Tea Party dos trópicos
BRASÍLIA - Pelas contas do Datafolha, 28% dos brasileiros hoje são fiéis de alguma denominação evangélica. Há dez anos eram 19%.Assim como o papa não manda inteiramente nos católicos, tampouco há, entre os evangélicos, líderes capazes de determinar o comportamento de seus seguidores.
O que é inegável é a capacidade de mobilização de uma parcela mais rumorosa desse grupo religioso. O efeito demonstração é gigantesco.
Tome-se o caso do deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano. Ele tem sido questionado por ocupar a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Ontem, a polêmica completou um mês. Nesse período, ele foi citado 449 mil vezes no microblog Twitter. Superou em 100% o número de votos recebidos para se eleger em 2010.
Naquele ano, adeptos de várias religiões criaram um grande ruído na fase final da eleição presidencial. O debate sobre a liberalização do aborto contribuiu para empurrar a disputa ao segundo turno. O PT se sentiu compelido a abraçar as posições mais conservadoras.
O favoritismo de Dilma Rousseff na eleição de 2014 deverá atrair outra vez os principais políticos evangélicos, inclusive Marco Feliciano -que montou uma brigada na internet para defender a petista em 2010.
Só que esse movimento político-religioso conservador, uma espécie de Tea Party dos trópicos, anda insatisfeito com o PT. Feliciano já reclamou. Negou apoio automático ao projeto de reeleição presidencial petista.
Ontem, na Folha, Silas Malafaia deu outro sinal. O presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo escreveu: "[O] PT e Dilma Rousseff estão sinalizando que abrem mão da comunidade evangélica nas próximas eleições".
Pode ser apenas alarme falso.
Ainda assim, é uma luz amarela com mais de um quarto dos eleitores do país por trás.
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