quinta-feira, 11 de abril de 2013

Paleontólogos descobrem os mais antigos embriões de dinossauro

folha de são paulo

REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os fósseis são minúsculos, com no máximo alguns centímetros, mas acabam de bater dois recordes: são, ao mesmo tempo, os mais antigos embriões de dinossauros já descobertos e os que registram o estágio embrionário mais inicial, proporcionando uma visão única sobre o começo da vida desses monstros pré-históricos.
Como acontece com muitos dos achados mais importantes sobre esses animais nos últimos tempos, a descoberta vem da China. Os fósseis, com 195 milhões de anos, foram achados na província de Yunnan (centro-sul do país) e descritos por uma equipe internacional de paleontólogos, liderada por Robert Reisz, da Universidade de Toronto (Canadá).
D. Mazierski/Divulgação
Concepção artística de embrião de dinossauro achado por paleontólogos na China
Concepção artística de embrião de dinossauro achado por paleontólogos na China
Tudo indica que os embriões pertenciam ao gênero Lufengosaurus, cujos adultos podiam chegar aos 9 metros de comprimento e a quase duas toneladas.
Esses animais eram formas primitivas do grupo dos sauropodomorfos, célebres pelos enormes herbívoros quadrúpedes e pescoçudos --embora, na época dos embriões, o começo do Jurássico, muitas espécies também adotassem a postura bípede de vez em quando.
No artigo científico descrevendo os achados, publicado nesta semana na revista britânica "Nature", os pesquisadores contam que os fósseis de embriões estavam espalhados numa camada de espessura entre 20 cm e 10 cm, desarticulados (ou seja, os ossinhos não estavam mais ligados entre si), mas em bom estado de preservação, incluindo pedaços da casca dos ovos que os abrigavam.
A análise da anatomia dos ossos logo deixou claro que não eram apenas dinossaurinhos recém-nascidos, mas verdadeiros embriões. São coisas como pequenos dentes que ainda estavam ocultos dentro da boca e ossos cuja superfície ainda não estava fechada, por exemplo.
O que mais chamou a atenção dos paleontólogos foi o elevado grau de vascularização (ou seja, presença de vasos sanguíneos) nos ossinhos, o que indica uma taxa de crescimento muito alta no interior do osso.
"A alta vascularização indica que o embrião recebia apreciáveis quantidades de nutrientes e altas taxas de oxigenação, o que, em última análise, auxiliava em um rápido crescimento", explica o paleontólogo Reinaldo José Bertini, da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro.
E, segundo a pesquisa, isso também implicaria numa saída relativamente rápida do ovo. "Infelizmente não dá para determinar um tempo de eclosão. Mas, como são ovos maiores do que os de uma galinha e menores do que os de um avestruz, seria razoável sugerir um período intermediário [ou seja, entre 21 dias e 45 dias]", afirmou Reisz à Folha.

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