sábado, 6 de abril de 2013

Faz tempo que os jornais procuram conquistar um público que não gosta de jornais


Faz tempo que os jornais procuram conquistar um público que não gosta de jornais. Quando o Estadão diz, ontem, que os leitores querem "mais conveniência e eficiência de leitura, um jornal mais compacto", está dizendo, com muita tristeza no coração mas evitando mostrá-la, que os leitores querem um jornal menos jornal. Quando a "Folha" faz, cada poucos anos, uma mudança gráfica que torna o jornal de mais fácil leitura, reduzindo o tamanho dos parágrafos e aumento o tamanho das fontes, chegando a permitir que na Ilustríssima o espaço branco predomine sobre o escrito, está procurando ganhar os leitores que não gostam de jornal. E ainda diz que a mudança é para melhor, é gloriosa etc.
Sempre senti que seria como eu, professor, me gabar de dar aulas mais curtas, com menos conteúdo, falando mais devagar, usando menos palavras.
A pergunta é parecida para jornais e professores: dá para manter sua share na imprensa, se vc não acredita que seu produto é bom, bom demais?
Dá para apostar na mídia impressa quando ela mesma se disfarça em não-impressa, reduz as palavras, acelera as coisas, querendo conquistar um leitorado que não é o dela?
Não percebem que dizer - implicitamente que seja - que o produto não é bom, que precisa ser disfarçado, é a pior estratégia para conquistar quem já nao aprecia - ou nem quer conhecer - o produto?
Isto é mto parecido com algo que acontece na educação.
Para conquistar alunos dispersos, quantos não buscam recursos que não são os da educação? Se se vai falar em personagens admiráveis, recorre-se ao ídolo do momento, até mesmo um Neimar. Fica tão claro que o professor não tem coragem de dar, como modelo, um escritor, um artista, um cientista. Fica tão claro que se tenta entrar na festa pelos cantos, envergonhado.
Muito em tese, penso que nem os jornais ganham se fingindo de não-jornais, nem ganha a educação quando o educador disfarça o que ela é

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