Nova geração de ilustradores dá
continuidade à tradição que fez de Minas destaque no cenário da
literatura infantil do país. Jovens artistas querem escrever as próprias
histórias
Carlos Herculano Lopes
Estado de MInas: 20/04/2013
Há
muitos anos que Minas Gerais vem se destacando quando o assunto é
ilustração de livros infantis e infantojuvenis. Nomes como Cláudio
Martins, Ana Rachel, Aragão, Melado, Marcelo Lélis, Marilda Castanha e
Nelson Cruz, Tião Nunes e Angela Lago, entre tantos outros, há muito
ultrapassaram as fronteiras do estado pela excelência do trabalho que
desenvolvem. A essa turma de bambas, que já deixou sua marca em centenas
de livros espalhados, além do reconhecimento de prêmios importantes,
como vários Jabutis, ou participação em feiras internacionais de peso,
vem se juntar uma nova geração de ilustradores que começa a dar o que
falar. Editoras de outros estados têm vindo aqui buscar essa moçada, que
começa a ganhar reconhecimento nacional.
Dessa nova safra faz
parte Anna Cunha, moça tímida, de sorriso franco. Nascida em Belo
Horizonte há 28 anos, formada em biologia pela UFMG e em artes plásticas
pela Guignard, ela conta que a sua história com esse universo mágico
das ilustrações começou há bastante tempo, quando teve a ideia, mais por
hobby, de desenhar alguns cartões. No início, vendia para os amigos e
os colocava em livrarias. Ao mesmo tempo, passou a trabalhar para
algumas revistas e empresas de publicidade. Daí até começar a ilustrar
livros infantis foi uma sequência natural. “O primeiro que fiz foi
Vestido de menina, com texto de Tatiana Felinto, publicado no ano
passado pela Editora Peirópolis, de São Paulo”, diz.
Em seguida,
como seu nome começou a ficar conhecido no meio, vieram as ilustrações
de As aventuras de Pépin, de Fábio Tucci Farah, da Editora Lê, de Belo
Horizonte; A história da passarinha, de Anna da Rocha Azevedo e Geraldo
Rocha, pela Editora Scortecci, de SP; além de O avião de Alexandre, de
Alaíde Lisboa, que acaba de sair pela Peirópolis. Quanto à metodologia
de trabalho, Anna Cunha, que fez pós-graduação em ilustração na
Universidade Autônoma de Barcelona, revela que faz os esboços à mão e o
restante do trabalho – textura e cores – no computador. O último livro
que ilustrou, com previsão para ser lançado ainda este ano, pela Editora
Mcmillan, do México, foi O distraído sabido, de Ana Maria Machado.
Outra
jovem ilustradora que tem se destacado é Suryara Bernardi, goiana de 27
anos, que já adotou Minas Gerais. Diferentemente de Anna, ela faz 100%
das suas tarefas no computador. “Trabalhei muito tempo em estúdio de
animação e acabei me acostumando, pois as possibilidades oferecidas são
muitas”, conta a artista, que vive há dois anos em Belo Horizonte, onde
tem estúdio próprio.
Formada em design gráfico pela Universidade
Federal de Goiás, ela conta que começou a tomar gosto pela ilustração
quando ainda estava na faculdade, onde foi aluna da professora e também
escritora Ciça Fitipaldi. “Foi ela quem me incentivou a encarar essa
carreira, deu opiniões fantásticas e fomos juntas, em 2008, para a Feira
de Bolonha, na Itália, onde tomei um tapa de realidade, pois tive a
oportunidade de conhecer alguns dos melhores ilustradores do mundo.
Quando voltei, já era outra pessoa”, diz Suryara.
O primeiro
livro que ilustrou foi Menino passarinho, da escritora goiana Suely de
Regino, que saiu em 2008 pela Editora RHJ, de BH. Daí em diante, para
diversas editoras, vieram outros trabalhos, como O vendedor de cordel,
do mineiro Max Portes, lançado pela Baobá. Atualmente, está fazendo
ilustrações para um musical sobre lendas goianas, que deverá estrear
ainda este ano, com direção de Vagner Rosafa. “Mas o meu sonho mesmo,
além de continuar fazendo ilustrações, é também poder escrever as minhas
próprias histórias”, revela.
Boa recepção Outra
ilustradora que começa a ter seu trabalho destacado entre os
especialistas é a belo-horizontina Camila Piló, de 30 anos. Formada em
publicidade e propaganda pela Faculdade Pitágoras, ela conta que começou
a fazer ilustrações por puro diletantismo, sem nenhuma pretensão de se
profissionalizar na área. Até que foi apresentada a Tião Nunes, da
Editora Dubolsinho, de Sabará, com quem trabalha atualmente. “Ele viu
meus desenhos, gostou e me pediu para ilustrar As férias das fadas, do
escritor gaúcho Dênis Winston Brum. Como a recepção foi muito boa,
continuei”, conta.
O último texto que ilustrou, O pequeno livro
dos recordes, do mineiro Fabrício Marques, foi lançado pela Editora
AAATchim, também dirigida por Tião Nunes. De uns tempos para cá vivendo
em Sabará, Camila Piló, assim como Suryara Bernardi, também pretende
poder fazer os desenhos de suas próprias histórias. “Quando isso
acontecer, vou ficar muito feliz”, confessa.
A esse trio, ao qual não
faltam projetos, vem se juntar Bruno Nunes. Mais velho da turma, com 33
anos, e também nascido em Belo Horizonte, onde se formou em design
gráfico pela Universidade do Estado de Minas Gerais, ele conta que,
desde pequeno, é ligado às ilustrações. “Como adorava Fórmula 1 e
música, vivia fazendo desenhos de carros e capas de discos. Ficava horas
em casa, entretido com isso”, conta. Depois que saiu da faculdade, em
2004, começou a trabalhar em um escritório de design, onde ainda
continua a atuar.
As funções que exerce por lá não o impedem de
fazer o que também adora: ilustrar livros. A primeira oportunidade na
área surgiu há pouco mais de 10 anos, quando fez os desenhos para Vó e
sempre, do mineiro Flávio Berutti, que saiu pela Editora Lê. “A
aceitação foi muito boa”, conta Bruno, que na sequência, entre outros
trabalhos, ilustrou Bichos de-versos, de Pierre André, para a Matiz
Cultural; O pavão do abre e fecha, de Ana Maria Machado, para a Editora
Ática, de São Paulo, e Perdendo perninhas, de Índigo, para Editora
Scipionni, também de São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário