Oscar tem filmes que associam sucesso
comercial com realização artística. Política está em alta, aliada à
força das interpretações
João Paulo
Estado de Minas: 24/02/2013
Hoje, a partir das 21h30, centenas de milhões
de pessoas em todo o mundo estarão ligadas na cerimônia de entrega do
Oscar, em sua 85ª edição. A festa terá as piadinhas de sempre, as
homenagens habituais e o desfile de moda do lado de fora. Do lado de
dentro, tudo pode mudar na vida dos indicados à estatueta. Confirmar
tendências vindas de outras premiações ou surpreender o público faz
parte do jogo. Os votos foram entregues à Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas de Hollywood. A vetusta instituição, com seus mais de
5,7 mil integrantes, é composta principalmente de homens, brancos e com
mais de 60 anos. O chamado “perfil conservador”. Se a premiação do ano
passado foi considerada alternativa demais, este ano a força da grana já
fala alto desde as indicações, com filmes de sucesso de bilheteria.
Mas, justiça seja feita, as produções convencem também por seus méritos
artísticos.
Com a estreia no Brasil, anteontem, de Indomável
sonhadora, todos as nove produções indicadas ao Oscar de melhor filme
chegaram aos cinemas brasileiros – em Belo Horizonte, somente Argo saiu
do circuito comercial. E as bilheterias têm respondido bem à exposição
da premiação: das 10 produções mais vistas pelo público brasileiro neste
início de ano, quatro vão concorrer à estatueta de melhor filme nesta
noite. São elas As aventuras de Pi (quarto colocado), Django livre
(quinto), O lado bom da vida (oitavo) e Lincoln (nono). Os dados, que
correspondem ao período de 1º de janeiro a 17 de fevereiro, são do Filme
B, portal especializado no mercado de cinema no país.
Isso é
somente reflexo do que vem ocorrendo em todo o mundo. Se o Oscar
“independente” de 2012 premiou a produção francesa O artista, neste ano a
Academia escolheu filmes com boa vocação de público. A fantasia
dirigida por Ang Lee, que concorre a 11 estatuetas, é de longe a mais
bem-sucedida comercialmente: As aventuras de Pi já bateu a casa dos US$
550 milhões no mundo. Destes, US$ 108 milhões foram deixados nas
bilheterias norte-americanas. A título de comparação, O artista, que
levou cinco estatuetas no ano passado, fez US$ 44 milhões nos EUA.
Na
lista do Oscar de 2013, o segundo colocado nas bilheterias é o musical
Os miseráveis, de Tom Hooper, com renda mundial de US$ 341 milhões. Vem
seguido de perto de Django livre, de Tarantino, que fez US$ 310 milhões
no mundo. Até agora, já que depois da noite de hoje algumas produções
podem ganhar novo fôlego.
Se no caso do famoso “prêmio da
indústria” a bilheteria sempre conta, este ano há outro elemento que vem
sendo destacado pelos analistas: a política. Dos nove filmes que
disputam o prêmio principal, cinco encaram corajosamente os grandes
dilemas dos Estados Unidos, da ferida ainda aberta do passado escravista
– em Lincoln, de Steven Spielberg, e Django livre, de Quentin Tarantino
– ao presente marcado pela paranoia do terrorismo – com Argo, de Ben
Affleck, e A hora mais escura, de Kathryn Bigelow – chegando à miséria
contemporânea e suas consequências humanas – com o mais indie dos
candidatos, Indomável sonhadora, de Benh Zeitlin.
São filmes
desiguais, mas que se equilibram no tratamento dos pecados do passado e
dos desvios do presente sempre com o cuidado de evitar o patriotismo
exacerbado. O que nem sempre alcançam. Há um heroísmo indisfarçado em
Lincoln, do que seria difícil fugir quando se trata de um ícone do país.
Mas o retrato é matizado pelo acento do roteiro na dimensão humana da
política e na força da palavra como condução dos destinos nem sempre
imaculados dos negócios públicos.
O filme que tem polarizado com
Lincoln as disputas é Argo, até então à frente na corrida dos prêmios.
Ben Affleck, que curiosamente não concorre à estatueta de melhor
diretor, mergulha em outra dimensão da política, desta vez as relações
internacionais. Embora a história seja real e se passe nos anos 1970, ao
narrar o resgate de funcionários americanos em Teerã, em plena
revolução dos aitolás, Argo é um exercício sobre a incapacidade de
diálogo dos EUA com a alteridade, um limite sempre tenso na história do
país. Tudo que é política, no entanto, parece se dissolver em ideologia:
Argo é um bom thriller de suspense, mas não alcança a dimensão
universal pela inépcia de ver no outro um igual.
Nesse sentido, A
hora mais escura, sobre a caçada a Bin Laden por uma força especial, é
uma narrativa mais complexa, que coloca em cena, com a mesma eficiência
em matéria de linguagem cinematográfica, questões que são dolorosas para
um país que se erigiu a partir da ideia de liberdade e direitos
humanos. Com atuação sublime de Jessica Chastain, o espectador acompanha
a autoanálise de uma nação humilhada, que parece atravessar o rosto da
atriz à medida que o tempo passa, até não se reconhecer mais numa
história que começa como vingança e termina como melancolia. A
maturidade parece cobrar – da personagem e da atriz – o custo humano de
conviver com ações monstruosas, como a tortura, de forma quase
naturalizada.
Miséria e magia
Indomável
sonhadora traz a discussão política para a vida de pessoas miseráveis,
habitando um universo inviável na Louisiana, em que as relações humanas
se tornam cada vez mais próximas da natureza. Há um misto de revolta com
invenção de modos de vida, que deem conta de suplantar os fracassos da
civilização de consumo e inaugurar modelos íntegros de comportamento e
convivência. O olhar infantil da personagem Hushpuppy (a atriz
Quvenzhané Wallis concorre ao Oscar de melhor atriz) e a emergência do
fantástico em meio às dificuldades reais criam uma sensação que não
chega a ser esperançosa, mas que indica algo de novo.
Os outros
filmes desta boa safra trazem à cena modelos convencionais em termos
estéticos, como a fantasia de As aventuras de Pi, com seu estupendo
aparato tecnológico e linguístico; o drama redentor de As boas coisas da
vida, que recria com amargura a comédia romântica tradicional; e o
musical Os miseráveis, que acha saídas interessantes no registro do
humor e faz com que o trabalho dos atores não entre em conflito com a
música – poucos filmes cantados do começo ao fim dão a sensação tão
agradável de uma narrativa fluida.
Completando a lista, Amor, de
Michael Haneke, é a saída do umbigo da América em direção a outras
dimensões da humanidade. No caso, o destino outonal da uma Europa em
busca de seu novo lugar no mundo, com laços fortes demais com o passado
que soçobra, mesmo com seus méritos guardados na memória, mas
aparentemente sem horizontes à frente. Um casal de velhos pode ser a
metáfora do mundo que não aceita a passagem do tempo. Mas a força da
interpretação dos atores não permite ir além da vida, do amor e da morte
de pessoas de verdade. Poucas vezes o cinema foi tão humano, mesmo na
fímbria da dissolução da existência. Talvez esta seja a melhor resposta
para quem sempre busca política em tudo.
* Colaborou Mariana Peixoto.
