Estado de Minas: 28/04/2013
O pouso do Atlantis,
em 21 de julho de 2011, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, marcou o
fim do programa de ônibus espaciais dos Estados Unidos. Por isso, o
mundo todo acompanhou a volta da nave, que havia transportado
astronautas até a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em
inglês) pela última vez. Mas um grupo de cientistas tinha especial
interesse no retorno. Eles queriam colocar logo as mãos em uma caixa
contendo células humanas que faziam parte de um experimento sobre os
efeitos da microgravidade sobre o sistema imunológico. O estudo, além de
revelar mais sobre os riscos corridos por quem se aventura fora da
Terra, traz dados úteis para o entendimento de como o corpo reage ao
estresse e para a compreensão de quadros de infecção generalizada.
Como o organismo humano se comporta no espaço é motivo de interesse para especialistas há alguns anos. Médicos já notaram que astronautas voltam ao planeta vulneráveis a infecções e demoram mais que o normal para ter feridas cicatrizadas. Entender como um período longe da Terra afeta o corpo se mostra ainda mais importante agora em que há planos de enviar, em algumas décadas, uma missão tripulada a Marte.
Para obter mais informações sobre o tema, pesquisadores ligados ao Exército dos Estados Unidos aproveitaram a missão final do Atlantis, que durou 13 dias, para realizar um experimento espacial com conjunto de células endoteliais, responsáveis por revestir os vasos saguíneos, mantendo-os íntegros. Com a ajuda dos quatro astronautas que integraram a missão, os cientistas observaram como esse material reagiu a um ataque de toxinas no ambiente da ISS.
Nos primeiros seis dias as células foram só observadas. Notou-se, então, que elas apresentaram mudanças parecidas com as observadas em quadros de disfunção do sistema imunológico. No sétimo dia elas foram expostas a lipopolissacarídeos (LPS), um tipo de endotoxina presente nas chamadas bactérias gram-negativas, envolvidas em quadro de sepse (infecção generalizada).
Ao entrar em contato com a toxina, as células não se mostraram capazes de reagir adequadamente. “Elas não responderam muito bem”, diz Marti Jett, diretora do Programa de Biologia dos Sistemas Integrativos do Comando Médico do Exército dos EUA. Segundo ela, as células endoteliais estavam tão ocupadas lidando com a situação da gravidade que mal podiam lutar contra o inimigo.
Quando tiveram a chance de analisar com atenção o conjunto de células enviadas à ISS, os especialistas logo se lembraram de um experimento que haviam realizado anteriormente com equipes de rangers, a tropa de elite do Exército americano. Nesse primeiro estudo, os cientistas colheram amostras de sangue de integrantes das forças especiais no começo, no meio e no fim do intenso treinamento a que são submetidos. Depois, expuseram o material a patógenos para verificar se condições de batalha afetam a resposta do sistema de defesa do organismo.
“Descobrimos que as amostras não estavam respondendo nada bem. Vimos que o sistema imunológico é afetado pelo estresse de ser um ranger. Quando adicionamos, em diferentes testes, cada patógeno – vírus, bactéria e toxina –, a defesa não reagiu”, conta Jett. “E nós observamos algo muito semelhante nas células enviadas ao espaço. Quando expostas ao LPS elas até reagiram, mas certamente não da mesma forma que células iguais reagem na Terra”, completa a cientista.
Ficou claro para a equipe que, no material enviado ao espaço, houve redução na ativação de respostas imunes. A gravidade reduzida também afetou o funcionamento de genes ligados à artrite reumatoide, crescimento de tumores e cicatrização de feridas. Os resultados sugerem que a microgravidade aumenta o risco de diferentes problemas de saúde, incluindo degeneração neurológica, como o mal de Alzheimer. O grupo de especialistas afirma ainda que a semelhança de resultados nos dois experimentos – com rangers e na ISS – leva a crer que pessoas que vivem em situações muito estressantes, como os trabalhadores do mercado financeiro, podem ter o sistema de defesa do organismo afetado de maneira semelhante.
O grupo acrescenta que decidiu trabalhar com a toxina LPS também para obter mais dados sobre a bactéria gram-negativa, que, se não tratada adequadamente, pode causar infecção generalizada. “Todo ano, casos de sepse severa afetam 750 mil americanos. Estima-se que entre 28% e 50% desses pacientes morrem, bem mais que o número de mortes nos Estados Unidos por Aids, câncer de próstata e de mama combinados”, compara Rasha Hammamieh, coautora do trabalho. Segundo ela, o estudo pode colaborar para o desenvolvimento de formas de diagnosticar quadros de infecção generalizada.
Como o organismo humano se comporta no espaço é motivo de interesse para especialistas há alguns anos. Médicos já notaram que astronautas voltam ao planeta vulneráveis a infecções e demoram mais que o normal para ter feridas cicatrizadas. Entender como um período longe da Terra afeta o corpo se mostra ainda mais importante agora em que há planos de enviar, em algumas décadas, uma missão tripulada a Marte.
Para obter mais informações sobre o tema, pesquisadores ligados ao Exército dos Estados Unidos aproveitaram a missão final do Atlantis, que durou 13 dias, para realizar um experimento espacial com conjunto de células endoteliais, responsáveis por revestir os vasos saguíneos, mantendo-os íntegros. Com a ajuda dos quatro astronautas que integraram a missão, os cientistas observaram como esse material reagiu a um ataque de toxinas no ambiente da ISS.
Nos primeiros seis dias as células foram só observadas. Notou-se, então, que elas apresentaram mudanças parecidas com as observadas em quadros de disfunção do sistema imunológico. No sétimo dia elas foram expostas a lipopolissacarídeos (LPS), um tipo de endotoxina presente nas chamadas bactérias gram-negativas, envolvidas em quadro de sepse (infecção generalizada).
Ao entrar em contato com a toxina, as células não se mostraram capazes de reagir adequadamente. “Elas não responderam muito bem”, diz Marti Jett, diretora do Programa de Biologia dos Sistemas Integrativos do Comando Médico do Exército dos EUA. Segundo ela, as células endoteliais estavam tão ocupadas lidando com a situação da gravidade que mal podiam lutar contra o inimigo.
Quando tiveram a chance de analisar com atenção o conjunto de células enviadas à ISS, os especialistas logo se lembraram de um experimento que haviam realizado anteriormente com equipes de rangers, a tropa de elite do Exército americano. Nesse primeiro estudo, os cientistas colheram amostras de sangue de integrantes das forças especiais no começo, no meio e no fim do intenso treinamento a que são submetidos. Depois, expuseram o material a patógenos para verificar se condições de batalha afetam a resposta do sistema de defesa do organismo.
“Descobrimos que as amostras não estavam respondendo nada bem. Vimos que o sistema imunológico é afetado pelo estresse de ser um ranger. Quando adicionamos, em diferentes testes, cada patógeno – vírus, bactéria e toxina –, a defesa não reagiu”, conta Jett. “E nós observamos algo muito semelhante nas células enviadas ao espaço. Quando expostas ao LPS elas até reagiram, mas certamente não da mesma forma que células iguais reagem na Terra”, completa a cientista.
Ficou claro para a equipe que, no material enviado ao espaço, houve redução na ativação de respostas imunes. A gravidade reduzida também afetou o funcionamento de genes ligados à artrite reumatoide, crescimento de tumores e cicatrização de feridas. Os resultados sugerem que a microgravidade aumenta o risco de diferentes problemas de saúde, incluindo degeneração neurológica, como o mal de Alzheimer. O grupo de especialistas afirma ainda que a semelhança de resultados nos dois experimentos – com rangers e na ISS – leva a crer que pessoas que vivem em situações muito estressantes, como os trabalhadores do mercado financeiro, podem ter o sistema de defesa do organismo afetado de maneira semelhante.
O grupo acrescenta que decidiu trabalhar com a toxina LPS também para obter mais dados sobre a bactéria gram-negativa, que, se não tratada adequadamente, pode causar infecção generalizada. “Todo ano, casos de sepse severa afetam 750 mil americanos. Estima-se que entre 28% e 50% desses pacientes morrem, bem mais que o número de mortes nos Estados Unidos por Aids, câncer de próstata e de mama combinados”, compara Rasha Hammamieh, coautora do trabalho. Segundo ela, o estudo pode colaborar para o desenvolvimento de formas de diagnosticar quadros de infecção generalizada.
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