Mentiras petistas e tucanas
Pibinhos e Pibões não dizem tudo sobre um governo; debate está partidarizado além da conta
O descaramento das turumbambas entre tucanos e petistas contribui muito para a degradação da conversa, como se sabe.
Mas por que damos de barato que a política politiqueira grossa domine todo o debate político entre os partidos que muito mal e mal ainda merecem tal nome? Pior que isso, a grossura domina muito do debate entre simpatizantes mais instruídos e menos envolvidos na refrega eleitoral.
Democracias costumam suscitar comportamentos demagógicos e populistas. Mas exageramos até no debate que deveria ter mais substância e clareza. Nem explicitamos interesses de classe (ou algo assim) ou a lógica econômica dos argumentos.
Exemplo. Muita gente sensata diz que consumimos demais, investimos menos, com o que crescemos pouco. Isto quer dizer, desculpem, que devemos consumir menos e investir mais (mesmo que isso apenas não resolva nossos problemas).
Como? Por exemplo, limitando gastos correntes do governo (afora investimento) e salários, uma intersecção que de imediato sugere restrição ao aumento do salário mínimo e de benefícios sociais, por algum tempo.
Certo ou errado, é o que está na cabeça da maioria dos economistas públicos mais relevantes e é mesmo dito de modo disfarçado pela maioria dessa maioria.
Dilma Rousseff chutaria o eleitorado se fizesse tal coisa. Mesmo que achasse correto fazê-lo, o tempo político é curto. A próxima eleição está sempre ali na esquina. Os danos seriam imediatos; eventuais benefícios viriam no governo seguinte.
Mas o que governo, sindicatos ou movimentos sociais propõem para lidar com inflação (excesso de consumo), custos produtivos, poupança ínfima, investimento baixo? Aliás, calam-se também todos os muitos empresários beneficiados por subsídios e proteções do governo.
Mais exemplo. Governos podem ser avaliados apenas por Pibinhos e Pibões? Não. Petistas e tucanos mentem sobre o passado e o presente. Quando a economia se arrastava sob Lula 1, tucanos faziam troça da inépcia petista. Quando crescemos a mais de 4%, passaram a dizer que o sucesso se devia à herança de FHC.
Petistas chutam a "herança maldita" de FHC. Qual? Menos inflação, fim da esbórnia fiscal dos Estados, controle da baita crise bancária, empresas algo mais eficientes? Pode-se maldizer heranças fernandinas, claro, mas gente civilizada do governo petista não cospe nesse prato (mas não o dizem de público).
Sim, governos podem causar danos imediatos. Mas muitas de suas melhores ações farão efeito mais tarde (como iniciativas de Dilma, como a maioria das decisões de FHC). Surtos de crescimento ou crise muita vez dependem de ações passadas, de efeitos externos ou de incógnitas. De resto, decisões de política econômica são, bidu, políticas; o debate não se resolve num seminário acadêmico. Mas fomos longe demais no partidarismo.
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