Na disputa
Lincoln
12 indicações
As aventuras de Pi
11 indicações
O lado bom da vida
8 indicações
Os miseráveis
8 indicações
Argo
7 indicações
Amor
5 indicações
A hora mais escura
5 indicações
Indomável sonhadora
4 indicações
Django livre
A força da interpretação
Na contramão de inovações tecnológicas
cada vez maiores e mais presentes no cinema, Oscar tem filmes que
apostam na atuação dos personagens principais e coadjuvantes
Gracie Santos
Parece
até uma resposta da arte da interpretação ao abuso do uso de
tecnologia. Poucas vezes, nesta história de 85 anos da premiação da
Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, houve tantos
atores em interpretações tão surpreendentes. Em certos casos, é difícil
distinguir coadjuvantes de protagonistas, afinal a importância do papel
não se mede pelo tempo em cena, mas pela importância do personagem e
sua atuação. Em Os miseráveis, por exemplo, além de irretocável, a
Fantine de Anne Hathaway é personagem fundamental para a trama, enquanto
Helena Boham Carter (deixada de lado) faz brilhantemente o papel
coadjuvante de madame Thénardier. O filme bem poderia ter dois
candidatos ator principal: Hugh Jackman e Russel Crowe (outro esquecido)
disputam a cena com igual envergadura.
O mesmo vale para Django
livre. Jamie Foxx está bem como personagem-título, mas o dentista dr.
King Schultz de Christoph Waltz tem interpretação primorosa. Seu
personagem não é mero coadjuvante. Idêntica analogia pode ser feita em O
mestre. O personagem-título, brilhantemente construído por Philip
Seymour Hoffman, concorre a coadjuvante, enquanto Joaquin Phoenix é
candidato (de peso) a ator principal. Fórmula complicada essa de rotular
atuações, afinal são muitos os critérios em jogo. Satisfeitos ou não
com os escolhidos, é inegável considerar que este é um Oscar de atuações
brilhantes e de interpretações destacadas. Até mesmo num filme “menor”
(O lado bom da vida não é exatamente obra-prima), personagens principais
e coadjuvantes têm grandes momentos em cena. Nesse caso – como em
outros –, trabalho visivelmente esculpido pela direção firme de David O.
Russell.
A galope
As bolsas de apostas
de ator principal atribuem larga vantagem a Daniel Day-Lewis (Lincoln),
trabalho difícil, às vezes encoberto por excesso de maquiagem e de
rugas, mas ele se apoiou no que o bom profissional sabe: intensificou o
brilho nos olhos e dosou fala e movimentação em cena. Se a vitória de
Lewis é tida como barbada, bem próximo dele, com um nariz de diferença,
surge a galope o atormentado ex-soldado de Joaquin Phoenix, na melhor
atuação de sua carreira, em O mestre. Nem mesmo os que execram musicais
podem deixar de ressaltar o talento com que Hugh Jackman encena o Jean
Valjean de Os miseráveis. Diálogos densos cantados com perfeição em
trabalho visivelmente desgastante ao qual o ator se entregou
vigorosamente. A Bradley Cooper, que está muito bem em O lado bom da
vida, cabe celebrar a indicação, em si um prêmio. Com chances de roubar a
estatueta dos favoritos, surge aquele que pode ser o grande azarão da
noite: Denzel Washington se saiu bem como piloto herói que tem sérios
problemas para resolver em O voo. Quem sabe ele não voa mais alto do que
se espera?
Entre as garotas de 9 a 86 anos (idades recordes do
Oscar), a vitória de Jessica Chastain (A hora mais escura) figura como
certa. Sua agente da CIA equilibra bem os momentos em que deve conter
quase totalmente suas emoções com aqueles em que tem que ser
absolutamente fria, trabalho muitas vezes desvalorizado esse da
personagem contida, regular, sem grandes arroubos. Mas a torcida é
grande para que a senhora Emmanuelle Riva ganhe o homenzinho dourado,
belo presente de aniversário. A octogenária francesa que conquistou o
mundo com sua interpretação de Anne em Amor, a mais velha candidata ao
prêmio de Hollywood, completa 86 anos hoje. Em baixa nas bolsas surgem
Naomi Watts, que fez belo trabalho em O impossível, e Jennifer Lawrence,
que começa bem e depois se torna mediana em O lado bom da vida. Grande
(e merecida) surpresa da noite seria a vitória da pequena Quvenzhané
Wallis, Naysie para quem não quiser enrolar a língua, por sua incrível
atuação em Indomável sonhadora. A atriz de 9 anos da trama foi
descoberta pelo diretor Benh Zeitlin, em Louisiana, em testes realizados
com mais de 4 mil crianças. Quem venceu 4 mil bem poderia vencer quatro
hoje.
