quinta-feira, 11 de abril de 2013

Tereza Cruvinel - Estamos combinados‏

Agora ficou tudo em pratos limpos. Se depender do Congresso, nada mudará no sistema político-eleitoral, com suas consequências para a democracia. A sociedade civil ensaia uma resposta, a campanha pelo dinheiro limpo na política 


Estado de Minas: 11/04/2013 

A reforma política, que nunca esteve tão próxima de ser votada, morreu na praia anteontem, por decisão da maioria dos partidos. Agora, pelo menos, ficou tudo em pratos limpos. Está declarado que, se depender do Congresso, nada jamais mudará no sistema político-eleitoral que temos, com todas as consequências nefastas que ele traz para a própria democracia. Já sociedade civil, que recentemente incluiu o tema entre suas demandas, ontem mesmo iniciou uma contraofensiva. As mesmas entidades que lideraram o movimento pró-Ficha Limpa começaram a coletar assinaturas de apoio a um projeto de iniciativa popular sobre o assunto. E começará a debater uma proposta que vem ganhando adeptos, a da Constituinte exclusiva, que faria unicamente o que a de 1988 não fez: dotar o país de um novo sistema político-eleitoral.

É ocioso recordar por que a reforma fracassou. É simples assim: apesar dos pesares, a maioria dos congressistas prefere as regras atuais. Eles já sabem manejá-las e tirar proveito delas. A dissimulação novamente prevaleceu. Negando apoio ao pedido de urgência para a votação dos projetos que tratavam do financiamento público e da introdução do voto alternativo em lista, PMDB, PSDB, DEM, PSB e os demais impediram que o plenário deliberasse sobre o tema. A favor, ficaram apenas PT, PCdoB, PDT e PSOL. Todos continuarão dizendo que são a favor mas “faltou consenso”. E se desculparão dizendo que o PT queria o financiamento público buscando apenas um álibi para o caso mensalão. Com essas desculpas, ficaremos na mesma. Votaremos em A e elegeremos C, votando em coligações nas proporcionais. Setenta grandes empresas, sendo que as 10 primeiras são compostas por grandes empreiteiras e bancos, continuarão financiando as eleições e arbitrando o jogo político. O caixa dois continuará. De vez em quando os incautos serão pegos e punidos, para que o sistema sobreviva e favoreça os espertos, que não fazem lambança em suas operações.

Não é fácil reunir um milhão de assinaturas para garantir a tramitação de um projeto com o selo “popular”, mas impossível não é. Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), União Nacional dos Estudantes (UNE), representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de outras entidades estiveram ontem no Congresso, conversando com os aliados da reforma. “Estou imensamente frustrado mas com enorme disposição para sair às ruas colhendo assinaturas”, disse o relator da proposta natimorta, Henrique Fontana. “Depois da ficha limpa, que venha a campanha pelo dinheiro limpo nas eleições. A Câmara desperdiçou a oportunidade mas acabará ouvindo a voz das ruas”, disse Jorge Viana no encontro com as entidades.

A Constituinte exclusiva é uma proposta que volta e meia entra no debate político, para ser logo esquecida. Foi apresentada originalmente pelo deputado Miro Teixeira, há alguns anos, para tratar de apenas dois temas: reforma política e pacto federativo com reforma tributária. Os dois temas, por sinal, estão na ordem do dia. A questão federativa vem sendo impulsionada por estados e municípios. Mas da reforma política devem agora se encarregar os eleitores. Os eleitos, eles estão satisfeitos.

Minas na rota

O senador Aécio Neves acompanha hoje o governador Anastasia a um evento no interior, onde será anunciado o repasse, pelo estado, de mais de R$ 3 bilhões aos municípios mineiros. “Fazemos o oposto do que faz a presidente, que está matando os municípios de inanição financeira com o centralismo fiscal exacerbado da União”, diz Aécio.

Na segunda-feira próxima, o ex-presidente Lula vai receber em Belo Horizonte o título de cidadão honorário conferido pela Assembleia Legislativa. E a presidente Dilma resolveu comparecer para prestigiá-lo. “Sempre tive uma boa relação com o ex-presidente, que é merecedor da homenagem. Já a presidente devia aproveitar o momento para esclarecer questões que frustraram os mineiros, como a falta de recursos para o Rodoanel e as rodovias, a desautorização de financiamento para a expansão da fábrica da Fiat, o que privará Minas de 10 mil empregos e a transferência, para a Bahia, do polo de acrílico que a Petrobras negociou com o governo de Minas”, cutuca novamente o senador.

Novo comando

O PP faz hoje sua convenção nacional, para eleger a nova direção. O atual presidente, senador Francisco Dornelles, passará a ser presidente de honra, cedendo a posição executiva para o senador Ciro Nogueira. Por ora, nenhuma definição de ordem eleitoral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário