Folha de S Paulo - 09/12/2012
Como no caso do Google News, empresas brasileiras recusam condições impostas para participar do Newsstand
Veículos não aceitam cobrança de 30% das vendas e perda de base de dados dos clientes; americana não comenta
NELSON DE SÁ
DE SÃO PAULO
Como no caso do Google News, empresas brasileiras recusam condições impostas para participar do Newsstand
Veículos não aceitam cobrança de 30% das vendas e perda de base de dados dos clientes; americana não comenta
A exemplo do que aconteceu com o Google News no ano passado, os jornais brasileiros se unem agora em relação à Apple e negam participação no Newsstand, o aplicativo da empresa de tecnologia para imprensa.
A Apple procurou as publicações, reunidas no Comitê de Estratégia Digital da ANJ (Associação Nacional de Jornais), para que entrassem no Newsstand, que oferece vantagens, como promoções.
Mas os jornais questionam a cláusula contratual da Apple que impede o acesso das publicações aos dados de seus próprios assinantes. Resistem também ao percentual da receita com assinaturas cobrado pela Apple, 30%.
PATRIMÔNIO
Ricardo Pedreira, diretor-executivo, diz que a ANJ atua no caso como um fórum de debates e que cada jornal tomará sua decisão individualmente. Ele traça um paralelo entre as ações em relação ao Google e à Apple:
"Em relação ao Google News [serviço de busca de notícias] e agora ao Newsstand, o objetivo é defender o conteúdo jornalístico. É defender a valorização das marcas, nosso maior patrimônio".
Procurado, o representante da Apple nas negociações, Nicolas Vivero, respondeu via assessoria que não concederia entrevista nem faria comentário.
Para os jornais, a questão central está nos dados, como nome, endereço, CPF. "Não pode ser assim", diz Caio Túlio Costa, diretor do comitê da ANJ. "Se o assinante tiver algum problema, é o jornal que ele vai procurar."
A publicação precisa das informações não só para atender obrigatoriamente ao cliente, mas porque, por exemplo, "tem de mandar nota fiscal eletrônica", desde o seu enquadramento na regra, em julho.
Carol Conway, diretora de assuntos regulatórios do Grupo Folha, acrescenta que, para os jornais, "a base de clientes vale muito, é um ativo", inclusive no que se refere aos anunciantes.
E que, com "acesso de forma privilegiada à base de assinantes", a Apple poderia usá-lo para "se posicionar nesse mercado, se um dia decidir ser publisher ou fazer parceria com algum publisher".
Lembra que uma outra exigência da Apple, aos jornais americanos, de "oferecerem seu melhor preço disponível no mercado, acaba de ser retirada dos contratos, a pedido da agência concorrencial americana".
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