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Busca pelo emagrecimento engorda caixa de empresas
Com avanço da obesidade, que afeta metade das pessoas com 20 anos ou mais, faturamento de academias, fábricas e lojas de produtos light e diet e de suplementos chega a R$ 25 bi
Geórgea Choucair e Marinella Castro
Estado de Minas: 04/05/2013
O brasileiro
ganhou renda e peso nos últimos anos. Quase metade da população com 20
anos ou mais, 49%, está acima do peso, segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nas ruas, no clube, em
festas de aniversário infantil, shoppings ou nas academias, os números
do instituto são verificados na prática. E surfando na busca pela boa
forma física, que preserva a saúde e evita os astronômicos gastos com a
farmácia, surge uma indústria bilionária. Impressionante fábrica de
produtos e serviços para emagrecer não para de crescer no Brasil e
movimenta por ano cerca de R$ 25 bilhões com gastos com academia de
ginástica, produtos light e diet e suplementos alimentares. O número é
das entidades que representam os setores.
De olho nesse público, que busca também melhorar a qualidade de vida, as empresas e academias lançam cada vez mais produtos e serviços. Alguém já ouviu falar em treinamento suspenso com TRX? É uma nova modalidade de ginástica feita com tira de náilon sem elasticidade. A modalidade, que está nas salas de aula das academias, foi inventada em treinamento do exército americano. A técnica foi desenvolvida para a falta de equipamentos para o condicionamento em campo e ajuda a engordar os negócios das academias no país, que em 2012 faturaram R$ 4,6 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Academias (Acad). O valor é quase o dobro do arrecadado em 2010, quando o setor movimentou R$ 2,2 bilhões. “A população começa a se conscientizar de que a atividade física melhora a qualidade de vida”, afirma Kleber Pereira, presidente da Acad.
Assim como cresce a preocupação com exercícios, os alimentos para manter a boa saúde e forma física vêm demonstrando vigor surpreendente. O mercado de alimentos light e diet movimentou R$ 20 bilhões no país no ano passado, alta de 12,35% em relação a 2011, quando as vendas somaram R$ 17,8 bilhões. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad). “A alimentação mais saudável cresce da mesma forma que a atividade física”, diz Carlos Eduardo Gouvêa, presidente da Abiad.
Pela boca No mercado light e diet há 18 anos, a sócia-proprietária do restaurante, lanchonete e empório, Light Life, Maria Ernestina Cotta diz que, apesar de grande parte da população estar de mal com a balança, o país está preocupado com o excesso de peso. “O comportamento é percebido inclusive pela demanda de grandes empresas por almoço e lanches mais saudáveis para seus funcionários”, diz a empresária. Ernestina iniciou o negócio vendendo sobremesas diet. Hoje a loja dobrou de tamanho e trabalha com almoço, lanches, sobremesas, além de uma mercearia de alimentos leves e sem açúcar. “Desenvolvemos também uma linha com opções de pratos e sopas light congelados, que podem ser levados para casa.” O preço varia entre R$ 9,50 e R$ 23 com diversidade de peixes, carnes e vegetarianos. “O crescimento anual varia entre 15% e 20%”, observa .
O presidente da Abiad explica que antes os produtos diet e light eram produzidos em escala mais baixa e o preço não era tão acessível à população. “Aí não dava para melhorar certas características, como o sabor”, afirma. Hoje, diz, mais de 35% da população têm algum produto light ou diet em casa. “Esses produtos, que originalmente eram voltados para pessoas com necessidades especiais, passaram a ganhar mais mercado”, diz Gouvêa.
Ganho no alimento e com as ginásticas
O mercado de suplementos nutricionais (que inclui suplementos para performance, aquisição de massa muscular, força, emagrecedores ou, simplesmente, para auxiliar a busca de alimentação mais equilibrada e balanceada) é outra coqueluche no mundo dos atletas e de pessoas que buscam perder peso. O consumo de suplementos no Brasil chegou a R$ 450 milhões no ano passado, alta de 23% em relação a 2011, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (Abnutri). Segundo a entidade, 80% dos consumidores são jovens com idade entre 15 e 30 anos.
Na TNT Suplementos, as vendas aumentaram em torno de 50% nos últimos anos. “É uma forma de potencializar os ganhos de massa muscular e perder gordura. O resultado é mais rápido e melhora a autoestima das pessoas, que passam a se sentir bem com o próprio corpo”, afirma Roger Trindade, dono da loja. Dados da Abnutri revelam que 60% dos suplementos consumidos hoje no país são à base de Whey Protein (proteína do soro do leite).
