folha de são paulo
cantado por Paulino Joaquim marubo tradução Pedro de Niemeyer Cesarino ilustração manuela eichner
Vento da Terra-Névoa
O vento envolve
A névoa-vento do céu
E no redemoinho
Por si só surge
O chamado Kana Voã
O chamado Koa Voã
E o chamado Koi? Voã
São mesmo eles
Do Céu-Névoa plantado
Caldo de tabaco-névoa
E caldo de lírio-névoa
Os caldos envolvem
Caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Saliva cospem
E Terra-Névoa formam
Para que ali
Fique de pé
Koi? Voã, mais
O chamado Kana Voã
Formada Terra-Névoa
Ali vão ficar
E juntos pensam
"Num canto do céu
Muitos ainda flutuam
Alguns dali mesmo
Já vêm chegando
Noutro canto do céu
Muitos ainda flutuam
E vêm chegando"
Assim dizem e
Koi? Voã mais
O chamado Kana Voã
Caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Agarram agarram
Os que ainda flutuam
E na Terra-Névoa
Em seu terreiro
Vão todos viver
Para lá seguem
Céu não havia
Mas eles então
Caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Caldo de lírio-névoa
O caldo sopram
Caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Assim mesmo sopram
E anta-névoa surge
Anta-névoa em pé
Com lança matam
E das carnes de anta-névoa
Céu-Névoa fazem
As carnes atam
E tudo esticam
Céu-Névoa plantado
Agora mesmo está
Assim tendo feito
Para tudo olham
Mas flácido o céu
Ainda mesmo está
E com açaí-névoa
O céu seguram
E com babaçu-sol
O céu seguram
Tatu-névoa sentado
Com lança matam
Com osso de tatu-névoa
O céu seguram
Ali ao lado
Do osso de tatu-névoa
Mulheres Tatu-Névoa
Eles deixam sentadas
Ali embaixo
Do osso de tatu-névoa
Óleo de tatu-névoa
Eles deixam
Vento de lírio-névoa
Ao vento juntam
E assim levantam
Vento de lírio-névoa
O vento juntam
Com óleo de tatu-névoa
E ali deixam
Mas céu flácido
Ainda mesmo está
Periquito flecham
E com seu osso
Céu seguram
Taboca-névoa
No céu atravessam
E toco de taboca-névoa
Céu escora
Caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Pois flácido céu
Ainda assim está
E céu assopram
Para céu firmar
Taboca-névoa
No céu atravessam
Osso de periquito branco
No céu atravessam
Com osso de periquito
Céu cobrem
Mas ainda quer cair
E com pedaços
De taboca-névoa
Céu escoram
Com toco de taboca-névoa
Céu seguram
E caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Caldo de tabaco-névoa
O caldo misturam
Ao caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Para céu assoprar
E céu enfim se firma
SOBRE O TEXTO
A série em que a "Ilustríssima" adianta os principais lançamentos editoriais do ano traz trecho da narrativa mítica "A Formação da Terra-Névoa", publicada em "Quando a Terra Deixou de Falar" (ed. 34, 320 págs. R$ 54), coletânea de cantos da mitologia marubo organizada e traduzida por Pedro de Niemeyer Cesarino. O livro será lançado em São Paulo nesta terça (7), a partir das 19h30 no bar Sabiá (rua Purpurina, 370).
Vento da Terra-Névoa
O vento envolve
A névoa-vento do céu
E no redemoinho
Por si só surge
O chamado Kana Voã
O chamado Koa Voã
E o chamado Koi? Voã
São mesmo eles
Do Céu-Névoa plantado
Caldo de tabaco-névoa
E caldo de lírio-névoa
Os caldos envolvem
Caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Saliva cospem
E Terra-Névoa formam
Para que ali
Fique de pé
Koi? Voã, mais
O chamado Kana Voã
Formada Terra-Névoa
Ali vão ficar
E juntos pensam
"Num canto do céu
Muitos ainda flutuam
Alguns dali mesmo
Já vêm chegando
Noutro canto do céu
Muitos ainda flutuam
E vêm chegando"
Assim dizem e
Koi? Voã mais
O chamado Kana Voã
Caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Agarram agarram
Os que ainda flutuam
E na Terra-Névoa
Em seu terreiro
Vão todos viver
Para lá seguem
Céu não havia
Mas eles então
Caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Caldo de lírio-névoa
O caldo sopram
Caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Assim mesmo sopram
E anta-névoa surge
Anta-névoa em pé
Com lança matam
E das carnes de anta-névoa
Céu-Névoa fazem
As carnes atam
E tudo esticam
Céu-Névoa plantado
Agora mesmo está
Assim tendo feito
Para tudo olham
Mas flácido o céu
Ainda mesmo está
E com açaí-névoa
O céu seguram
E com babaçu-sol
O céu seguram
Tatu-névoa sentado
Com lança matam
Com osso de tatu-névoa
O céu seguram
Ali ao lado
Do osso de tatu-névoa
Mulheres Tatu-Névoa
Eles deixam sentadas
Ali embaixo
Do osso de tatu-névoa
Óleo de tatu-névoa
Eles deixam
Vento de lírio-névoa
Ao vento juntam
E assim levantam
Vento de lírio-névoa
O vento juntam
Com óleo de tatu-névoa
E ali deixam
Mas céu flácido
Ainda mesmo está
Periquito flecham
E com seu osso
Céu seguram
Taboca-névoa
No céu atravessam
E toco de taboca-névoa
Céu escora
Caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Pois flácido céu
Ainda assim está
E céu assopram
Para céu firmar
Taboca-névoa
No céu atravessam
Osso de periquito branco
No céu atravessam
Com osso de periquito
Céu cobrem
Mas ainda quer cair
E com pedaços
De taboca-névoa
Céu escoram
Com toco de taboca-névoa
Céu seguram
E caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Caldo de tabaco-névoa
O caldo misturam
Ao caldo de lírio-névoa
Do caldo bebem
Para céu assoprar
E céu enfim se firma
SOBRE O TEXTO
A série em que a "Ilustríssima" adianta os principais lançamentos editoriais do ano traz trecho da narrativa mítica "A Formação da Terra-Névoa", publicada em "Quando a Terra Deixou de Falar" (ed. 34, 320 págs. R$ 54), coletânea de cantos da mitologia marubo organizada e traduzida por Pedro de Niemeyer Cesarino. O livro será lançado em São Paulo nesta terça (7), a partir das 19h30 no bar Sabiá (rua Purpurina, 370).
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