sábado, 27 de abril de 2013

Livro traz textos em que Hegel apresenta entendimento do conceito de lógica

folha de são paulo

Crítica: 

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LUIZ FELIPE PONDÉ
COLUNISTA DA FOLHA

Você acredita na metafísica? Metafísica é a "ciência" que afirma a existência de um mundo imaterial que organiza o mundo material. A filosofia materialista nega a existência da metafísica. Exemplo de filósofos materialistas são Epicuro, Marx, Bentham, Foucault, Russel, Rorty, entre outros.
Filósofos como Platão, Aristóteles, São Tomas de Aquino e Descartes foram grandes metafísicos. Outros nomes importantes como Nietzsche e Heidegger criticaram a metafísica sem serem propriamente materialistas. Enfim, o assunto é um "vespeiro filosófico".
No século 19 alemão, uma "nova metafísica" tomou conta da filosofia, ainda que com outro nome, "Idealismo alemão". Seu maior expoente foi o filósofo G.W.F. Hegel (1770-1831).
Hegel, e seu maior "discípulo" Marx (para muitos um metafísico que "não saiu do armário), acreditava que tudo que existe é obra do Espírito absoluto "" o "Deus hegeliano". Da Natureza a História, passando pelo Espírito pensado como "Idéia" ou como "Sujeito" e suas "produções objetivas" tais como arte, direito, filosofia ou mesmo as pedras, tudo é resultado da fenomenologia deste Espírito absoluto que carrega em si o "destino" metafísico de tudo que existe. Este Espírito é como um gigantesco princípio imaterial que se desdobra ao longo do tempo.
Portanto, Hegel introduz a idéia de que "a vida" do Espírito absoluto se dá no tempo, ou melhor, é o próprio tempo, portanto, não há propriamente uma eternidade "pura" do mundo metafísico, como pensavam os metafísicos antigos ou medievais. Daí a centralidade da História no pensamento hegeliano. E História aqui não é só a história humana, mas também da natureza e do universo.
A metafísica do Espírito absoluto de Hegel marcou profundamente o pensamento moderno e contemporâneo porque deu a ele uma das vocações filosóficas mais típicas de nossos últimos 200 anos: a idéia de que a história tem uma racionalidade linear ainda que cheia de contradições (a dialética histórica de Hegel, tese, antítese e síntese). O real é racional e a história segue um "destino".
Nas palavras de um "mero mortal", este "destino" significa que a história é História, ou seja, que ela tem um sentido acumulativo de avanço e perfeição.
Trata-se de um assunto para iniciados e não mortais "cegos" que não enxergam a metafísica ou seu supremo objeto o Ser. Para estes iniciados, a editora Barcarolla acaba de lançar um volume de excertos que é um verdadeiro presente: "A Ciência da Lógica" de Hegel.
A primeira parte do volume se dedica a Lógica objetiva. Hegel parte da "Doutrina do Ser" e uma reflexão acerca de sua "qualidade", isto é, como este Ser se relaciona com o Nada e o Devir (a dialética entre Ser e o Nada no tempo). Num segundo momento, passamos a "Doutrina da Essência" e suas "partes" caracterizadas pela aparência, reflexão, identidade, diferença e contradição.
A segunda parte discute a "Lógica subjetiva ou doutrina do conceito", dividida no estudo da subjetividade, do conceito e da idéia.
Enfim, um livro para iniciados.
A CIÊNCIA DA LÓGICA
AUTOR G.W.F. Hegel
EDITORA Barcarolla
TRADUÇÃO Marco Aurélio Werle
QUANTO R$ 49 (288 págs.)
CLASSIFICAÇÃO ótimo

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