Filme de Maílson da Nóbrega e Louise Sottomaior tem confissões de quem esteve no poder
Apesar de declarar publicamente que não recorreria a um novo congelamento de preços, o terceiro em dois anos, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega admite que mudou de ideia.
"Em agosto de 1988, a inflação bateu 20% ao mês, chegamos à conclusão de que ela só iria acelerar e teríamos que recorrer a um novo plano", diz Maílson. "Em dezembro, ela chegou a 50% ao mês. Eu e João Batista não sabíamos mais o que fazer."
As confissões integram o conjunto de declarações de ex-presidentes da República, ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central no documentário "O Brasil deu Certo, e Agora?", de autoria de Maílson e da jornalista Louise Sottomaior.
O filme entrou em cartaz em Rio, São Paulo e Brasília neste final de semana. O documentário pincela a história econômica do Brasil desde 1500. Mas o interessante são as histórias e confissões de quem esteve no poder.
"Bancos privados não são todos eficientes", comenta Pérsio Arida, hoje no BTG Pactual, sobre o resgate aos bancos, feito em 1995.
Delfim Netto revela que o Brasil "não tinha saída" senão o aumento da dívida externa, que levou o Brasil à década perdida (anos 80).
"Qual era a saída? Fazer racionamento de petróleo. O Brasil viraria Bangladesh e nunca mais se recuperaria."
Notório crítico da gestão econômica do PT, Maílson não entrevistou Lula, Dilma, Guido Mantega nem Antonio Palocci. O único representante é Henrique Meirelles, que esteve no comando do BC durante o governo Lula.
Maílson informa que tentou ouvi-los, mas eles não quiseram participar.
"Não sou tucano, sou independente. O que acontece é que penso muito igual aos tucanos. Mas até mesmo entre eles há divergência."
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