, os programas de inspeção veicular brasileiros ainda não o adotaram.
    A configuração de um programa de inspeção veicular adequado à realidade local passa pela realização de estudos mais aprofundados. Incluem-se entre eles as medições das emissões de poluentes por veículos em condições normais de operação na cidade e a identificação de correlação entre situações de testes de inspeção e a real quantidade de poluentes emitidos pela frota.
    É razoável supor que, mais cedo ou mais tarde, o país também vá adotar o sistema que utiliza o OBD pelo simples fato de ser o mais eficaz e econômico. Além disso, os seus registros podem ser transmitidos por rádio ou redes de dados da telefonia celular (OBD remoto), como já se pratica nos EUA.
    Haverá um período de transição em que as praças de inspeção ainda serão necessárias, mas, com a implantação do sistema OBD remoto, elas acabarão extintas.
    Outro item da inspeção veicular paulistana diz respeito à emissão de ruído. Nesse caso, a alternativa mais eficiente seria a fiscalização por meio de sensores acústicos acoplados a radares.
    De qualquer forma, o sistema OBD já é uma realidade no Brasil e, face às grandes mudanças na realidade paulistana, convém reavaliar tecnicamente qual é a ferramenta de inspeção veicular mais eficiente e de menor custo. Por tudo isso, é urgente que a discussão da inspeção veicular ultrapasse seus limites atuais e inclua a evolução tecnológica.

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