sábado, 20 de abril de 2013

Eduardo Almeida Reis - Preferências‏

Gosto de calor. Não consigo entender que uma criatura equilibrada, podendo escolher, prefira morar em lugar frio 


Eduardo Almeida Reis

Estado de Minas: 20/04/2013 

O que prefere o claro e preclaro leitor: um abraço, um beijo quente e calmoso ou aquele que se faz acompanhar de uma sensação de frio? Uma companheira que demonstra entusiasmo e energia ou a que tem ou parece ter uma temperatura mais baixa do que a do organismo humano? Um amigo que infunde ânimo, que desperta simpatia e sensação de afeto, ou o sujeito que é pouco acolhedor, que não é caloroso? Onze entre 10 cavalheiros normais preferimos a companheira quente e o amigo acolhedor. Gosto de calor. Não consigo entender que uma criatura equilibrada, podendo escolher, prefira morar em lugar frio – aí incluídas certas regiões deste país grande e bobo.

Incomodam-me até os filmes feitos no Alasca, na Groenlândia, no Canadá e no Norte da Ásia, como também aqueles filmados na Antártica, mesmo no verão. Foi por isso que recortei matéria jornalística sobre os calores do último verão brasileiro, municípios que anotaram oficialmente as maiores temperaturas na abençoada estação que, no Hemisfério Sul, se inicia quando o Sol atinge o solstício de dezembro (21) e termina quando ele atinge o equinócio de março (20). Vejamos, no ranking dos estados, o número de vezes em que um dos seus municípios foi o mais quente do Brasil: PI, 73; RN, 31; SP, 27; CE, 24; BA, 20; MG, 17; RJ, 16; PE, 13; MS, 12; e AL, 11. Isso mesmo que deu para entender: o glorioso Piauí teve 71 municípios com o recorde de temperatura.

No ranking das cidades, surpreendeu-me Araxá (MG) com 13 dias mais quentes. Será possível? Araxá, 973 metros acima do nível do mar? Bom Jesus (PI) bateu o recorde: 39 dias mais quentes do país. Depois dele, tivemos Guarujá (SP), 27; Caicó (RN), 24; Jaguaribe (CE), 18; Araxá (MG), 13; São João do Piauí (PI), 12; Petrolina (PE), 11; Porto Murtinho (MS), 11; Rio de Janeiro (RJ), 10; e Ibotirama (BA), 8. Será que alguém se lembrou de ver os termômetros em Corumbá(MS), e em Cuiabá (MT)? Conheço bem as duas cidades e não consigo imaginar que não tenham entrado no ranking das mais quentes. Inconformado, copio o item clima do site da cidade triangulina: Araxá é uma estância hidromineral, reconhecida pelas propriedades terapêuticas diversificadas de suas águas medicinais e pelo clima agradável o ano todo. A região urbana apresenta um clima com temperatura média anual de 21,4ºC e índice médio pluviométrico anual de 1.574,7mm.

Novas famílias

Manoel é filho adotivo de Marcelo e Eduardo, casados de alianças nos anulares esquerdos. O menino é bom exemplo dos filhos das Novas famílias, nome do programa do GNT que vi quando fugia de outro canal. Vivo em fuga dos outros canais que tento ver, e são poucos, sempre que começam a falar de crimes, surras em mulheres, estupros, gatunagem. A adoção do menino foi uma luta. Recusada em várias instâncias, acabou aprovada pelo Tribunal de Justiça. Um desembargador disse que não há lei que impeça adoção, se quem adota, solteiro, casado, viúvo, hétero ou homo, é maior de idade. Eduardo e Marcelo disseram que a choradeira no TJ foi geral e até os desembargadores ficaram emocionados. Vamos por partes, que Roma não se fez num dia. Adotivos ou biológicos, os filhos das famílias tradicionais são conhecidos de todos nós. Uns bons, outros ruins, quase todos péssimos, pelo seguinte: a espécie Homo sapiens nunca foi de confiança.

Claro que ambiente e educação influem na formação dos filhos. São raros, raríssimos, os ambientes bons e as educações caprichadas. O ambiente do casal Marcelo/Eduardo é atípico, refoge dos padrões convencionais. Se é bom ou ruim, só o tempo dirá. Ainda que seja ótimo, há que pensar no patrimônio genético de Manoel. Sim, porque todo animal, sem exclusão do racional, é o resultado de seu patrimônio genético e do ambiente em que foi criado. Logo depois, no mesmíssimo programa, apareceu um casal jovem daqueles antigos, homem e mulher, com uma penca de filhos de vários casamentos dele e dela, e um filhinho da dupla. Todos na maior alegria, casal e filharada, procurando explicar quem era filho de quem. Foi divertido. Escapei do outro canal, que ensinava a fazer a declaração dos rendimentos de 2012. Existe assunto mais chato do que Imposto de Renda?

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