ZERO HORA - 19/05/2013
Há
que se respeitar quem sofre de depressão, distimia, bipolaridade e
demais transtornos psíquicos que afetam parte da população. Muitos
desses pacientes recorrem à ajuda terapêutica e se medicam a fim de
minimizar os efeitos desastrosos que respingam em suas relações
profissionais e pessoais.
Conseguem tornar, assim, mais
tranquila a convivência. Mas tem um grupo que está longe de ser doente:
são os que simplesmente se autointitulam “difíceis” com o propósito de
facilitar para o lado deles.
São os temperamentais que não estão
seriamente comprometidos por uma disfunção psíquica — ao menos, não que
se saiba, já que não possuem diagnóstico. São morrinhas,
apenas.
Seja por alguma insegurança trazida da infância, ou por narcisismo
crônico, ou ainda por terem herdado um gênio desgraçado, se decretam
“difíceis” e quem estiver por perto que se adapte. Que vida mole, não?
Tem
uma música bonita do Skank que começa dizendo: “Quando eu estiver
triste, simplesmente me abrace/Quando eu estiver louco, subitamente se
afaste/quando eu estiver fogo/suavemente se encaixe...”. A letra é
poética, sem dúvida, mas é o melô do folgado.
Você é obrigada a
reagir conforme o humor da criatura. Antigamente, quando uma amiga, um
namorado ou um parente declarava-se uma pessoa difícil, eu relevava.
Ora, estava previamente explicada a razão de o infeliz entornar o caldo,
promover discussões, criar briga do nada, encasquetar com besteira. Era
alguém difícil, coitado. E teve a gentileza de avisar antes. Como não
perdoar?
Já fui muito boazinha, lembro bem. Hoje em dia, se
alguém chegar perto de mim avisando “sou uma pessoa difícil”, desejo
sorte e desapareço em três segundos.
Já gastei minha cota de
paciência com esses difíceis que utilizam seu temperamento infantil e
autocentrado como álibi para passar por cima dos sentimentos dos outros
feito um trator, sem ligar a mínima se estão magoando — e claro que
esses “outros” são seus afetos mais íntimos, pois com colegas e
conhecidos eles são uns doces, a tal “dificuldade” que lhes caracteriza
some como num passe de mágica. Onde foi parar o ogro que estava aqui?
Chega-se
numa etapa da vida em que ser misericordioso cansa. Se a pessoa é
difícil, é porque está se levando a sério demais. Será que já não tem
idade para controlar seu egocentrismo?
Se não controla, é porque
não está muito interessada em investir em suas relações. Já que ficam
loucos a torto e direito, só nos resta se afastar, mesmo. E investir em
pessoas alegres, educadas, divertidas e que não desperdiçam nosso tempo
com draminhas repetitivos, dos quais já se conhece o final: sempre sobra
pra nós os fáceis.
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