Sérgio Rodrigo Reis
Estado de Minas: 19/03/2013
É difícil imaginar algo tão fascinante quanto o corpo humano. Para movimentar a incrível máquina da vida, uma complexa combinação de órgãos e sistemas é ativada no funcionamento dos sentidos: olfato, visão, tato, paladar e audição. É inspirado no conhecimento disponível até agora que, nos últimos anos, está sendo criado em Belo Horizonte o Espaço Interativo de Ciências da Vida. O novo equipamento cultural e interativo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está na reta final de preparação e será inaugurado, em maio, em um antigo galpão do Museu de História Natural e Jardim Botânico.
Modernos dispositivos e tecnologias estarão disponíveis para o visitante, entrar no corpo humano. A proposta é de que em cada uma das oito salas do lugar, o público possa encontrar reproduções em grande escala dos principais órgãos vitais do sistema do corpo humano e, com auxílio de recursos multimídia e games, interagir com eles.
A intenção é conciliar os tradicionais conceitos museológicos e novas tendências e possibilidades, com informações sobre saúde. O visitante que entrar no espaço do sistema circulatório, por exemplo, vai se deparar com um coração gigante, oito vezes maior que o natural, e será convidado a tocá-lo. O dispositivo mostrará a frequência cardíaca do público e sua variação, de acordo com os movimentos executados pelo visitante.
Desenvolvido nos últimos três anos e meio por uma equipe multidisciplinar da UFMG, o Espaço Interativo Ciências da Vida é um projeto que não se encerra no momento da abertura ao público. A intenção é de que, a partir de sua inauguração, se inicie uma nova pesquisa, com intuito de medir qual é a real percepção das pessoas diante dos processos museológicos convencionais e os interativos. “O objetivo é perceber qual é o comportamento do visitante diante dos aparatos tecnológicos e, com isso, propor ações para colocar a informação de maneira mais lúdica e produtiva”, adianta Fabrício Fernandino, coordenador do espaço.
Experiência sensorial A aventura pelo corpo humano começa por uma obra de arte visual criada pelo próprio Fernandino, em parceria com o também artista Chico Marinho. O visitante verá o próprio corpo espelhado na porta de entrada da primeira sala e ao chegar lá dentro, três câmeras captarão as imagens do corpo das pessoas em diferentes ângulos. Um software vai misturá-las aleatoriamente e, em seguida, elas serão exibidas em cinco monitores.
Os movimentos ganharão uma sala temática. Além de um game interativo convidando o público a pular, haverá, nesse momento, exposição destacando a estrutura do corpo humano. “As pessoas pisarão num tapete sensível e serão convidadas a reproduzir o movimento projetado na tela. Vão interagir com o próprio corpo”, explica Fernandino. No lugar haverá outra atração: um vídeo que apresentará imagens do corpo humano fatiado, possibilitando uma completa visualização dos órgãos vitais.
O sistema digestivo e todo o mecanismo de alimentação serão exibidos numa série de experimentos revelando o funcionamento do estômago, esôfago, da boca, inclusive com os problemas de saúde mais recorrentes. Um jogo interativo sobre os bons e os maus alimentos será a atração do lugar, assim como um videodocumentário sobre o assunto.
O sistema circulatório promete ser uma das principais atrações. Variados mecanismos vão mostrar detalhes do funcionamento dos pulmões, do coração e das artérias. Ao entrar na sala o visitante verá um coração gigante que, na realidade, é um equipamento que captará sua pulsação, transformando-a em efeitos de luz e som.
Outro ponto que deverá chamar atenção é a parte dedicada aos aparelhos reprodutores masculino e feminino. “Haverá um vídeo sobre orientação sexual, informações sobre reprodução humana, esculturas do óvulo e espermatozoides gigantes. Teremos ainda um game, que é uma corrida de espermatozoides”, adianta Fabrício Fernandino.
O percurso do Espaço Interativo Ciências da Vida termina com a instalação Célula ao alcance da mão. Produzida pelo Museu da Ciência Morfológica da UFMG, ela será dedicada, principalmente, a deficientes visuais, que poderão pegar as células e alguns órgãos. Haverá ainda, nessa reta final do percurso, uma sala para os cinco sentidos. “Um ouvido gigante gravará a voz das pessoas e um olho de acrílico também grande vai capturar a imagem do visitante e será possível vê-la invertida no fundo, como ocorre na realidade”, conclui.
Novidade Orçado em R$ 2,4 milhões, metade do dinheiro é oriundo da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e o restante da Fundação Lampádia. O grande diferencial do Espaço Interativo Ciências da Vida é o fato de toda a tecnologia empregada em sua concepção e espaços ser desenvolvida pela equipe da UFMG.
“Nove professores do Instituto de Ciências Biológicas foram convidados a participar do projeto, e cada um foi responsável, de acordo com sua especialidade, por um espaço. Eles são doutores na área e desenvolveram todo o projeto”, acrescenta o coordenador do museu. Além dos docentes, o projeto contou com participação de outros 70 especialistas.
O espaço interativo será mais uma atração do Jardim Botânico da UFMG, área de 600 mil metros quadrados que a universidade mantém em Belo Horizonte. Além de fauna e flora, com árvores centenárias, o local tem, como atrações exposição de mineralogia, o Presépio do Pipiripau e uma mostra dedicada à arqueologia. “Quando entrei, há sete anos, implantamos o Projeto Quatro Estações. A cada momento do ano renovamos as atrações”, conta Fernandino. A programação tem agradado. Por ano, o local recebe 60 mil visitantes.
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