A busca pela boa forma no país levou o número de academias no país a somar 22.478 unidades no ano passado, aumento de 23,5% em relação a 2011. “E ainda há muito para crescer. Apenas 3% da população faz academia hoje”, observa Kleber Pereira, presidente da Acad. Ele destaca o aumento do número de obesos na classe C. “Essa parcela da população melhorou o poder de compra e agora tem acesso a carro, controle remoto, congelados e fast food. Antes só comiam em casa”, observa.
Coordenadora da Academia Body Tech em Belo Horizonte, Bia Bicalho aponta que o negócio cresce em números de alunos de 6% a 10% ao ano. “A prevenção com atividade física não é cara. Caro é gastar com remédios”, defende. Na academia que coordena o tíquete médio mensal é de aproximadamente R$ 300 e o espaço é uma fábrica de inovações para atrair crianças , jovens e a terceira idade.
Uma das últimas novidades segundo Bia Bicalho é o treinamento suspenso, feito com o TRX, tira de nylon sem elasticidade. Mas não é só isso. Há um arsenal montado para atrair também os pequenos que estão gordinhos. E as academias contra-atacam e disputam com os joguinhos eletrônicos espaço na agenda da meninada. “Além de todas as aulas tradicionais, temos Fit Kids, desenvolvido especialmente para crianças e a aula de inglês na academia, montada com brincadeiras para exercitar em inglês”, explica.
Investimento A bancária Raquel Kirst, 35 anos, investe cerca de R$ 3 mil por ano em atividades para manter a saúde, sem contabilizar seus gastos com alimentação saudável. Recentemente ela adoeceu por conta de estresse no trabalho e precisou se afastar da corrida e da malhação. De volta à academia, Raquel pretende perder seis quilos até o fim do ano. Para isso, além da ginástica, ela frequenta um grupo de reeducação alimentar e diz que comer bem custa mais. “É mais fácil e mais barato nos alimentarmos mal. Manter a saúde é mais caro, mas compensa.”
Há 40 anos no Brasil, o programa do Vigilantes do Peso, organização mundial de controle de peso, conta hoje com 1,07 milhão de associados no Brasil, 30% a mais do que em 2012. “Com o estresse da vida moderna, as pessoas estão cada vez mais gordas. Ao mesmo tempo, procuram controlar o peso mais cedo. Antes, chegavam com 20 ou 30 quilos a mais. Agora, já procuram o programa com cinco ou seis quilos a mais”, diz. O programa cobra R$ 50 de taxa de adesão mais R$ 27 por semana, além de vender livros de receitas, xícaras medidoras e calculadora eletrônica para medir pontos dos produtos ingeridos.
De olho nesse público, que busca também melhorar a qualidade de vida, as empresas e academias lançam cada vez mais produtos e serviços. Alguém já ouviu falar em treinamento suspenso com TRX? É uma nova modalidade de ginástica feita com tira de náilon sem elasticidade. A modalidade, que está nas salas de aula das academias, foi inventada em treinamento do exército americano. A técnica foi desenvolvida para a falta de equipamentos para o condicionamento em campo e ajuda a engordar os negócios das academias no país, que em 2012 faturaram R$ 4,6 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Academias (Acad). O valor é quase o dobro do arrecadado em 2010, quando o setor movimentou R$ 2,2 bilhões. “A população começa a se conscientizar de que a atividade física melhora a qualidade de vida”, afirma Kleber Pereira, presidente da Acad.
Assim como cresce a preocupação com exercícios, os alimentos para manter a boa saúde e forma física vêm demonstrando vigor surpreendente. O mercado de alimentos light e diet movimentou R$ 20 bilhões no país no ano passado, alta de 12,35% em relação a 2011, quando as vendas somaram R$ 17,8 bilhões. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad). “A alimentação mais saudável cresce da mesma forma que a atividade física”, diz Carlos Eduardo Gouvêa, presidente da Abiad.
Pela boca No mercado light e diet há 18 anos, a sócia-proprietária do restaurante, lanchonete e empório, Light Life, Maria Ernestina Cotta diz que, apesar de grande parte da população estar de mal com a balança, o país está preocupado com o excesso de peso. “O comportamento é percebido inclusive pela demanda de grandes empresas por almoço e lanches mais saudáveis para seus funcionários”, diz a empresária. Ernestina iniciou o negócio vendendo sobremesas diet. Hoje a loja dobrou de tamanho e trabalha com almoço, lanches, sobremesas, além de uma mercearia de alimentos leves e sem açúcar. “Desenvolvemos também uma linha com opções de pratos e sopas light congelados, que podem ser levados para casa.” O preço varia entre R$ 9,50 e R$ 23 com diversidade de peixes, carnes e vegetarianos. “O crescimento anual varia entre 15% e 20%”, observa .
