Sucessos de 2013
RIO DE JANEIRO - Outro dia, numa livraria, um amigo me disse que os livros de hoje estão lhe lembrando cartelas de bingo. Já não se contentam com um título simples, escrito com letras --exemplo: "Os Irmãos Karamazov". Precisam também de uma data e de um subtítulo bem atraente. O próprio romance de Dostoiévski, se lançado agora, se chamaria "1879: Os Irmãos Karamazov --Quando Deus Foi Abolido para que Tudo Ficasse Permitido".E foi me apontando os títulos: "1808: Como uma Rainha Louca, um Príncipe Medroso e uma Corte Corrupta Enganaram Napoleão e Mudaram a História de Portugal e do Brasil" e "1822: Como um Homem Sábio, uma Princesa Triste e um Escocês Louco por Dinheiro Ajudaram D. Pedro a Criar o Brasil --um País que Tinha Tudo para Dar Errado", ambos do Laurentino Gomes;
"1494: Como uma Briga de Família na Espanha Medieval Dividiu o Mundo ao Meio", de Stephen R. Brown; "1565: Enquanto o Brasil Nascia", de Pedro Doria; "1812: A Marcha Fatal de Napoleão Rumo a Moscou", de Adam Zamoyski; "1945: O Capítulo que Faltava da Segunda Guerra Mundial", de David Stafford; etc. E, para eu não pensar que só os livros de história são assim, mostrou-me o romance de Haruki Murakami, "1Q84", que se pronuncia... não sei.
Intrigado, perguntei a amigos nas editoras o que elas tinham na agulha. Algumas respostas: "1298: A Viagem de Marco Polo à China e Tudo que Nunca Aconteceu Nela, Inclusive Ela"; "1455: De como Gutenberg Inventou a Internet 500 Anos Antes de Tim Berners-Lee Escrever --sem Querer-- www.http://"; "1922: De como um Gordinho Rico e um Coroinha Pobre Resolveram Ser Modernos Juntos e se Odiaram para Sempre". E vem mais por aí.
Um dia, imagino, alguém escreverá "2013 --O Ano dos Anos e dos Subtítulos que Às Vezes Eram Tão Longos Quanto os Próprios Livros".
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