IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Quando o educador físico californiano Bob Anderson lançou a primeira edição de seu livro sobre alongamento, a febre das academias e do culto ao corpo estava só começando. O ano era 1975.
A obra virou best-seller, com mais de 3 milhões de cópias vendidas no mundo. No Brasil, a bíblia do estica-e-puxa teve 24 reimpressões. A edição lançada agora --"Alongue-se"(Summus, 240 págs., R$ 90)-- celebra 30 anos da primeira publicação no país.
Nos últimos anos, pesquisas e especialistas têm questionado alguns dos benefícios creditados ao alongamento.
É claro que na avaliação de Anderson, 68, a prática sempre faz bem. Problemas como lesões, diz ele, não são causados pela técnica em si, mas pela forma com que as pessoas passaram a fazer esses exercícios: como uma competição, esticando músculos além do limite da dor e criando tensões.
O professor também explica que muitas pessoas têm o hábito de sustentar o alongamento de cada músculo por tempo demais. Ele recomenda ficar em cada posição por 15 segundos, no máximo.
Nesse ponto, ele está afinado com as novas pesquisas, embora diga não se importar muito com elas. Um dos maiores estudos sobre o tema, publicado no ano passado na revista "Medicine & Science in Sports & Exercise", chegou à conclusão de que manter o alongamento por menos de 30 segundos evita os efeitos negativos que podem ser associados à prática.
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Folha - Por que o alongamento se tornou tão popular?
Bob Anderson - Porque qualquer pessoa pode fazer, é fácil de aprender e ajuda a a pessoa a viver melhor.
Essa popularização tem deixado as pessoas mais flexíveis?
Nem todo mundo conhece os fundamentos do alongamento ou mesmo a importância de fazê-lo. Se as pessoas não estão mais flexíveis é porque elas não fazem exercícios suficientes para contrabalançar um dos efeitos do envelhecimento, que é a perda gradual da flexibilidade.
Se a pessoa passa muito tempo sentada, ela não perde apenas a força, mas também a amplitude dos movimentos. Há outro lado, também: alguns fazem muitos alongamentos e, mesmo assim, ficam menos flexíveis, porque estão indo além de seus limites. Encaram os exercícios como uma competição. Isso tem efeito contrário: faz os músculos se encurtarem.
Alongar-se antes de uma atividade intensa, como a corrida, aumenta o risco de lesões?
Não. Se a pessoa está se alongando da forma certa, antes ou depois da atividade física, não vai se machucar.
Qual é, então, a forma correta de se alongar?
Prestando atenção à sensação do músculo começando a se esticar, indo adiante apenas enquanto for fáci e, com o tempo, colocando uma suave tensão muscular na ação. A pessoa também precisa, enquanto se alonga, manter o relaxamento das mãos, dos pés, dos ombros e da mandíbula. E ficar na posição por 15 segundos, não mais.
O que mudou na técnica desde os anos 1970, época da sua primeira edição?
O método não mudou, mas na última edição acrescentamos um capítulo para atender questões ligadas ao estresse no trabalho.
Lydia Megumi/Editoria de Arte/Folhapress | ||
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