DA REUTERS
Um estudo feito em camundongos, publicado no ano passado na revista "Science", mostrou que um remédio para câncer de pele reduziu pela metade a quantidade de uma proteína ligada ao Alzheimer chamada beta-amiloide após três dias. A droga também reverteu os sintomas da doença nos animais.
No entanto, pesquisadores de vários centros de pesquisa dos EUA relataram nesta semana na "Science" que foram incapazes de reproduzir esses resultados em seus laboratórios.
Os cientistas responsáveis pelo primeiro estudo, Gary Landreth e colegas, da Universidade de Cleveland, afirmaram, porém, que o medicamento (bexaroteno) ainda tem seu mérito e que os estudos mais recentes confirmaram outros aspectos da pesquisa, mostrando que a droga "removeu" formas solúveis da beta-amiloide do cérebro.
Alguns estudos sugerem que essa forma solúvel é a mais tóxica da proteína e a remoção dela pode ser importante para os pacientes.
Para eles, a controvérsia é um lembrete da necessidade de os estudos serem replicados por outros laboratórios e revela o desespero das pessoas com Alzheimer para encontrar tratamentos eficazes para a doença.
O professor de neurociência da Universidade de Chicago, Sangram Sisodia, disse que ele e seus colegas ficaram curiosos com a pesquisa de 2012. Eles então quiseram ver se os resultados impressionantes podiam ser replicados, um procedimento científico padrão.
"Não há absolutamente qualquer redução nos níveis da beta-amiloide nos cérebros de camundongos tratados com esse remédio", disse Sisodia sobre os esforços do grupo num comentário técnico da "Science". Equipes da Universidade da Flórida e da Universidade de Leuven, na Bélgica, publicaram achados semelhantes.
Um quarto estudo de uma equipe da Universidade de Pittsburgh, porém, mostrou que o medicamento melhorou o deficit cognitivo nos animais com uma mutação ligada ao Alzheimer em humanos. E confirmou que o composto reduziu partes da beta-amiloide tóxica no fluido que cerca as células do cérebro. A pesquisa, no entanto, também falhou em mostrar uma diminuição das placas da proteína.
Landreth disse ainda que a atual "tempestade científica em copo d'água" não vão deter seus planos de estudar o medicamento em pessoas. Sua empresa pertente começar estudos clínicos em um grupo de seis adultos saudáveis nos próximos meses.
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