Já em se tratando dos diretores a batalha só será ganha no
último minuto. Se David O. Russell mostra serviço no seu filme
simplezinho (muitos criticam a adaptação de O lado bom da vida para o
cinema), Ang Lee deixa sua (bela) assinatura em As aventuras de Pi. Não
deve ser fácil dirigir um ator praticamente solo em cena durante todo o
tempo, ainda mais contracenando com um tigre virtual. Já Spielberg deixa
de lado o cinema espetáculo e coloca todo mundo para falar (sem freio)
em Lincoln. Tarefa árdua a de equilibrar falas e egos naquele set. Mas o
grande mérito é, sem dúvida, o do sempre cruel Michael Haneke (Amor),
que entremeia belos closes a detalhes de um apartamento onde dois
octogenários vivem os derradeiros momentos de seu amor. O azarão da
noite é sem dúvida o jovem americano Behn Zeitlin, de 30 anos, que
estreia em longa direto no Oscar com Indomável sonhadora. Além da mão
“firme”, ele mostrou que tem olho clínico quando escolheu sua atriz
mirim, Quvenzhané Wallis.
Salve a América
Enquanto
as bolsas apostam cegamente em Argo como o melhor filme do ano, Lincoln
não deixa de ter chances concretas de arrebatar a estatueta. Um filme
que concorre em 12 categorias não pode ter seus méritos desconsiderados.
E, afinal, Affleck não está com essa bola toda em Hollywood (não foi
indicado a diretor nem ator pelo filme). Mas tanto Argo quanto Lincoln
são filmes, digamos, de alma americana. Obras sobre grandes feitos da
América salvadora, que conservam o país no posto de “a pátria do mundo”.
O mesmo vale para A hora mais escura, de Kathryn Bigelow, que relata
momento único de vingança dos americanos depois de seu 11 de setembro
negro. O problema do filme é que a CIA parece não ter gostado da riqueza
de detalhes com que a moça expôs a caça a Osama bin Laden. Afinal, o
que é ficção e o que realidade no incrível relato de Bigelow?
Voltando
à vingança, o mais “sanguinário” dos diretores, Quentin Tarantino, diz
que fez seu filme sobre vingança, pois, na opinião dele, todo mundo ama
se vingar. No caso de Django livre, os negros se vingam, com a ajuda de
Jamie Foxx, de toda uma vida de discriminação social no EUA (batalha
ainda não vencida, apesar do presidente negro Obama). Mas a vitória de
Django livre estaria certamente na lista dos azarões da noite, que tem
ainda O lado bom da vida, Os miseráveis (musicais não costumam vencer
Oscars nos tempos atuais) e Indomável sonhadora (no caso do
representante do cinema independente, só a indicação já é considerada
prêmio). Tudo bem que número de indicações não é necessariamente
parâmetro para saber quem ganha a estatueta de melhor filme, mas As
aventuras de Pi, indicado em 11 categorias, tem assinatura que nunca
deve ser posta de lado, a de Ang Lee, artífice da cena e do pensamento
zen. O cara merece respeito e não deve ser esquecido. Num ano de obras
de estéticas e temas múltiplos, a grande surpresa é sem dúvida o
austríaco Michael Haneke. Amor, que entra no páreo com chance dupla,
pode (e deveria) ser escolhido o melhor filme do ano ou, no mínimo, o
melhor filme em língua estrangeira.
Curiosidades
.
