quinta-feira, 11 de abril de 2013

Serra do Cipó se destaca no ecoturismo de Minas

folha de são paulo

CARLOS BOZZO JUNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NA SERRA DO CIPÓ

Roberto Burle Marx (1909-1994) chamava a serra do Cipó de "o jardim do Brasil".
Não é à toa que o paisagista assim se referisse à região de Minas Gerais localizada a cem quilômetros ao norte da capital, Belo Horizonte.
A serra apresenta vegetação ímpar, como uma flor que atinge seis metros, e mais de 50 cachoeiras.
Uma porção de quase 34 mil hectares foi transformada em parque nacional em 1984 e, desde então, vem se firmando como um dos principais destinos ecoturísticos do Estado mineiro.
Carlos Bozzo Junior/Folhapress
Cachoeira do Gavião, na serra do Cipó, em Minas Gerais
Cachoeira do Gavião, na serra do Cipó, em Minas Gerais
No ano passado, o parque recebeu 23 mil visitantes. A visita, gratuita, inclui caminhadas e banhos de cachoeira -com a possibilidade de ver espécies endêmicas da flora e da fauna brasileiras.
Nos arredores do parque, também há atrações, como a trilha dos Escravos e outras cachoeiras. É onde fica a vila Cipó, que reúne pousadas, restaurantes, sorveteria, capelinha e até cachaçaria.
A partir deste mês, as temperaturas são mais amenas, e a chuva é menos frequente.
Ed. de arte/Folhapress
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FOCO
Ermitão que comia lagartixa está no imaginário dos moradores da serra
Juquinha é lembrado em uma estátua construída no alto de uma montanha
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
NA SERRA DO CIPÓ
Na serra do Cipó, não faltam histórias curiosas.
Entre elas, a do andarilho Juquinha, morto em 1983, imortalizado em uma estátua de cimento, com três metros de altura, erguida em 1987 numa montanha onde o visitante tem uma visão privilegiada de toda a região. Fica na serra, mas fora do parque.
Juquinha percorria a serra vendendo flores e mudas. Hoje, teria suas mercadorias apreendidas e seria autuado -é proibido coletar plantas, sementes, flores secas, animais e rochas do parque.
Há várias lendas sobre ele. Uma delas é a de que morava nas montanhas da serra como um ermitão e se alimentava de lagartixas.
"Mentira. Ele era meio abobado, mas não era bobo", diz Farofa, parente de Juquinha e empregado de uma pousada. "Ele dormia na cama, comia arroz e feijão na casa do irmão. Mas ele gostava mesmo era de beber."
Dona Piedade, 55, é raizeira (curandeira que usa raízes nos tratamentos), descendente de índios com negros e dona de uma pousada simples.
Segundo dizem na região, após um mal súbito, ela "ficou" morta por dois dias. Acordou, restabeleceu-se e continuou a vida fazendo o que sempre fez: cuidar dos filhos, cozinhar e colher ervas, raízes e "barro de formiga".
"Meus remédios são muito poderosos", diz ela, que retira substâncias que ela considera "medicinais" da planta canela-de-ema.
Dona Piedade usa também o "barro da formiga". "Na lua certa, a formiga deixa um rastro de barro por onde passa. Este é o barro de formiga, que é bom para tudo", contou a raizeira, sem, no entanto, comprovar sua eficácia.
DOCES E CACHAÇAS
Se barro de formiga não está nos seus planos, mas sim uma comida típica aliada a um passeio, não se preocupe.
Entre vários restaurantes, há no km 97 da rodovia MG-010 o Panela de Pedra, dentro da vila Cipó, construção que reúne, além de uma capelinha, uma pousada e algumas lojas.
Entre elas, destacam-se a loja de doces caseiros, a de brinquedos e a de artesanato indígena da tribo pataxó.
O local conta ainda com uma venda que oferece mais de 120 tipos de cachaça artesanal, com tira-gosto.
Com instalações mais simples, a churrascaria Cipó (km 96 da rodovia) serve refeições saborosas, por quilo.
Vale experimentar o frango com ora-pro-nóbis e angu. Do latim, "ora pro nobis" significa "rogai por nós", mas em Minas Gerais a expressão dá nome a uma hortaliça.
Quer só fazer uma boquinha, em meio a locais, com uma cervejinha? Vá ao bar do João do Chapéu de Sol e peça um pastel ou uma linguiça, que ele frita na hora.
Tudo sem pressa. Afinal, na serra do Cipó, contemplar é a palavra de ordem.

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