Veteranos simulam masturbação ao reagirem a protesto contra o desfile de calouras 'Miss Bixete' em São Carlos
'Rasgaram nossa faixa e tentaram agarrar as manifestantes', diz aluna; caso repercutiu nas redes sociais
Foi assim que um grupo de veteranos respondeu, na última terça-feira, ao protesto contra uma atividade de recepção aos calouros denominada "Miss Bixete".
Organizado pelo auto-intitulado GAP (Grupo de Apoio à Putaria), o "Miss Bixete" inclui o "convite" às calouras para que subam a um palco e exibam seus corpos em um desfile -muitas são estimuladas a erguer a blusa e ouvem dos veteranos os gritos de "peitão" e "bundão" como resposta.
Desde 2005, o Caaso (Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira), entidade representativa dos estudantes do campus de São Carlos, participa dos protestos contra o "Miss Bixete".
Neste ano, o Caaso recebeu o apoio da Frente Feminista de São Carlos. No total, pelo menos 50 jovens (homens e mulheres) manifestaram sua inconformidade com o trote, por julgá-lo "violento" e "machista", conforme consta no site do centro acadêmico.
Segundo uma estudante de 20 anos, membro da Frente Feminista de São Carlos e que pediu o anonimato, pelo menos seis veteranos se irritaram com o ato e começaram a hostilizar os manifestantes.
"Chegaram ao ponto de arremessar sobre nós cerveja e bombinha", disse. "Rasgaram nossa faixa e até tentaram agarrar algumas das manifestantes."
A confusão foi fotografada e filmada. Os arquivos bombaram nas redes sociais. Para Jacira Melo, do Instituto Patrícia Galvão, organização social feminista de São Paulo, a reação dos veteranos ao protesto contra o "Miss Bixete" só confirma que o trote era mesmo "desrespeitoso e violento".
"Diante da crítica, eles usaram de violência grotesca para tentar humilhar e calar. A USP não pode tolerar esse tipo de comportamento de gangue", disse a militante Nilza Iraci, 62, do Geledés, Instituto da Mulher Negra.
EXATAS
Com maioria de cursos da área de Exatas (engenharia, química, física e matemática, além de arquitetura e urbanismo), o campus de São Carlos da USP tem 4.761 alunos de graduação e 2.392 de pós (dados de junho de 2012).
A direção do campus anunciou ontem, quando disse ter tomado conhecimento do acontecido, que tentará identificar "os envolvidos nesse lamentável evento" para então abrir um processo administrativo contra eles.
Em nota, a USP afirmou que a atividade não faz "parte da Semana de Recepção dos Calouros" e que "é veementemente contra qualquer ação que cause constrangimento".
A universidade não divulgou os nomes dos agressores. Mas jovens que participaram do protesto contra o "Miss Bixete" apontaram ao menos seis alunos como protagonistas das cenas constrangedoras. A universidade tem uma linha direta, o serviço Disque-Trote (0800 012 10 90) para que qualquer pessoa denuncie abuso na recepção dos calouros.
FRASE
"Rasgaram nossa faixa e simularam sexo com uma boneca inflável na nossa frente. Até tentaram se aproveitar de algumas das manifestantes, tentaram agarrá-las"
ESTUDANTE DE 20 ANOS
integrante da Frente Feminista, que pediu o anonimato
integrante da Frente Feminista, que pediu o anonimato
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