terça-feira, 2 de abril de 2013

Descalibrado no jogo interno, deputado Feliciano pode morrer pela boca

folha de são paulo

ANÁLISE
RICARDO MENDONÇAEDITOR-ASSISTENTE DE "PODER"Discursar, pregar e tuitar de forma ofensiva a gays, negros e mulheres rendeu muito barulho contra (ou para) Marco Feliciano nas ruas e nas redes sociais.
Mas, pelo menos até agora, isso não parece ter sido suficiente para sensibilizar seus colegas de Câmara em número suficiente para lhe causar estragos mais sérios.
A sorte do pastor legislador poderá começar a mudar, porém, se ele não conseguir controlar a língua quando fala especificamente de seus pares, os deputados.
Na sexta-feira passada, Feliciano disse que, antes de sua chegada, a Comissão de Direitos Humanos era "controlada por Satanás".
No instante e no local em que fez essa afirmação (durante um culto), ele poderia estar jogando para a plateia, como quando fala em "ditadura gay". Mas os feridos, agora, não são mais aqueles que terão de esperar até 2014 para não votar em quem não iriam votar de qualquer jeito.
Desde 1995, a comissão foi presidida por 15 parlamentares. Dezenas de outros passaram por lá. Vão aceitar pacificamente a pecha satanista?
Ontem, em entrevista à Folha, Feliciano voltou a derrapar onde, estrategicamente, deveria ser mais cuidadoso.
Numa postura que denota arrogância, resolveu descredenciar a reunião de líderes que discutirá seu caso na semana que vem. Disse que o encontro é para achincalhá-lo. Resultado: se tinha algum defensor lá dentro, provavelmente acabou de perder.
Igualmente fora de cálculo foi a comparação nada lisonjeira com o presidente da Câmara. Henrique Eduardo Alves, disse ele, também sofreu acusações, mas sobreviveu.
Pode até ser verdade. Mas que tipo de solidariedade ele acha que terá com isso?

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