INTERNETS
RONALDO LEMOS - @lemos_ronaldo
Lição para governantes brasileiros: não ignorem a internet. As manifestações demonstram que por trás de cada "xingar muito no Twitter" existe alguém com insatisfações reais. Quando ignoradas por muito tempo, basta um estopim para as pessoas se organizarem.As demandas das ruas já eram visíveis na rede, ainda que dispersas. As manifestações marcam o momento em que a internet não pode mais ser tratada como "perfumaria". A rede tornou-se parte inelutável da nova opinião pública expandida.
Foi o que aconteceu. A rede tomou as ruas. As manifestações da semana do dia 17 pareciam a timeline do Facebook materializada. Uma hora vinha o grupo da diversidade sexual, depois o da reforma política, o da corrupção e assim por diante. Todos com agendas próprias, muitas contraditórias.
Por conta disso, muita gente voltou para a rede dizendo que vai "bloquear quem falar sobre o assunto X ou Y". Nada mais errado. É nesse momento de tensão social que é necessário ouvir opiniões divergentes. O Facebook, por natureza, já nos oferece nossa própria imagem.
Bloquear quem pensa diferente significa rompimento e radicalização. O todo misturado divide-se em grupos homogêneos, que se fecham para o diálogo.
É algo que começa a ocorrer nas próprias ruas. As passeatas "timeline" estão ficando para trás e vários protestos agora são feitos por grupos específicos. A divisão nas ruas é profecia de divisões na rede (a "balcanização" on-line é um fenômeno que já acontece globalmente).
O fato é que há insatisfação geral com os "termos de uso" do sistema político. A mesma tecnologia que colocou milhares nas ruas pode aperfeiçoar a participação pública. A sociedade já se comunica em rede. Só os governos não escutam.
READER
JÁ ERA Ignorar reclamações que acontecem na internetJÁ É Empresas como a Microsoft mudando o Windows e o Xbox One por causa de reclamações on-line
JÁ VEM Países mudando leis e até a Constituição por causa de reclamações on-line
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