Médicos alertam que maioria das mortes
pela doença confirmadas não foram de pacientes do grupo
considerado mais vulnerável, o que exige cuidado dobrado com sintomas
Patricia Giudice
Estao de Minas: 11/04/2013
Em
uma situação de epidemia, a dengue não escolhe alvo e coloca na lista
de mortos pessoas aparentemente saudáveis e fora das faixas etárias
consideradas mais vulneráveis – abaixo dos 2 anos e acima dos 65. Por
isso, médicos alertam que o tratamento rápido e correto é fundamental
para que a doença na forma clássica não evolua para complicações ou
hemorragia. Dos 38 óbitos confirmados pela Secretaria de Estado da Saúde
em Minas, 26 são de pessoas de 4 a 60 anos. Fora do balanço oficial,
outras mortes são investigadas, a maioria também fora do chamado grupo
de risco.
Entre segunda e terça-feira, uma idosa de Divinópolis e
uma mulher de 41 anos de Nova Serrana morreram com suspeita da forma
hemorrágica. Em Santa Luzia, uma jovem de 21 anos não resistiu a um
quadro de hemorragia e insuficiência respiratória, e, em Contagem, uma
jovem de 27 sem histórico de problemas de saúde, segundo a família, foi
orientada a fazer o tratamento em casa, mas morreu uma semana depois.
Outras duas mortes são analisadas em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri:
duas mulheres, de 74 e 62 anos. Caso todos esses diagnósticos sejam
confirmados, o total de episódios fatais da dengue no estado chegaria a
44. O último balanço estadual registrou 165.845 notificações da doença.
A
dengue provoca desidratação excessiva no organismo, diante de sintomas
como febre alta, diarreia e vômito, que são formas de perda de líquido. A
indicação é que, aos primeiros sinais, a pessoa procure um médico. Quem
não conseguir repor o que for perdido durante o período de manifestação
da doença – entre três e sete dias – com água, sucos, chás ou
isotônicos tem risco de complicações e precisa receber soro intravenoso.
O cálculo é que um adulto em tratamento tenha que ingerir entre 60 e 80
mililitros de líquido por dia para cada quilo, ou seja, em torno de
cinco litros. Para uma criança de até 10 quilos, a média é de 100ml por
quilo diariamente, para que o organismo não sofra mais agressões.
O
infectologista Carlos Alessandro Plá Bento explica que o organismo
debilitado entra em um estado de depressão imunológica, em que uma
infecção pode se tornar mais agressiva, causando danos que podem levar
ao óbito. Ele lembra que, no caso da dengue, não é só a hemorragia que
mata. Tanto que, dos diagnósticos confirmados, apenas 10 são por febre
hemorrágica. Os outros 28 foram por complicações da doença. “Nem sempre a
forma grave vai se manifestar por hemorragia. A perda de fluido pode
acarretar queda da pressão arterial e um quadro de choque, com morte.
Qualquer pessoa que não conseguir se hidratar bem pode ter complicações
que levam à morte”, afirmou o médico do Hospital Eduardo de Menezes.
Os sinais da hemorragia
Publicação: 11/04/2013 04:00
Quem recebe
atendimento médico e tem a indicação de ir para casa fazer a hidratação
deve ficar atento aos sintomas da dengue hemorrágica. Se eles aparecem, é
sinal de que o tratamento não está sendo eficiente para conter a
evolução da doença em sua forma clássica. Independentemente da idade, o
paciente que apresentar dor abdominal contínua, vômitos persistentes,
desmaio e perda da consciência deve buscar um médico com urgência. Um
desmaio, segundo o infectologista Carlos Alessandro Plá Bento, mostra
que o doente sofreu queda muito forte na pressão arterial.
Sonolência
intensa, irritação, baixo volume de urina, falta de ar e pequenos
sangramentos, como nas fezes, nariz e gengiva, também são sinais de
alerta. “São sintomas de que a doença não está evoluindo de forma
satisfatória, que é permanecendo no quadro clássico, e a hidratação não
está sendo eficiente”, afirmou. As manchas vermelhas, segundo ele, são
sinais de uma evolução normal da doença, não da dengue hemorrágica. As
complicações podem aparecer independentemente do tipo de vírus
responsável pela infecção.
Para as gestantes, a indicação é
permanecer no hospital e não fazer o tratamento em casa. Elas também
fazem parte de um grupo de risco, em que podem ocorrer situações
particulares, como a hiperhidratação, que é prejudicial. “Elas têm que
ser acompanhadas de perto, não em casa, porque deve haver um cuidado
ainda maior com a reposição de líquidos”, explicou Carlos Alessandro.
Hospitais também registram sintomas
Nos
hospitais privados, a epidemia de dengue gera uma demanda superior à
capacidade de atendimento, superlotando as instituições e levando os
usuários de planos de saúde a peregrinar pela cidade em busca do
diagnóstico. O Hospital Vila da Serra chegou a fechar seu
pronto-atendimento durante três horas na tarde de segunda-feira. Segundo
a instituição, a medida foi necessária para conter a demanda excessiva.
No mesmo dia, no Hospital Felício Rocho, os pacientes também estavam
sendo informados sobre a superlotação e logo na entrada eram orientados a
procurar outras instituições. O hospital informou que está trabalhando
bem acima de sua capacidade máxima e que a dengue elevou em 40% a
demanda da urgência, que normalmente atende cerca de 3 mil pacientes ao
mês.
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