Sérgio Rodrigo Reis
Estado de Minas: 05/05/2013
O jornalista Fred Melo Paiva, colunista esportivo do Estado de Minas, quase não tinha experiência em televisão quando recebeu o convite do History Channel para protagonizar uma série diferente. A cada nova edição do programa O infiltrado, deveria aceitar o desafio de viver situações totalmente fora de sua realidade, como se tornar um lutador de MMA ou vereador, abrir uma igreja evangélica ou formar uma dupla sertaneja.
A ideia é que não encarasse as situações como um ator, mas como um cidadão comum. Durante uma hora, a partir de terça-feira, às 23h, o History vai mostrar seu desempenho diante das câmeras. Nos primeiros nove episódios de O infiltrado Fred viverá um repórter nada convencional com um único objetivo: desvendar as variadas facetas da sociedade brasileira a partir de um ponto de vista ousado e, por vezes, conflituoso.
LIVRE PARA CRIAR Cada episódio é baseado em duas características: ação e conflito. Nos cinco primeiros meses de gravação, o programa abriu mão do politicamente correto para revelar e traduzir os diferentes mundos pela perspectiva de quem está inserido nele. A orientação de Fred era para que fosse até onde sua cabeça conseguisse, seu corpo aguentasse e sua noção de moral permitisse.
A missão mexeu com Fred. Vivendo e trabalhando em São Paulo, o mineiro, que se considera ateu e é casado, foi diretor de redação das revistas Trip e TPM, editor do jornal O Estado de S. Paulo, editor-executivo de Época negócios e repórter das revistas Playboy, Veja e Isto É. Atualmente integra o coletivo Jornalistas Mortos e é colunista do EM, escrevendo sobre seu time do coração, o Atlético. Em 17 anos de jornalismo, sempre buscou um olhar diferente sobre os fatos. Mal sabia que a expertise o ajudaria também diante das câmeras. O episódio de estreia demonstra sua versatilidade.
Em vez do repórter tradicional, quem ligar na atração, na próxima terça-feira, o verá na pele de um pastor. A intenção é mostrar o impressionante processo de crescimento das igrejas pentecostais e neopentecostais no Brasil, considerado o maior país católico do mundo. Se as estatísticas continuarem avançando como atualmente, em 2020 metade da população brasileira será evangélica.
Para vivenciar de perto a revolução em torno dos dogmas da fé popular, Fred revolveu abrir a própria igreja e ganhar o pão de cada dia recebendo o dízimo. Ele procura então o apóstolo Gilson Henriques, do Tabernáculo dos Profetas, e passa a contar com sua consultoria para abrir o templo Guardiões do Fiel. Depois, pede ajuda a Wellington, personal teólogo, que o ajuda a arrumar um terno adequado, uma Bíblia e um pequeno séquito para experimentar sua pregação em praça pública.
Feliz encontro
Até receber o convite para atuar em O infiltrado, Fred Melo Paiva tinha uma carreira no jornalismo impresso e apenas uma participação de seis meses à frente de uma mesa-redonda no extinto canal paulista Ideal TV. “Era um Manhattan connection de terceira categoria”, lembra. Quando o canal History começou a procurar um jornalista capaz de estar à frente da nova produção, uma amiga, executiva do canal, sugeriu seu nome, imaginando que poderia realizar uma versão televisiva daquilo que fazia no impresso. “Sempre inventei formatos diferentes de narrativa, observando os fatos a partir de um novo ponto de vista”, explica Fred. Foi o que interessou ao canal.
Quando surgiu a proposta da série, Fred Melo Paiva andava meio desiludido com a profissão. “Tinha uma carreira vitoriosa em São Paulo, mas ficava meio frustrado com os rumos do impresso. Então topei na hora. Eu me sinto confortável com o formato, mesmo ficando constrangido com as situações. A cada programa passo por umas 15 situações bem originais. Como jornalista, foi o maior barato”, resunme. A experiência parece ter dado certo. Depois dos nove episódios iniciais, ele se prepara para, daqui a um mês, iniciar as gravações de mais uma temporada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário