ZERO HORA - 03/03/2013
“De
todas as pessoas que eu conhecia, ela era a candidata menos provável de
eu vir a ter uma história. Extremamente carola, cheia de nove horas, o
oposto do meu estilo. Sou um cara moderno, livre, desimpedido em todos
os sentidos.
Sempre gostei de mulheres bem resolvidas, e ela me
parecia uma menininha à espera de um anjo salvador. No entanto, quando
dei por mim, ela estava sob as minhas asas. Não era o que eu buscava na
vida, não era mesmo. Não sei como chamar isso”.
“Se cruzassem
nossos perfis em qualquer rede social, daria um curto-circuito. Ele não
gosta de nada do que eu gosto, e eu tenho aversão ao jeito que ele se
comporta. Mas, desavisados, numa festa trocamos um beijo que fez alguma
coisa acender, e desde então é briga atrás de briga. Ambos se perguntam:
o que justifica essa nossa insistência?”
“O Caetano tem uma
música que diz: mexe qualquer coisa dentro doida. É bem assim que me
sinto. É do departamento das loucuras inexplicáveis. Sou bonita,
inteligente, bem educada. Sei que agrado, não ficaria sozinha jamais, a
não ser que quisesse. No entanto, estou há dois anos namorando um colega
de faculdade que me esnoba, mas não me deixa, e eu vou arrastando esse
relacionamento na esperança de que ele amadureça. Tem nome um troço
desses? Carência, doença, masoquismo?”
“Namoro uma mulher bem
mais velha que eu. Minha mãe torce o nariz. Meus amigos me chamam para a
balada a fim de que eu conheça umas garotas da minha idade. Ela própria
acredita estar empatando a minha vida. Meu terapeuta acha que está tudo
bem do jeito que está, e eu também acho, mas ninguém a minha volta
parece compreender. Às vezes nem eu compreendo”.
“Meu casamento
durou apenas quatro anos. Não conseguíamos viver bem, era um desgaste
emocional que fazia ambos sofrerem. Decidimos terminar de comum acordo e
nós dois estamos agora respirando melhor, com a vida mais destravada.
Até já estou saindo com outro cara, mas quando toca o celular, fico
torcendo para que seja meu ex. Queria entender o que se passa comigo”.
“Já
fui casado e sei bem o que é uma relação saudável, bacana, estruturada.
Estaria com ela até hoje se não tivesse enviuvado. Achei que nunca iria
me recuperar do baque, mas anos depois comecei outra relação séria, só
que era o oposto do primeiro casamento: um tumulto, parecia que
falávamos idiomas diferentes, ninguém se entendia, mas a atração era
incontrolável e estamos juntos até hoje, nem eu nem ela temos coragem de
sair fora, mesmo sem entender o que nos faz ficar”.
“Sabe
relação ioiô? Vai e volta, vai e volta? Nenhum dos dois têm mais
paciência pra isso, é ridículo. Se não conseguimos nos acertar até aqui,
qual a esperança de um milagre acontecer? Teimosia, é o nome disso. Se
não é teimosia, não sei o que é”.
Quando a gente não sabe o que é, é amor.
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