TELEVISÃO
Diretor diz não se abalar com audiência
Dennis Carvalho, responsável pela nova novela das 19h da Globo, tem missão de aumentar ibope no horário
Escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, "Sangue Bom" estreia amanhã no canal
A abordagem com ares de alfinetada revela a dura missão do diretor: reverter a queda de audiência do horário, que perdeu 25% de público com "Guerra de Sexos".
Incumbência difícil, mas não a pior para quem já teve de escalar, ensaiar e dirigir uma protagonista de novela das 21h em apenas dois dias.
Em 2011, Dennis perdeu a mocinha de "Insensato Coração", Ana Paula Arósio, 12 horas antes de começar a gravar a novela. Recrutou Paola Oliveira às pressas.
Em entrevista à Folha, o diretor fala sobre Ana Paula, a quem chama de "desequilibrada", confessa adorar trabalhar com "panelinhas" e diz não se abalar com as pressões por audiência.
Folha - Como é voltar a fazer novela das 19h?
Dennis Carvalho - Eu gosto muito, mas é um horário com um público flutuante, gente chegando, dona de casa fazendo o jantar...
Como foi o convite para dirigir a novela?
Geralmente é assim: o autor escolhe o diretor... É o lance da panelinha [risos]. Eu raramente emendo um trabalho no outro. Mas mal saí de "Lado a Lado", novela das 18h, e já peguei o texto da Maria Adelaide [autora de "Sangue Bom"], que eu amo.
Você trabalha com panelinhas de atores?
É panela no bom sentido. Como ficarei oito meses, 12 horas por dia, com gente que não gosto, que é mau-caráter? Prefiro trabalhar com amigos. Claro que eu não me fecho, sempre vou atrás de gente nova, mas peço referências antes.
Mas na "família" de "Insensato Coração" (2011) você perdeu a mocinha...
Nunca tinha passado por isso. A Ana Paula [Arósio] fez leituras, ensaios. Um dia antes de gravar, o meu telefone tocou no jantar avisando que ela não iria mais fazer a novela. Ninguém tem plano B para mocinha, né? Preparei a Paola [Oliveira] em dois dias. Trancamos ela no quarto com o texto, foi uma loucura. O figurino foi todo refeito às pressas.
Você falou com a Ana Paula?
Ela não atendia. Não brigamos. É desequilibrada, pirou e foi embora. Podia ter feito as coisas de outra maneira.
Mas você está escolado em casos difíceis, foi diretor do "Sai de Baixo", famoso pelas brigas do elenco...
Aquilo era o jardim da infância. Quando eles começavam a brigar, eu largava a gravação e ia passear na rua. Deixava eles sozinhos e voltava uma hora depois [risos]. Era enlouquecedor, mas também era o charme do programa. Agora vamos gravar um especial para o canal Viva. Será uma festa.
Você escolhe as cenas que vai dirigir?
Geralmente tenho esse privilégio, escolho as melhores cenas [risos]. Mas eu sou um diretor de atores, não de paisagens. Vários diretores priorizam a fotografia, a imagem linda, e se esquecem do ator.
A minha empregada não quer saber da fotografia, quer saber quem ama quem na novela, quem matou quem.
Como é assumir um horário com problemas de audiência?
Sei que há problemas no horário, mas não fico pensando, nem me abalo.
Quero fazer um trabalho bem-feito.
Você tem vontade de dirigir no cinema?
Tenho, mas a turma do cinema não me quer por lá. Sou o cara da televisão. É a história da panelinha [risos].
Trama de "Sangue Bom" investe em comédia romântica jovem
Novela terá o bairro de Casa Verde, em São Paulo, como cenário
O nó amoroso desse grupo de jovens é a base de "Sangue Bom", novela das 19h da Globo que estreia amanhã.
Escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, a trama promete ser uma comédia romântica moderna, com pinta paulistana.
O bairro da Casa Verde, na zona norte de São Paulo, será uma das regiões retratadas no folhetim. "Eu vivo em São Paulo, não poderia falar sobre outra cidade", diz Maria Adelaide, que adora escrever para a faixa das 19h.
"Nem em sonho aceito fazer novela para as 21h. Não aguento aquela loucura."
Mas apesar de os protagonistas terem saído do time mais jovem da Globo, "Sangue Bom" nasceu de outra personagem, a exagerada e Bárbara Ellen (Giulia Gam).
"Eu e Vicent estávamos conversando sobre Elizabeth Taylor, mulheres com vida amorosa turbulenta, narcisistas, que fazem de sua vida um circo, e então criamos a Bárbara Ellen", conta Maria Adelaide.
Ela será mãe de Malu e Amora, que não se bicam. Enquanto Malu é a boa moça da vez, Amora será uma garota obcecada por modismos, capaz de tudo para estar na mídia.
Entre os bons encontros da história está a reedição do casal Malu Mader e Felipe Camargo, que viveram um par em "Anos Dourados" (1986).
Só que desta vez Malu será uma garçonete suburbana, bem diferente das personagens glamourosas que a consagraram na TV.
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