Humberto Siqueira
Estado de Minas: 20/01/2013
O surgimento da pílula proporcionou uma revolução na vida das mulheres. Permitiu que elas planejassem melhor suas vidas. Pela primeira vez, puderam decidir se e quando teriam filhos. O que também teve fortes reflexos no mercado de trabalho, com as mulheres deixando o lar para brilharem em todas as profissões. Com tecnologia de ponta na pesquisa científica, uma nova revolução se apresenta não só para melhorar a segurança e efetividade dos métodos contraceptivos, como também para ir além, com outros benefícios e menos efeitos colaterais.
As novidades em contracepção foram apresentadas durante o último Congresso Mundial da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo), em Roma, na Itália, no fim do ano passado. Segundo a ginecologista e professora da Universidade de Paiva na Itália, Rossella Nappi, o grande avanço nos tratamentos orais está na mudança de conceito. “Agora está chegando ao mercado o contraceptivo oral combinado (COC) com estrogênio natural. É um medicamento que combina valerato de estradiol, que é bioequivalente, natural, com dienogeste. O valerato de estradiol, no trato digestivo, é convertido a estradiol e se mostrou tão ou mais confiável que outras pílulas. Estudos feitos na Europa e nos Estados Unidos apontaram índices de falha de 0,73% e 1,64%, respectivamente”, comemora Nappi.
Segundo Agnaldo Lopes da Silva Filho, professor titular de ginecologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e que esteve no congresso, a contracepção deve ser tratada como política de saúde pública. “Cerca de 40% das gravidezes no mundo não são planejadas. Dessas, 50% são interrompidas. Como em muitos países o aborto não é legal, muitas mulheres tentam fazê-lo sem a segurança hospitalar, o que aumenta os números de mortalidade materna. Mas mesmo quem mantém a gravidez acidental também acaba dando à luz crianças com baixo peso, altura e com maior tendência a problemas psicológicos. O ideal é a mulher planejar a gravidez, para preparar seu organismo”, explica.
TROMBOSE Dentro de uma boa política de contracepção, é importante dar alternativas para a mulher. “O que vimos no congresso é uma consolidação de novos tratamentos. O COC usa estrogênio natural. Aparentemente é melhor que o sintético, que é muito potente. E, como o estrogênio também tem relação com a trombose, o sintético tem um risco aumentado para tromboembolismo arterial e venoso”, explica Lopes Filho. A contracepção pode elevar o risco de tromboembolismo entre três e cinco vezes. Mas paciente de 20 anos ou adolescente tem risco menor do que a mulher acima de 40 anos. “Mas vale frisar, que o risco se mantém muito baixo e o uso da pílula oferece mais benefícios que riscos. Apenas três em cada 10 mil mulheres têm tromboembolismo”, acrescenta o professor.
Segundo Nappi, a nova fórmula interfere menos na glicose, nos parâmetros de coagulação e no colesterol. Também não piora, e há casos em que até melhora a função sexual. Outro benefício apontado é que o medicamento reduz a dor de cabeça e ainda mais a dor pélvica. “As dores de cabeça e a pélvica e a tensão pré-menstrual (TPM) em geral podem estar ligadas também à privação dos hormônios. A maior parte das pílulas atuam dentro de um regime de 21 por 7. Ou seja, 21 pílulas com hormônio e sete dias sem pílula, durante a menstruação. Este novo medicamento tem 28 pílulas, sendo duas não ativas (sem os princípios ativos). Então, são só dois dias de privação, o que diminui o efeito de abstinência no organismo, melhorando todos aqueles sintomas”, detalha a médica italiana.
Estudos entre este medicamento e o placebo demonstraram que ele reduziu em 88% (contra 24% do placebo) a perda sanguínea na menstruação, o que é importante para mulheres com menorragia (períodos menstruais com fluxo intenso e prolongado) e tendência à anemia. “Constatou-se ainda que 65% das mulheres tiveram normalização do sangramento e 30% pararam de menstruar, o que trouxe um conforto maior para as mulheres. Vale frisar que não há problema para o organismo se a mulher não menstruar. A menstruação é a eliminação do endométrio, uma camada de tecidos que se forma no útero para receber um óvulo fecundado. Quando não há gravidez, ele é eliminado. Mas com esse tratamento o endométrio fica muito fino, sem necessidade de ser eliminado”, garante Nappi.
BENEFÍCIOS EXTRAS Outro tratamento destacado durante o congresso combina 0,02 miligrama de etinilestradiol (hormônio sintético) e 3 miligramas de drospirinona. “Cada mulher se adapta melhor a uma opção de tratamento. Este contraceptivo oral combinado tem menor impacto na pressão arterial e nos sistemas psicológicos. Também tem se mostrado uma boa opção para mulheres com problemas androgênicos, provocados por hormônios masculinos, como acne e pelos no corpo e na face. Ele tem forte efeito antiandrogênico, aliviando a ocorrência desses problemas”, revela Agnaldo Lopes.
Este COC prevê a ingestão da pílula por 24 dias e descanso de quatro dias. Segundo especialistas, ele oferece uma maior segurança no caso de a mulher esquecer a primeira pílula do ciclo. Em um estudo realizado com 1.386 mulheres que fizeram uso deste contraceptivo, 1% engravidou, o que indica uma proteção equivalente a 99%. E, como a drospirinona tem forte efeito diurético, a mulher tem menor retenção de líquidos, o que é positivo para o peso e para o controle da TPM, melhorando o comportamento, humor e aptidão física. Sem prejudicar a libido. “Os benefícios extras da pílula ajudam na manutenção do tratamento”, diz Nick Panay, diretor do Departamento de Ginecologia do Westminster Hospital, em Londres. Com esse medicamento, é possível ficar até 120 dias sem menstruação. Também pode ser menor, 60, 80 dias. Basta emendar uma cartela na outra.
As novidades em contracepção foram apresentadas durante o último Congresso Mundial da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo), em Roma, na Itália, no fim do ano passado. Segundo a ginecologista e professora da Universidade de Paiva na Itália, Rossella Nappi, o grande avanço nos tratamentos orais está na mudança de conceito. “Agora está chegando ao mercado o contraceptivo oral combinado (COC) com estrogênio natural. É um medicamento que combina valerato de estradiol, que é bioequivalente, natural, com dienogeste. O valerato de estradiol, no trato digestivo, é convertido a estradiol e se mostrou tão ou mais confiável que outras pílulas. Estudos feitos na Europa e nos Estados Unidos apontaram índices de falha de 0,73% e 1,64%, respectivamente”, comemora Nappi.
Segundo Agnaldo Lopes da Silva Filho, professor titular de ginecologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e que esteve no congresso, a contracepção deve ser tratada como política de saúde pública. “Cerca de 40% das gravidezes no mundo não são planejadas. Dessas, 50% são interrompidas. Como em muitos países o aborto não é legal, muitas mulheres tentam fazê-lo sem a segurança hospitalar, o que aumenta os números de mortalidade materna. Mas mesmo quem mantém a gravidez acidental também acaba dando à luz crianças com baixo peso, altura e com maior tendência a problemas psicológicos. O ideal é a mulher planejar a gravidez, para preparar seu organismo”, explica.
TROMBOSE Dentro de uma boa política de contracepção, é importante dar alternativas para a mulher. “O que vimos no congresso é uma consolidação de novos tratamentos. O COC usa estrogênio natural. Aparentemente é melhor que o sintético, que é muito potente. E, como o estrogênio também tem relação com a trombose, o sintético tem um risco aumentado para tromboembolismo arterial e venoso”, explica Lopes Filho. A contracepção pode elevar o risco de tromboembolismo entre três e cinco vezes. Mas paciente de 20 anos ou adolescente tem risco menor do que a mulher acima de 40 anos. “Mas vale frisar, que o risco se mantém muito baixo e o uso da pílula oferece mais benefícios que riscos. Apenas três em cada 10 mil mulheres têm tromboembolismo”, acrescenta o professor.
Segundo Nappi, a nova fórmula interfere menos na glicose, nos parâmetros de coagulação e no colesterol. Também não piora, e há casos em que até melhora a função sexual. Outro benefício apontado é que o medicamento reduz a dor de cabeça e ainda mais a dor pélvica. “As dores de cabeça e a pélvica e a tensão pré-menstrual (TPM) em geral podem estar ligadas também à privação dos hormônios. A maior parte das pílulas atuam dentro de um regime de 21 por 7. Ou seja, 21 pílulas com hormônio e sete dias sem pílula, durante a menstruação. Este novo medicamento tem 28 pílulas, sendo duas não ativas (sem os princípios ativos). Então, são só dois dias de privação, o que diminui o efeito de abstinência no organismo, melhorando todos aqueles sintomas”, detalha a médica italiana.
Estudos entre este medicamento e o placebo demonstraram que ele reduziu em 88% (contra 24% do placebo) a perda sanguínea na menstruação, o que é importante para mulheres com menorragia (períodos menstruais com fluxo intenso e prolongado) e tendência à anemia. “Constatou-se ainda que 65% das mulheres tiveram normalização do sangramento e 30% pararam de menstruar, o que trouxe um conforto maior para as mulheres. Vale frisar que não há problema para o organismo se a mulher não menstruar. A menstruação é a eliminação do endométrio, uma camada de tecidos que se forma no útero para receber um óvulo fecundado. Quando não há gravidez, ele é eliminado. Mas com esse tratamento o endométrio fica muito fino, sem necessidade de ser eliminado”, garante Nappi.
BENEFÍCIOS EXTRAS Outro tratamento destacado durante o congresso combina 0,02 miligrama de etinilestradiol (hormônio sintético) e 3 miligramas de drospirinona. “Cada mulher se adapta melhor a uma opção de tratamento. Este contraceptivo oral combinado tem menor impacto na pressão arterial e nos sistemas psicológicos. Também tem se mostrado uma boa opção para mulheres com problemas androgênicos, provocados por hormônios masculinos, como acne e pelos no corpo e na face. Ele tem forte efeito antiandrogênico, aliviando a ocorrência desses problemas”, revela Agnaldo Lopes.
Este COC prevê a ingestão da pílula por 24 dias e descanso de quatro dias. Segundo especialistas, ele oferece uma maior segurança no caso de a mulher esquecer a primeira pílula do ciclo. Em um estudo realizado com 1.386 mulheres que fizeram uso deste contraceptivo, 1% engravidou, o que indica uma proteção equivalente a 99%. E, como a drospirinona tem forte efeito diurético, a mulher tem menor retenção de líquidos, o que é positivo para o peso e para o controle da TPM, melhorando o comportamento, humor e aptidão física. Sem prejudicar a libido. “Os benefícios extras da pílula ajudam na manutenção do tratamento”, diz Nick Panay, diretor do Departamento de Ginecologia do Westminster Hospital, em Londres. Com esse medicamento, é possível ficar até 120 dias sem menstruação. Também pode ser menor, 60, 80 dias. Basta emendar uma cartela na outra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário