domingo, 28 de abril de 2013

Redução de estômago será testada contra hipertensão e complicações do diabetes

folha de são paulo

MARIANA VERSOLATO
DE SÃO PAULO

Três hospitais de São Paulo --o HCor (Hospital do Coração), o InCor (Instituto do Coração do HC da USP) e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz-- vão testar a cirurgia bariátrica para o tratamento de outras doenças que não a obesidade e o diabetes, suas indicações primárias.
As pesquisas se concentrarão em problemas circulatórios e cardíacos, e as três instituições estão recrutando voluntários (veja abaixo).
Ricardo Cohen, ex-presidente da Sociedade de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, diz que a intervenção atingiu sua fase de maturidade.
"A grande demanda agora são os outros resultados que a operação pode trazer."
No HCor, a redução de estômago será testada para controlar a hipertensão resistente, condição na qual o paciente não consegue baixar a pressão mesmo tomando dois ou mais remédios todo dia.
Carlos Schiavon, um dos coordenadores do projeto, diz que estudos apontam que pacientes submetidos à cirurgia têm melhora na pressão como "efeito colateral"
O estudo vai comparar a cirurgia com o tratamento clínico. Os pacientes devem ter obesidade grau 1 ou 2 --ou seja, IMC (Índice de Massa Corporal) entre 30 e 40. Esse índice é obtido dividindo o peso, em quilos, pela altura, em metros, ao quadrado.
"Há pacientes que tomam quatro, cinco remédios e não têm um bom controle. É uma doença de tratamento difícil", afirma Schiavon.
Para Bruno Geloneze, endocrinologista do Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes da Unicamp, a iniciativa tem um "grau de ousadia e coragem" por se concentrar no paciente que está sem tratamento.
"Esse é um estudo inédito que pode cobrir uma lacuna importante."
CORAÇÃO
Já o estudo do InCor pretende investigar como a cirugia bariátrica pode reduzir o risco cardiovascular.
"É difícil dizer que variáveis a cirurgia altera para reduzir o risco. Investigaremos esses mecanismos", diz Bruno Caramelli, diretor da unidade de medicina interdisciplinar em cardiologia do InCor e coordenador do estudo.
Os pacientes devem ter diabetes e IMC entre 28 e 35, ou seja, sobrepeso e obesidade grau 1. Hoje, a cirurgia só é autorizada no país para obesos grau 3 e grau 2 --neste último caso, quando há doenças associadas.
Geloneze avalia a escolha do perfil dos pacientes como "inadequada". "Já se sabe que, quanto menor o IMC, pior o resultado da cirurgia."
Mas Caramelli diz que o objetivo é investigar como o diabetes se desenrola desde o começo. "A ideia é tentar identificar, numa fase precoce, quem são os caras que amanhã terão IMC de 35 e 40."
DIABETES
No hospital Oswaldo Cruz, o estudo quer comprovar os benefícios do tratamento cirúrgico para problemas microvasculares decorrentes do diabetes tipo 2, como as doenças renais e da retina (que pode levar à cegueira).
A cirurgia será comparada ao melhor tratamento clínico disponível para o diabetes.
Segundo o cirurgião Ricardo Cohen, coordenador da pesquisa, se a cirurgia levar à redução da incidência dessas complicações, causará também uma diminuição na mortalidade cardiovascular a longo prazo.
"Acredito que, se comprovarmos a eficácia da cirurgia nesse caso, o paciente com a doença microvascular terá indicação cirúrgica imediata. Não há razão para esperar falhar o tratamento clínico."
Os pacientes devem ter obesidade grau 1 (IMC entre 30 e 35), perfil para o qual a cirurgia não é autorizada fora de protocolos de estudo.
Cohen justifica a escolha porque a média do IMC dos diabéticos no Brasil é 29. "Vamos focar na população que realmente precisa."
O endocrinologista Bruno Geloneze da Unicamp, porém, afirma que um estudo já mostrou que, depois de cinco anos, a melhora de problemas microvasculares em pacientes diabéticos com IMC acima de 40 foi variada.
"Essa melhora depende de tempo de doença, fatores genéticos e boa nutrição. Como há o risco de desnutrição nesses pacientes menos obesos, o balanço tende a ser desfavorável", diz.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Almino Ramos, diz que os estudos se concentraram no diabetes, doença associada à obesidade que tinha mais resultados com a cirurgia. "Agora, eles devem focar em outros fatores, como a apneia do sono."
Mas, para Geloneze, é preciso lembrar que a prioridade é operar quem mais precisa -- obesos grau 3, com IMC acima de 40.
"Discutir novas indicações é uma forma de excluir os casos mais urgentes. Há que se pensar sempre no interesse do paciente."
Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress


Doenças ligadas ao diabetes serão alvo de estudos
DE SÃO PAULONo hospital Oswaldo Cruz, um estudo quer comprovar os benefícios do tratamento cirúrgico para problemas microvasculares decorrentes do diabetes tipo 2, como as doenças renais e da retina (que pode levar à cegueira).
A cirurgia será comparada ao melhor tratamento clínico disponível para o diabetes.
Segundo o cirurgião Ricardo Cohen, coordenador da pesquisa, se a cirurgia levar à redução da incidência dessas complicações, causará também uma diminuição na mortalidade cardiovascular a longo prazo.
"Acredito que, se comprovarmos a eficácia da cirurgia nesse caso, o paciente com a doença microvascular terá indicação cirúrgica imediata. Não há razão para esperar falhar o tratamento clínico."
Os pacientes devem ter obesidade grau 1 (IMC entre 30 e 35), perfil para o qual a cirurgia não é autorizada fora de protocolos de estudo.
Cohen justifica a escolha porque a média do IMC dos diabéticos no Brasil é 29. "Vamos focar na população que realmente precisa."
O endocrinologista Bruno Geloneze da Unicamp, porém, afirma que um estudo já mostrou que, depois de cinco anos, a melhora de problemas microvasculares em pacientes diabéticos com IMC acima de 40 foi variada.
"Essa melhora depende de tempo de doença, fatores genéticos e boa nutrição. Como há o risco de desnutrição nesses pacientes menos obesos, o balanço tende a ser desfavorável", diz.

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário