Cresce a descrença
Crescem a descrença e o pessimismo com a seleção e com a Copa do Mundo no Brasil
Na coluna anterior, citei a inteligência espacial e cinestésica de Ronaldinho. Tento explicar melhor.
A ciência já mostrou que o grande craque, em uma fração de segundos, é capaz de mapear tudo o que está à sua volta, perceber os movimentos dos jogadores e calcular a velocidade da bola, dos companheiros e dos adversários. Ele sabe, sem saber que sabe. Faz.
Quando jogava com Pelé, ele, antes de a bola chegar, parecia me dizer, com seu olhar expressivo, tudo o que ia fazer. A comunicação analógica é inexata, porém, mais ampla e mais rica que a digital. O corpo fala primeiro. E não mente.
Para ser um grande craque, não basta ter inteligência espacial e cinestésica. São necessárias uma excepcional técnica e ótimas condições físicas e emocionais.
Após as ótimas atuações de Thiago Silva e Daniel Alves e o bom desempenho de Lucas, no primeiro tempo, na partida entre Barcelona e Paris Saint-Germain, renovam-se as esperanças de que a seleção brasileira possa ter uma boa equipe. Se Ronaldinho jogasse, na seleção principal, contra bons adversários, metade do que joga no Atlético-MG, melhoraria muito o time nacional.
Dois anos atrás, achava que a maior deficiência da seleção era individual. Hoje, mesmo com poucos craques, penso que é coletiva. Não me refiro aos sistemas táticos (4-2-3-1, 4-4-2 e tantos outros). Isso não tem importância. Qualquer técnico medíocre conhece os sistemas táticos. O jogo coletivo e os detalhes estratégicos vão muito além disso.
Cresce a descrença com a seleção e com a Copa no Brasil, por causa do exagerado gasto de dinheiro público e da falta de importantes legados à população. Além disso, só os comprometidos querem e toleram José Maria Marin na presidência da CBF. Há inúmeros outros graves problemas. O último absurdo, mostrado pela repórter Gabriela Moreira, da ESPN Brasil, é que o novo Maracanã, que custou mais de R$ 1 bilhão, terá de ser reformulado, após o Mundial de 2014, para ser usado na Olimpíada.
Alguns falam que vão torcer contra o Brasil, pois, para eles, será a única maneira de se fazer uma limpeza no futebol brasileiro, dentro e fora de campo.
Quando a bola rolar na Copa do Mundo, haverá um grande número de possibilidades e de sentimentos contraditórios, racionais, emocionais, nacionalistas, ufanistas, de revoltas e de protestos. Não dá para prever o que vai acontecer.
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