Depois de faturar os prêmios dos quatro principais sindicatos – Screen
Actors Guild (atores), Directors Guild of America (diretores), Producers
Guild of America (produtores) e Writers Guild of America (roteiristas) –
dos Estados Unidos, Argo se tornou o favorito da disputa de hoje. Se
ganhar, será a primeira vez desde 1989 (com Conduzindo Miss Dayse) que o
melhor filme não teve seu diretor indicado ao Oscar. No Globo de Ouro,
Aflleck ganhou melhor diretor e seu filme foi o vencedor na categoria
drama.
. Outros diretores que ficaram fora do páreo: Tom Hooper,
de Os miseráveis, e Quentin Tarantino, de Django livre. Os filmes deles
receberam oito e cinco indicações, respectivamente, entre elas a de
melhor filme.
. Se ganhar o Oscar de ator hoje, Daniel Day-Lewis,
vai colocar a terceira estatueta na estante de sua casa, feito nunca
ocorrido até então. Ele ganhou por Meu pé esquerdo (1989) e Sangue negro
(2007). A performance dele seria de três prêmios em cinco indicações.
.
Depois de 10 anos sem concorrer ao Oscar, um musical conseguiu emplacar
no ranking dos candidatos a melhor filme, Os miseráveis, vencedor do
Globo de Ouro na categoria comédia ou musical. Depois de período de
glória na história da Academia de Hollywood, na década de 1960 (o último
dos vários premiados foi Oliver, em 1968), um musical só levou a
estatueta de melhor filme 34 anos depois, com Chicago, que faturou seis
troféus. Detalhe: a trilha de Os miseráveis não concorre à premiação.
.
Na lista dos abandonados deste ano estão dois atores excelentes: o
espanhol Javier Bardem (que concorreu ao Globo de Ouro, ao prêmio do
Sindicato dos Atores (SAG) e ao britânico Bafta), por sua interpretação
como vilão na saga James Bond. Na mesma fila está o eterno ignorado
Leonardo di Caprio, que teve atuação impecável como o violento
fazendeiro
de Django livre. Indicado três vezes, ele nunca venceu. (GS)
NA TELINHA
TV aberta
.
A Rede Globo exibe a premiação depois do BBB, a partir das 23h30. A
apresentação será de Maria Beltrão e os comentários de José Wilker. O
correspondente Hélter Duarte vai cobrir o tapete vermelho, com flashes
ao vivo no Fantástico.
TV paga
. A TNT
começa a transmissão às 20h30, com pré-show que será comentado por
Sabrina Parlatore e Fred Lessa. Já a cerimônia, comentada por Rubens
Ewald Filho, tem início às 21h30.
. O canal E! transmite, a
partir das 19h30, a chegada dos indicados ao tapete vermelho. Depois, a
partir da 1h30, exibe o After party, no qual destaca as principais
festas depois da premiação.
ENTREVISTA/RUBENS EWALD FILHO »
"Este ano, está um pouco previsível demais"
Mariana Peixoto
Quando afirma que já
assistiu a 33 mil filmes, o crítico Rubens Ewald Filho está falando
sério. Ele anota em cadernos, desde os 10 anos, todas as produções a que
assiste. Contabiliza 20 e poucos volumes desses escritos. “Engraçado
que desde criança eu trabalhava no que viria a ser minha carreira, pois,
aos 14, criei um prêmio, como o Oscar, para os filmes que tinha visto”,
conta. Veterano da premiação máxima do cinema, nesta noite, no TNT,
apresenta pela 25ª vez (oitava pelo canal pago) a cerimônia da Academia
de Hollywood. “Este ano, está um pouco previsível demais. Já sabemos que
Anne Hathaway deve ganhar o Oscar de atriz coadjuvante, Daniel
Day-Lewis o de ator. O filme do Ben Affleck (Argo) também deve ganhar. O
de diretor é que está em aberto, não dá para saber.” O que também não
dá para saber, mesmo com toda a experiência, é o que ocorre durante a
transmissão, mesmo com todos os preparativos.
Como é feita a transmissão hoje em dia?
