Empresas adotam valores mais competitivos, mas cortam voos. Movimento não afeta companhias de ônibus mineiras
Carolina Mansur e Geórgea Choucair
Estado de Minas: 11/05/2013
As passagens
aéreas estão mais baratas. Os preços dos bilhetes de avião registram
queda de 28,1% no acumulado deste ano até abril, segundo o Índice de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Só em abril, a queda foi de 9,12%. No
acumulado dos últimos 12 meses (maio de 2012 a abril de 2013), a redução
nas tarifas foi de 13,14%.
O valor mais competitivo do bilhete é
um atrativo ao passageiro, mas não foi suficiente para inverter os
números do transporte rodoviário. Em Belo Horizonte, os embarques
somaram 467,62 mil em abril, contra 450,18 mil no mesmo mês de 2012.
“Março e abril são meses de baixa temporada, são esperados preços
menores nas tarifas aéreas. Além disso, o preço subiu muito no ano
passado”, afirma Irene Maria Machado, gerente de pesquisa do IBGE.
O
transporte aéreo esbarra ainda no cancelamento de voos das companhias
aéreas e a estrutura precária de muitos aeroportos regionais. Depois de
cancelar os voos em São João del-Rei e Varginha, a Azul/Trip Linhas
Aéreas anunciou ontem que não vai mais operar na rota de Belo Horizonte a
Juiz de Fora. A empresa aérea enviou à Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) pedido para deixar de operar com os voos do aeroporto
Francisco Álvares de Assis (Serrinha) para Pampulha e Guarulhos a partir
do dia 15 de maio. No lugar serão criados três voos do Serrinha para
Viracopos (Campinas). Segundo a empresa, a mudança faz parte de
readequação da malha.
A competitividade imposta pelos preços das
passagens aéreas ainda não é problema para as empresas de transporte
rodoviário, avalia Claudilene Carvalho de Assis, gerente comercial da
Gardenia, que tem atuação no Centro-Oeste e Sul de Minas. Segundo ela,
alguns fatores ainda garantem os níveis de ocupação dos ônibus. “Em Belo
Horizonte temos um aeroporto longe do Centro que demanda custos com
deslocamento e um outro com poucas opções de voo”, considera. Ainda
segundo Claudilene, o perfil do passageiro de ônibus, que sempre procura
o serviço “de última hora”, também conta pontos a favor do transporte
rodoviário. “Dificilmente um passageiro de avião consegue passagem
barata de última hora. Viajar barato de avião requer planejamento bem
antecipado”, garante.
Enquanto os destinos intermunicipais ainda
não sentiram a diminuição de passageiros, as viagens mais longas acabam
comprometidas, segundo a gerente da Gardenia. Ela conta que na linha de
Belo Horizonte para Campinas, em São Paulo, já houve queda de 10% a 12%
no nível de ocupação, no último ano. Em nota, a diretoria da Gontijo e
São Geraldo informou que embora haja a notícia da migração de clientes
do transporte rodoviário para o modal aéreo, o movimento ainda não
aparece em suas estatísticas de venda.
Trabalhando no Pará, o
encarregado de produção Rubens Ubiraci de Assis vem a Barbacena de dois
em dois meses ver a família. A parte mais longa da viagem ele faz de
avião e paga R$ 148 para ir e voltar, quando compra a passagem com
antecedência. De Belo Horizonte para Barbacena, ele obrigatoriamente
precisa pegar um ônibus e paga cerca de R$ 45. “Para mim avião compensa
mais nos trechos interestaduais.”
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