O presidente da Abiad explica que antes os produtos diet e light eram produzidos em escala mais baixa e o preço não era tão acessível à população. “Aí não dava para melhorar certas características, como o sabor”, afirma. Hoje, diz, mais de 35% da população têm algum produto light ou diet em casa. “Esses produtos, que originalmente eram voltados para pessoas com necessidades especiais, passaram a ganhar mais mercado”, diz Gouvêa.
Ganho no alimento e com as ginásticas
O mercado de suplementos nutricionais (que inclui suplementos para performance, aquisição de massa muscular, força, emagrecedores ou, simplesmente, para auxiliar a busca de alimentação mais equilibrada e balanceada) é outra coqueluche no mundo dos atletas e de pessoas que buscam perder peso. O consumo de suplementos no Brasil chegou a R$ 450 milhões no ano passado, alta de 23% em relação a 2011, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (Abnutri). Segundo a entidade, 80% dos consumidores são jovens com idade entre 15 e 30 anos.
Na TNT Suplementos, as vendas aumentaram em torno de 50% nos últimos anos. “É uma forma de potencializar os ganhos de massa muscular e perder gordura. O resultado é mais rápido e melhora a autoestima das pessoas, que passam a se sentir bem com o próprio corpo”, afirma Roger Trindade, dono da loja. Dados da Abnutri revelam que 60% dos suplementos consumidos hoje no país são à base de Whey Protein (proteína do soro do leite).
A busca pela boa forma no país levou o número de academias no país a somar 22.478 unidades no ano passado, aumento de 23,5% em relação a 2011. “E ainda há muito para crescer. Apenas 3% da população faz academia hoje”, observa Kleber Pereira, presidente da Acad. Ele destaca o aumento do número de obesos na classe C. “Essa parcela da população melhorou o poder de compra e agora tem acesso a carro, controle remoto, congelados e fast food. Antes só comiam em casa”, observa.
Coordenadora da Academia Body Tech em Belo Horizonte, Bia Bicalho aponta que o negócio cresce em números de alunos de 6% a 10% ao ano. “A prevenção com atividade física não é cara. Caro é gastar com remédios”, defende. Na academia que coordena o tíquete médio mensal é de aproximadamente R$ 300 e o espaço é uma fábrica de inovações para atrair crianças , jovens e a terceira idade.
Uma das últimas novidades segundo Bia Bicalho é o treinamento suspenso, feito com o TRX, tira de nylon sem elasticidade. Mas não é só isso. Há um arsenal montado para atrair também os pequenos que estão gordinhos. E as academias contra-atacam e disputam com os joguinhos eletrônicos espaço na agenda da meninada. “Além de todas as aulas tradicionais, temos Fit Kids, desenvolvido especialmente para crianças e a aula de inglês na academia, montada com brincadeiras para exercitar em inglês”, explica.
Investimento A bancária Raquel Kirst, 35 anos, investe cerca de R$ 3 mil por ano em atividades para manter a saúde, sem contabilizar seus gastos com alimentação saudável. Recentemente ela adoeceu por conta de estresse no trabalho e precisou se afastar da corrida e da malhação. De volta à academia, Raquel pretende perder seis quilos até o fim do ano. Para isso, além da ginástica, ela frequenta um grupo de reeducação alimentar e diz que comer bem custa mais. “É mais fácil e mais barato nos alimentarmos mal. Manter a saúde é mais caro, mas compensa.”
Há 40 anos no Brasil, o programa do Vigilantes do Peso, organização mundial de controle de peso, conta hoje com 1,07 milhão de associados no Brasil, 30% a mais do que em 2012. “Com o estresse da vida moderna, as pessoas estão cada vez mais gordas. Ao mesmo tempo, procuram controlar o peso mais cedo. Antes, chegavam com 20 ou 30 quilos a mais. Agora, já procuram o programa com cinco ou seis quilos a mais”, diz. O programa cobra R$ 50 de taxa de adesão mais R$ 27 por semana, além de vender livros de receitas, xícaras medidoras e calculadora eletrônica para medir pontos dos produtos ingeridos.
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