Fazer
diretamente dos Estados Unidos foi muita diferença porque você está num
estúdio ouvindo e também vendo tudo de lá. Um problema é que o roteiro
não vem completo, mas em comparação com o que vem para o Brasil quando
se transmite daqui, tem umas páginas a mais. Você tem que assinar um
termo de confidencialidade, para ninguém furar. No ano passado, por
exemplo, eu tinha a lista de apresentadores, mas não quem ia entregar o
quê. Então tinha que ficar de olho pois uma loira pode parecer ruiva
aqui. Então tudo acaba sendo um ‘‘adivinhômetro’’. Normalmente, eu e a
Regina (McCarthy, que faz a tradução simultânea) sentamos dois dias
antes e preparamos tudo. Passo com ela os títulos do filme em português,
dou dicas de quem é casado com quem, se ganhar quem vai citar no
agradecimento... Numa sala ao lado fica uma produtora conduzindo a
transmissão, que acompanho com um microfone no ouvido. Basicamente,
somos nós três.
Você já deve ter passado por poucas e boas em tantos anos de Oscar, não?
Na
verdade, o formato de transmissão ao vivo foi criado pelo SBT. Foi uma
resposta à Globo, que até então fazia uma exibição absolutamente fria. O
SBT colocou apresentador, me pôs de smoking, fez chamadas... O problema
era que o apresentador era sempre alguém contratado do SBT. Quando era a
Marília Gabriela, ótimo, pois ela sabia tudo de cinema. Só que às vezes
o apresentador não sabia nada. Mas ele era o astro do canal. O Eliakim
Araújo, depois foi até morar nos Estados Unidos, mas antes não falava
inglês direito, não via um filme. Era uma luta fazer uma transmissão
assim. Tem até um fora que a história não registrou... Ele disse: “O
Oscar são 24 centímetros só de prazer!”. Depois olhou pra mim e disse:
‘O que eu falei?’
OS INDICADOS
» Melhor filme
l Amor
l Argo
l As aventuras de Pi
l Django Livre
l A hora mais escura
l Indomável sonhadora
l O lado bom da vida
l Lincoln
l Os miseráveis
» Diretor
l Ang Lee (As aventuras de Pi)
l Benh Zeitlin (Indomável sonhadora)
l David O. Russell
(O lado bom da vida)
l Michael Haneke (Amor)
l Steven Spielberg (Lincoln)
» Ator
l Bradley Cooper
(O lado bom da vida)
l Daniel Day-Lewis (Lincoln)
l Denzel Washington (O voo)
l Hugh Jackman (Os miseráveis)
l Joaquin Phoenix (O mestre)
» Atriz
l Emmanuelle Riva (Amor)
l Jennifer Lawrence
(O lado bom da vida)
l Jessica Chastain
(A hora mais escura)
l Naomi Watts (O impossível)
l Quvenzhané Wallis
(Indomável sonhadora)
» Ator coadjuvante
l Alan Arkin (Argo)
l Christoph Waltz (Django livre)
l Philip Seymour-Hoffman
(O mestre)
l Robert De Niro
(O lado bom da vida)
l Tommy Lee Jones (Lincoln)
» Atriz coadjuvante
l Amy Adams (O mestre)
l Anne Hathaway (Os miseráveis)
l Helen Hunt (A sessão)
l Jacki Weaver (O lado bom da vida)
l Sally Field (Lincoln)
» Filme estrangeiro
l O amante da rainha (Dinamarca)
l Amor (Áustria)
l Kon tiki (Noruega)
l No (Chile)
l War witch (Canadá)
» Roteiro adaptado
l Adorável sonhadora
l Argo
l As aventuras de Pi
l O lado bom da vida
l Lincoln
» Roteiro original
l Amor
l Django livre
l A hora mais escura
l Moonrise Kingdom
l O voo
» Longa de animação
l Detona Ralph
l Frankenweenie
l ParaNorman
l Piratas pirados
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