Estilo Galo Doido
A dúvida é se, no Mineirão, o Atlético-MG vai jogar no estilo Galo Doido ou no estilo normal
Entre tantos motivos para o Atlético-MG chegar à final, o maior é o estilo Galo Doido, nome dado por alguém e incorporado pela torcida.
Meses atrás, quando era grande o pessimismo com a seleção, já com Felipão, escrevi, com mistura de ironia e de crença, que a única solução para um time inferior ganhar a Copa seria criar um forte laço afetivo com a torcida e tentar jogar em um estilo mais passional, sul-americano, sufocando o adversário, como faz o Atlético, no Independência.
Foi o que ocorreu na Copa das Confederações e que poderá ser repetido no Mundial. A seleção brasileira, no estilo Galo Doido, mistura de correria, raça e de técnica, com blitz desde o início do jogo, assustou e inibiu os adversários.
A diferença é que o Atlético-MG usa mais o jogo aéreo.
O problema dessa estratégia é que só funciona bem em momentos especiais e em casa. Não é um projeto sustentável para o futuro nem dura por muito tempo. E não dá para ser herói todos os dias. O Atlético é exceção, já que, no Independência não perde há mais de ano, desde a reinauguração. São 38 jogos.
A base científica do estilo Galo Doido é pressionar quem está com a bola em todo o campo. Começou com a Holanda, em 1974, foi abandonada como rotina, a não ser em algumas equipes, como o Milan, na década de 1980, dirigido por Arrigo Sacchi, e nos melhores momentos do Barcelona, com Guardiola.
Nos últimos dez anos, muitos times europeus tentam jogar assim, pelo menos parte do jogo. Só recentemente, começou a ser feito no Brasil, mas sem a loucura do Galo.
Os volantes brucutus, pesados e que atuavam muito atrás, protegendo os zagueiros, estão sendo substituídos pelos volantes mais leves e rápidos, que correm atrás, até tomar a bola, como Josué e Pierre.
Fora do Independência, o Galo é outro time, joga outro futebol, mais contido, normal. As pessoas excessivamente normais tornam-se também problemas e são chamadas, pela psicologia, de normopatas.
Muitos times também são assim, não passam dos limites, nunca transgridem. A dúvida é se, na final, no Mineirão, o Atlético-MG, mesmo com uma torcida maior, vai atuar no estilo Galo Doido ou no estilo normal, tradicional.
Existe uma música e/ou um saber popular de que todas as pessoas têm um direito a um momento de loucura na vida. Os times também.
O Galo experimentou e gostou tanto, que assumiu a loucura, mas só no Horto.
"Caiu lá, tá morto."
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