A batalha de São Paulo
SÃO PAULO - O eleitor de São Paulo, sempre mais crítico que o do resto do país, está pagando para ver. Dá um voto de confiança ao prefeito Fernando Haddad e à volta do PT ao poder na cidade após oito anos, mas não um cheque em branco. Pois é esse eleitor cri-cri que deverá se tornar o principal foco da disputa política em 2014, por vários motivos.A vitória de Haddad foi urdida pela cúpula do PT, notadamente por Lula, como o primeiro passo de um objetivo maior: tirar a "última cidadela" de poder do PSDB no país, que é o governo de São Paulo.
Com o sucesso da estratégia, é necessário que o prefeito tenha um desempenho satisfatório nos dois primeiros anos para funcionar como cabo eleitoral, e não espanta-votos.
Sua performance também será importante para calibrar o figurino do candidato do partido no Estado: é o caso de repetir o script do "novo", com um nome como Alexandre Padilha, ou de lançar alguém com recall, como Aloizio Mercadante?
Nesse caso, os interesses de Lula e de Dilma Rousseff podem se chocar. Enquanto o ex-presidente tem obsessão por apear os tucanos do poder, à presidente pode não interessar levar isso a ferro e fogo, lançando um candidato com performance mais previsível -como Mercadante, o preferido dos aliados de Geraldo Alckmin.
Com isso, ela daria um sinal de trégua ao PSDB, na esperança de que os tucanos e seus aliados não cerrem fileiras em torno de Aécio Neves.
Uma circunstância de 2014 contribui para que o jogo de alianças em São Paulo esteja totalmente aberto: pelo cenário de hoje, será a primeira vez desde 1950 em que não haverá um candidato paulista à Presidência.
Nesse cenário, o maior eleitorado do Brasil é um ativo a ser conquistado. Se os petistas contam com a boa avaliação de Dilma e o frescor de Haddad, aos tucanos restará defender a hegemonia de 20 anos no poder. As armas de um e de outro lado, numa batalha assim complexa, tendem a ser não convencionais.
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